sexta-feira, 28 de junho de 2013

Susto na ordem 2

Acho que preciso explicar melhor esta expressão. Ela veio de um texto do prof. Marcos Nobre:


Quanto à parte política, sobre este tal de "pemedebismo" que vivemos, não me cabe opinar. O que cai como uma luva é esta sensação de impotência, de um sistema blindado sem saída. Está tudo muito péssimo e muito injusto e não enxergamos como mudar o rumo das coisas.

Aí veio a gota d'água! O aumento de 20 centavos no transporte público caótico. A reação a mais esta afronta foi o "susto na ordem"...
Atrevo-me a pensar nos ensinamentos acerca do "governo de si e dos outros" do meu guru, M. Foucault:
Um verdadeiro acontecimento histórico, aquele que abala o piloto automático, mostra um sinal (signo) de existência de uma causa que decorre de uma tendência geral.
Não é o fato em si que faz sentido. O importante é a MANEIRA como ele é recebido em toda sua volta por espectadores que a vêem, assistem e se deixam arrastar!

Sim! Segundo meu guru, qdo o acontecimento está nas entranhas dos interesses da humanidade e tem uma influência vasta nos quatro cantos, um sinal há de mudanças!

Ufa!!!


quinta-feira, 27 de junho de 2013

Patética




A vida tem que ser muito maior do que o que por vezes ela nos mostra

Nunca entendi o porquê de chamá-la de Patética..
..é muito maior. Com certeza é grandiosa!

Patética estou eu. Só pode ser...

Olha só... Chega, tá? Nem vem que não tem...
Logo mais, eu sei, majestosa, ela me arrebata de novo =)

mas não demora, tá?
Definitivamente estar patética não combina comigo...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Essência


Por vezes, as pessoas decidem e planejam o que querem da vida. Fazem uma projeção: em X anos quero ter:

- família - afinal, quem não tem família? Viemos todos de um pai e uma mãe, como brindes um ou outro irmão...
- casa - difícil não ter ao certo para onde voltar. Trata-se de uma segurança necessária.
- trabalho - sem grana não se faz um puto.

E um ou outro floreio.. Mas acho que isso é báaasico. E parece certo!

Corremos atrás destas conquistas, e à partir dela nos reafirmamos. É como um trilho. Um esquema. Calculado através do que está a nossa volta para segui-lo.
Portanto,
- se tenho alguma aptidão, um trabalho a ela relacionado ajuda a montar os trilhos.
- dentre as pessoas com quem me envolvo, escolho uma que tenha os pré-requisitos mais semelhantes com meu ideal de família
E assim vai...

Sabem nada disso está errado. Entretanto a melhor escolha, sinto-lhe dizer, não é apenas uma.
Só escolhemos uma opção. Mas não necessariamente a outra daria errado...

Chega um momento, escolhas feitas, trilho construído, que temos tempo para pensar nas outras opções que foram preteridas por um triz.

De algum modo, inconsciente até, a vida vai nos levando para aquela outra dimensão. As coisas parecem remendadas, dá uma sensação de colcha de retalhos...

Estou percebendo que nosso grande engano é superestimar as escolhas feitas. Achar que existe UMA melhor opção, e automaticamente desprezamos TANTO as outras, para chegar a ter a impressão de que nunca existiram.

Teimar em seguir o esquema do trilho único feito pelas supostas melhores escolhas, é como amputar a graça da vida.
E o que seria esta tal graça da vida?
Talvez, simplesmente perceber e vivenciar a rede caótica que nos é ofertada. Cada vez mais acredito que esta é a essência do que a vida nos ensina. Essência esta fugaz, efêmera, volátil, que afeta todos os nossos sentidos, sem sentido algum.

.. ou talvez, justamente componha o sentido do nosso Ser



sábado, 22 de junho de 2013

Susto na ordem


Posso ver que tenho amigos de todas as tribos mesmo, ainda bem! Váaarios posts para lá de divergentes. Mas o que me pega neste momento de indignação, e acho que este é o estopim mais genuíno para todos nós, é o tempo que isso ficou preso na garganta. O PT, em quem tantos de nós (filhos da ditadura) acreditaram e apostaram, conseguiu nos calar por todo esse tempo, tamanha decepção dia após dia. 
Este grito abafado pela esperança um dia depositada, de repente se soltou. 
E propagou. 
E atropelou! 

E agora? 

Tem mais não.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Out of Sight 3

Mal chego em SP e deparo com uma série de manifestações.

