sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Dança do tempo e espaço

Sim, perdido em algum tempo, estava Aquele Espaço!

Fui com minha mãe, um lugar colorido cheio de gente pra lá e pra cá, rampas e corrimões que desenhavam curvas entre os dois andares, e a área central cheeeeia de frutas. E eu adorava aquele cheiro de nectarina…
Eu gostava mesmo dos corredores inferiores: linguiças penduradas, castanhas, nozes, avelãs, azeitonas coloridas… Os queijos, enooormes! Meu pai adorava os furadinhos.
Aquele seria um dia de festa =)

Eu avistava aquele senhor sério por trás da caixa registradora, do balcão. NUNCA falaria com ele, aff que medo!!!

E aparece aquele magricela



cabelos beeeeeem pretos, nariz afilado, compriiiiiidooooo… Deliciosamente desengonçado entre os laticínios, sorriso solto,
Questo ragazzo è un polichinelo!!!

PoLIniZavA alegria…

Menina, de mãos dadas com minha mãe e com medo de me perder naquela multidão, encantava-me a imagem…

O tempo passou, mas em algum lugar aquele momento ficou registrado.

A sucessão de imagens do dia a dia no descompasso do tempo nos mesmos espaços:
Largo de Pinheiros, Rua Morás, Francisco Leitão, Cardeal Arcoverde, Teodoro Sampaio, Ilha, Mambo… Estendia-se para o Hospital do Cotoxó, Afonso Bovero…

E os (des)compassos dos encontros no mesmo tempo: namoro, noivado, casamento, filhas, gatocachorropapagaio…
… a dor dos desencontros

E enfim seu espaço no meu tempo num golpe de vista! Oportuno instante!
Nem tão alegre assim, o olhar e os gestos delineados e salpicados com o pesar das dores e desencantos que pululam com o dia a dia.
Encantou-se com minha imagem de menina voraz e faminta daquele tempo, que em algum lugar se desenhou em vc.

Sim, vc me resgatou!

Então, perdido em alguma lacuna do tempo, estava aquele album de fotografias que trombou em vc. Abençoado acaso que o trouxe então ao meu espaço! Folheio as imagens, o senhor sério, a aura, o cheiro de nectarina, o tempo…
… polichinelo

Sim, meu amor, eu te resgatei!

Agora, sintonizados no mesmo compasso!

Nunca mais me perco de vc =)

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A César o que é de César

Meu celular está convalescendo. Nas últimas. Tá lerdo, dá pau, toca sem ninguém ter ligado, para a ligação no meio, a internet não pega direito… Deve ser por conta da telefonia tbém, que compartilha com o mau funcionamento geral das coisas.

Ou o que se promete, e as minhas expectativas frente às possibilidades, é infinitamente superior ao que o sistema pode de fato proporcionar.

Mal e mal, vamos adquirindo aplicativos interessantes e, de repente muda o sistema, nosso aparelho não tem condições de atualizar, e parece que falta alguma coisa. Parece que PRECISAMOS daquilo.

Porra nenhuma!!! Celular serve para que eu me comunique com o outro, e não para que eu deixe de me comunicar! Esses aplicativos, a internet, o vício virtual acaba nos afastando cada vez mais da realidade, das relações humanas. Uma sensação de companhia, solitária. Uma auto-suficiência virtual. Uma dependência tecnológica…
Aí, o calor da vida se transfere aos animais de estimação. Na certeza do afeto.

Aliás, este é mais um ponto!

Estou espantada com a comoção em torno dos pets. Cedi aos pedidos das minhas filhas e agora tenho a Laika. Uma cachorrinha safada e sem vergonha das maaaais fofas! E tem fralda, brinquedinhos, vermífugo, anti-pulgas, anti-odor. anti-carrapato, anti-cerumen, anti-fazerxixiecocô no lugar errado, anti-mordida, anti-anti-anti… anti-ser-cachorro!!!
TUDO para tranformá-la em gente! Urbanizada, domesticada, uma criança eterna e de eterno afeto.

Neste setor, como os aplicativos, há uma séeeeeerie de produtos para "auto-consumo". Bebedouro de porcelana!!! Coleira de strass!!! Daqui a pouco, a PANDORA fará uma coleirinha para os bichinhos rsrs… Diversas marcas de antis - e a gente vai ler a composição, TUDO igual com diferenças enormes de preços. Nem o vendedor sabe a diferença, só se restringe a dizer qual produto que sai mais…

De repente, ficamos dependentes de toda essa parafernália!

Tenho um celular para me comunicar com um outro! Para isso, dentro do sistema de telefonia a desejar, funciona bem.
Tenho uma c-a-c-h-o-r-r-i-n-h-a  que faz xixi e cocô na soleira da porta, e come a fraldinha - mas, putz, só faltava ter piniquinho né… - e já sabia que não passaria disso. Aos humanos o que há de humano, aos animais o que lhes compete, aos celulares o que se propôs Graham Bell.

E quanto a TODO o resto.. Vamos viver, né?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Vida e estrutura

"A vida parece complexa, mas é simples…"

Todo fim/começo de ano, embora seja apenas mais um dia após ontem e antes de amanhã, um sentimento de "balanço" do que se passou sempre vem.

Os aprendizados
Os perrengues
As tristezas
O nó no peito

Invariavelmente, por melhor que estejam as coisas, há sempre um nozinho no peito
- um trabalho por fazer
- uma tarefa deixada pela metade
- um relacionamento de um ciclo que se fechou… mas que escapa um rabicho de lagartixa que continua a se mexer, embora deixado para trás

Talvez isso tudo seja especulação cerebral. Aquele emaranhado de sinapses que não conseguem passar para a atitude.

A atitude implica na realidade, no seu entorno, na nossa vida.
O pensamento, o emaranhado de sinapses… só gastam ATPs

Toda a complexidade da ação simples - ou se faz ou não se faz - deriva deste desperdício de ATPs
"o que eu preciso fazer para que aquilo aconteça sem interferir naquele processo daquela relação sem magoar nem provocar nem indispor este ou aquele perante um ou outro ou vários antes que haja aquele ou outro envolvimento..."

Viximariacruizcredo!!!!!

As coisas são beeeeeem mais simples.
Atitude!
Estou onde quero estar. Se assim me sinto bem, ok. Se não estou bem, mudo.
E pode ficar mudandoemudandoemudanto? Uai, qual o problema? Volubilidade? Volatilidade?
"Nada se constrói e vai ficar sem nada no final" - é o argumento que SEMPRE nos assombra…

O que, afinal, se constrói e dura para sempre? Poxa, visitamos o mundo velho e nos admiramos com o Coliseu, o Pantheon, a Pietá… Constrói-se a estrutura. Estrutura das coisas, das relações, das tarefas rotineiras…
… mas e as sensações? Aquelas que nos fazem sentir vivos?

Coliseu era um lugar de morte!
Pantheon, um lugar de mortos
Pietá… puro sofrimento
em nada têm de Belo, qdo vividos. Bela é a estrutura, a arquitetura, a arte…

Belo é o sentimento puro, o que nos mantém vivos em vida
A estrutura… se nela insistirmos, pode ser fatal.. em vida