segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Pena-preconceito

Por vezes o preconceito é sutil. Passa velado, reprimido, assustado.

Para Rousseau, o homem é dotado de um "amor de si", como um instinto de sobrevivência que não o deixa sucumbir frente à qualquer ameaça à vida. Ao se relacionar com o outro, um outro instinto surge: a pitié, ou a piedade. Este, ao ver o outro sofrer, faz o homem se identificar com o que sofre, entende o sofrimento, e quer ajudar - como um instinto de preservação da própria espécie que não deixa o semelhante sucumbir frente à qualquer ameaça à vida.
Entretanto... a pitié apresenta seu avesso: ao mesmo tempo que se identifica ao outro, sente-se um alívio ENORME por não ser o outro. Preserva a individualidade.

Pois bem, no preconceito, há um alívio ENORME por não ser o outro. Mais que isso, evita-se a qualquer preço, quase que sente a própria vida ameaçada.
Entretanto... o preconceito apresenta seu avesso: ao mesmo tempo que fica aliviado pela distância com o outro, se este outro é seu semelhante (alguém da família, algum amigo próximo, etc) sente-se uma pena ENORME na identificação com ele.

Talvez o avesso do preconceito seja a pena.

Experimente. Não tem preconceito? Então imagine se fosse com seu filho...

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