Justo quando a indignação era o tema do meu momento. Principalmente depois do que vi em Berlim. Por lá mesmo, parei para pensar nisso...

Já escrevi por aqui sobre a indignação. Para mim, a caldeira para isso é a sensação de mãos atadas. Ainda bem que existe válvula de escape, assim como nossos mecanismos de defesa. Aprendi algum dia, na faculdade, sobre eles - sublimação, histeria, dentre outros que no momento não me recordo.

Mas vamos sem termos técnicos. Diante de uma indignação, qdo ficamos sem voz (poxa, qdo eu era pequena sonhava TANTO que estava afônica! Que queria gritar, brigar, e não conseguia... era o pior dos pesadelos. Ainda bem que parei com estes sonhos há uns... 5 anos rs), há inicialmente 2 vias:

1. Irascível - ou quando a raiva, que nos movimenta, nos domina:
 - aí vem as brigas por um lugarzinho no vagão do metrô, como já coloquei por aqui.
 - ou, se canalizada por um objetivo comum, as manifestações - como presenciamos em SP nesta 2f. Aliás, foi lindo, viu!!! Parecia a torcida do corínthians naquele jogo roubado contra o boca juniors pela libertadores...

2. Passivo - ou quando existe uma vontade de expressão, via o belo ou o humor, enfim, que abarque a estética/prazer que sabemos que é o melhor jeito de nos atingir.
 - arte
 - humor

Estas vias nos dão a sensação de burlar, de escapar do sistema que nos aprisiona e sufoca.

Em Berlim, a violência imposta à população foi absurda! Primeiro com as guerras, e depois com o muro. E tudo muito juntinho... Poxa, foi "ontem" que houve a queda do muro de Berlim!

Já imaginou, de repente, sua família ficar do outro lado do muro? Seu namorad@? Seu melhor amig@? Imagine a indignação! As crianças nascem neste clima, em que o outro lado é completamente obscuro e fantasiam, diante da guerra fria, sobre o que está atrás do muro. Não há melhor alimento para a fantasia do que a ausência de informação.

O que houve com a queda do muro em Berlim: os jovens orientais correram para a liberdade de expressão e consumo do lado ocidental e esvaziaram o espaço por lá. Os jovens ocidentais perceberam a liberdade de espaço - ainda paro para pensar nisso... se a liberdade de espaço não seria o avesso da liberdade de expressão e consumo... - e ocuparam os espaços vazios. Agora, a vida cultural está em Berlim Oriental, inclusive nas ruas. A expressão qto a indignação atual, ocorre justamente onde era proibido: no espaço oriental.

Não é incrível?

A indignação pode sim render bons e belos frutos


 Irônicos, ácidos, politicamente incorretos...

 Contundentes e, obviamente, tensos...



É o que espirra! Mas há que se ter atenção para encontrá-los! Que tal começar justamente naqueles espaços que escapam ao nosso olhar sistemático...


Vale uma encarnação! Ou várias rs

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Out of Sight 2

"The plane is a concept created by man with a practical aim: to satisfy his need for balance. The square, and abstract concept is a product of the plane. Arbitrarily marking out limits in space, the plane gives man a totally false and racional idea of his own reality." 
L. Clark

Esquisito uma citação em inglês de uma artista brasileira, não? É que o livro caiu nas minhas mãos, de uma amiga querida que está estudando em Barcelona.

É este o sistema: o quadrado, o plano cartesiano. O esquema que se monta para que nele se agarre e sinta segurança. Pq no fundo, no fundo, sabemos que a vida é TÃO mais do que isso, que nos assusta!

Ah, mas tem os corajosos! Aqueles que escapam. Podem até criar seu próprio sistema para escapar, mas enfim, é altamente expressão interna, é o próprio olhar e atitude, e não a obediência cega da falsa segurança/sistema/plano/quadrado.

Em Barcelona, a expressão viva da sinestesia sensorial nas obras de Gaudi. Pô, esse é o cara! Sua técnica, perfeita - aproveita espaços, funcional, anatômico, numa época em que o quadrado imperava!


Barcelona era assim!!!!! E Gaudi faz uma coisa assim:

 Parece que ele acompanhava de pertinho a execução da obra. Orientava em como torcer o ferro, como cortar os azulejos... O material e estrutura a se usar, o que confere
 a aspereza nos ambientes externos, como na natureza, em que há que se ter proteção...
 A lisura e modelagem anatômica dos ambientes internos, tornando a textura confortável e aconchegante. A maciez do toque, das sensações, que nos convida a ficar.


