sábado, 18 de setembro de 2010

Sala de aula ectópica

Estou em casa à sua espera. São 20:00 e o interfone toca. Bom, pessoal, vou descer. “Cuidado...”. “É no mínimo esquisito sair à noite com o professor.” “Tudo bem, temos que confiar!”. Deixo as vozes desconfiadas longe ao fechar a porta. Você, elegante, espera-me no Hall de entrada e me conduz ao seu carro. Abre a porta para mim, abaixa o vidro uma polegada e encosta a porta com gentileza. Não posso mostrar como fiquei derretida. Tento agir como se tivesse sido natural!

Começamos aquele jogo de palavras, não posso mostrar fascínio nem admiração. O prenúncio da escadaria... Que cara fofo! Que delicadeza... Mas, as palavras ecoam no cerebelo “Cuidado!”...

Paramos na casa de chá. Pertinho, ufa! “Cortou os cabelos! Que pena...” Será que ouvi direito? Então reparava e gostava dos meus cabelos compridos? “Cuidado...” Pode deixar, não ouvi direito. Sentamos no chão, um ao lado do outro e com o corpo frente a frente. Distância suficiente.
Chá de jasmim e flor de lótus. Risos tímidos (e não é que o cara é tímido? É proibido encontrar qualquer item a mais do anúncio de jornal! Ah sim, é por causa do aparelho nos dentes. Agora ta tudo bem.). E falamos muito. Faço cara de quem está entendendo tudo. Não posso deixar meu disfarce cair: comportamento profissional e assexuado. Mostrar competência para mim é fácil.

Que vontade de chegar mais pertinho... Esse rosto... Sinto até sua barba macia no meu rosto, escuto a voz sussurrada no meu ouvido e um calor aconchegante. “Cuidado..”. Como? Ah! É isso aí, melhor não sair deste lugar.

Acaba o chá. Está tarde, hora da Cinderela. Pena. Pena que moro tão pertinho.
Estaciona o carro.

Preciso sentir o seu cheiro. “Cuidado!” O ritmo cardíaco acelerado chega aos meus ouvidos “cuidado!”... “Cuidado!”... “cuid..” “cuid”...TUM... TUM. E a pulsação invade todo o meu corpo. Aproximo meu rosto do seu, que cheiro bom! Muito perto... Roço minha face na sua barba e minha boca encontra a sua. Já não tenho mais controle sobre meu corpo. Toco de leve sua língua úmida e não consigo mais removê-la. Imediatamente o calor úmido desce, como uma descarga elétrica e preciso de mais contato físico. Subo no seu colo e sinto seu volume onde necessito. Os movimentos assumem o ritmo acelerado da pulsação sob ação da adrenalina. Minhas mãos procuram atingir toda a extensão do seu corpo: afago seus cabelos, seus ombros, procuro a borda da camisa e encontro sua pele. Subo aos mamilos e inicio movimentos delicados, circulares, com a pontinha dos dedos. Escuto um gemido que me deixa alucinada. Minha mão direita procura então uma região mais interessante, quente e volumosa, e vc facilita ao liberá-lo. Libero meus instintos e inicio carícias que provocam sussurros contidos. Sinto então sua mão procurando uma brecha na minha roupa para atingir meu corpo em brasa. Aí mesmo. Carinho no lugarzinho certo. Assim... Mais... Mais um pouquinho... Louca por mais, direciono-te a me tocar mais fundo e a sintonia e a sinfonia se completam!
Escuto aquele zumbido no ouvido, vejo tudo escuro e solto todo o peso do meu corpo nos seus braços...

Cai o mundo sobre meus ombros e preciso voltar para casa. Já no elevador, fico torcendo para que todos estejam dormindo. Abro a porta da sala com “cuidado” e conto com meus fiéis bastonetes para delimitar o caminho ao meu quarto. Deitada, repouso-me leve, muito leve sobre a cama.

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