O brilho da luz na cerâmica ou sua refração no vidro irregular, que modelam a imagem para enxergar ora côncavo ora convexo, dependendo da nossa vontade. Ou ainda como se estivéssemos fora do ar, mergulhadas na água!






Poxa, nos museus, óooobvia a genialidade dos movimentos das pinceladas de Van Gogh ou a profundidade da imagem na sombra, no escuro de Rembrandt. Escapam total do plano, do sistema... Mas a aplicação da arte no cotidiano, no dia a dia, no uso, como ocorre com Gaudi.. Isso é megaultrasuper genial! Não só a estética, mas o método da expressão muda.

E ainda não falei de Berlim...
Ainda falo! Mas Gaudi se encerra nele mesmo. Não há espaço para mais nada por aqui.

Out of sight 1

Os sistemas atualmente estão dominando meu pensamento enqto estou em trânsito - "esperando chegar em algum lugar".

Acho que é por causa da vivência e mudança rápida de costumes. Barcelona, Amsterdam, Berlim e Praga. Em 3 dias fica impossível conhecer um povo ou cidade em sua profundidade. O que mais chama a atenção são as diferenças quanto à nossa própria impressão das coisas. Como costumo dizer, a estranheza é o principal sinal de mudança, seja em nós mesmos ou com o outro.

Uma das coisas que mais choca são as indicações nos aeroportos ou ferroviárias. Sei que nos EUA, é tudo muito fácil, as indicações são perfeitas, por mais perdida que seja, incrivelmente eu me encontro melhor por lá do que aqui! Se procuro um banheiro, acho. Se procuro um transporte público, acho e consigo saber onde comprar os tiquets, se preciso, qual é necessário.. Tudo é feito para boiada mesmo. Aliás, a língua é óbvia e fácil, sem muita margem de interpretação. Exata!

Chegamos em Frankfurt. Ficamos hoooooras indo para lá e para cá. De repente, a seta sumia. Ou, algo escrito que, por não entender a língua, passávamos. Os terminais A, B e C não eram lineares, formavam um triângulo. Em dado momento, havia a indicação: A, Z. O que seria isso? B e C não estão no meio? De onde aparece Z? Passamos num balcão de informação. Má vontade, responde o que perguntamos, mas não explicam. A palavra como informação, e não como explicação. Conheci uma advogada na volta, estava na Alemanha para um doutorado sanduíche em direito penal. E confirmei minhas suspeitas: o idioma é completo. A explicação está na palavra até. Há pouco desvio de interpretação. É o que a palavra diz ser. E ponto final. Não cabe mais perguntas. Qdo isso se passa para o inglês, monta-se um gap.

É isso. Toda comunicação carrega um gap. Para seres de uma mesma cultura até. Quiçá de culturas diferentes.

Quiçá para lógicas de pensamento e "ranking de prioridades e interesses" diversos...

Aí vem a melhor parte!!!! O que escapa do sistema, e, no fundo, o tema deste blog. O avesso das coisas, o inútil e o que se mostra como pura manifestação do ser humano. E Berlim é muito rico nisso. Afinal, o muro lhes foi imposto de uma hora para outra, instalou-se a ausência total de comunicação, e repentinamente ele se foi! E isso tudo há 20 anos - muito pouco mesmo! Mas isso é tema para outro post...

Esta é a chave, o cerne das tensões - ao meu ver, no presente momento, já que tudo pode mudar... As diferenças entre 1. Interesses e prioridades 2. Lógica de pensamento 3. Gaps na comunicação, na própria linguagem da fala e do comportamento.

Mas é justamente isso, essa estranheza, esses matizes da zona de transição entre o confortável e o desconfortável, que faz aflorar as mais diversas expressões do ser humano. E isto já já coloco por aqui!

E não é que chego em SP e dou de cara com essas "expressões"? E cada um me contando de um jeito diferente? Essas "expressões" são fantásticas: ABALAM as estruturas e repercutem, remodelando o modo como se vive. O sistema está lá, e dali não sai - ora, é imposição pura, externo ao ser humano. O que muda é o olhar e a atitude diante dele. Isso sim é expressão de humanidade!


Só uma palhinha p o próximo pensamento.. um outro olhar do avesso ;)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sistema Zumbi

A noite de Berlim foi considerada uma das melhores do mundo. De fato, chegamos no aeroporto às 21:30 e, até entendermos as direções e transporte, passamos por uma baldeação em que entrávamos no portal dimensional "Transeuntes de Berlim às 22:30". Hipermovimentada, gente de todas as tribos, barraquinha de salsichões e chorizos, músicos de todos os estilos com uma caixinha à frente para as moedinhas...

Dia seguinte fomos conferir. Berghaim, acho q era o nome. Gente de todos os tipos na fila. Certinhos, loucos, piercing, barba, não barba, sujinhos, ajeitadinhos.. E nóis lá. Fila enorme, 3 caras tipo "easy rider" na porta, alguns entravam, outros eram barrados. Os barrados, de todos os tipos.

Nossa vez. O cara fez 3 com os dedos. Consentimos. Pediu para esperar e chamou um cara lá de dentro. O cara, gordo, cabelos compridos e barba, tatoo, penduricalhos por tudo, tipo do que tinha "zen, a arte da manutenção de motocicletas" na cabeceira...

- Sorry, ladies...

Eu, ação/reação

- Why?

- Just go!!!

O mais legal era o ajuntamento entre os barrados: indignação, decepção, orgulho ferido... E uma câmera! A voz dos excluídos, dos que enfrentaram a zona de transição entre tribos.

Mais tarde, fim (meio?) de balada, no primeiro trem do metrô, uns caras turcos ébrios, provavelmente longe de belas palavras, suscitaram a fúria de uma garota ao nosso lado, que lhes jogou cerveja na cara! Vieram os guardinhas e seguraram a menina totalmente descontrolada!

Enfrentamento, tensão étnica e sexual nesta zona de transição que aflora no espaço do sistema zumbi.


Posso dizer, sem impafia nem falsa modéstia, que vivo num espaço aparentemente imune a preconceitos: brancos, heterossexuais, luxo possível (intelectual, cultural e financeiro).. Ou o que, culturalmente é o responsável por discriminar. Minha amiga ficou puuuuta por ter sido barrada no baile. Eu, lógica que sou, entendi o funcionamento do método: mulher entra na sauna gay? Mulher canta no coral dos luteranos? Homem entra em... casa de noivas? Ué, estavamos sóbrias, sem piercing, sem tatoos à mostra, de vestidinhos... Nada a ver com a tribo daquela casa techno. Enqto a razão dá uma escapadinha, o que acontece nestes momentos ébrios, o contraste pode pegar na veia e suscitar a tensão.

Mas... temos que ter o direito de escolha! Que fique por conta e risco de cada um enfrentar o tempo e espaço que quiser.  

sábado, 8 de junho de 2013

Sistemasistemasis

Avião e aeroporto é sempre um stress. Parece que sempre falta alguma coisa, o cara vai querer alguma coisa que não temos.. Ainda mais se for em outro país, naquelas companhias baratas...

Ryanair...

Pegam aeroportos secundários, a passagem é incrivelmente barata, a taxa operacional e do cartão de crédito é acrescentada no final... E o pior, a bagagem!!!
Se for despachar uma mala, 30 euros. Se sua bagagem ultrapassar as medidas indicadas, 80 euros.

Qdo encontrei minhas amigas no aeroporto, surtei! As duas com a mochila dentro dos limites e mais uma bolsinha... E teimaram:

- Para que o stress? A gente faz que não entendeu..
- Ah, nada que um belo sorriso não de conta...

Eu continuava aflita! Tentei fazê-las entender que as coisas nem sempre são maleáveis. Tem lugares em que a regra é orientada para ser seguida. Mas... Não tenho mais idade nem saúde para convencer quem não quer entender:

- Ok, fica por sua conta e risco! A minha mochilinha está ok!

Bom, a suspeita estava lançada.

A sorte foi que passamos no gate da ryanair - o aeroporto deles de Frankfurt - e aí elas viram a caixinha de ferro onde nossa mochila tem que entrar. E havia um funcionário para que confirmassem que era 1 (uma) mala de mão. Só! Nada de bolsinha ou pastinha ou livrinho  fora da 1 (uma) mala.

Quem escapa da regra, paga pelo erro.

Não são chatos. Faz todo sentido. O tamanho é justo para entrar nos devidos compartimentos.

Não há pq correr para entrar no avião, pq seu lugarzinho e da mala estará lá te esperando, e nenhum folgado ocupará seu lugar. Qdo se espera "a boa vontade" do outro, a ajuda do outro, entra no modo "folgado", que invariavelmente respingará algum momento em alguém.

Se em todo o pensamento ocidental internamos e excluímos o que escapa do sistema, agora ele é capitalista e prático; vc paga! E assim é feito e se auto-nutre: ganha com os desinformados, os que contam com o jeitinho/sorriso/charme, com os que nele deslizam.

Nada mais justo.