Este é o nosso ser em potência. Eu, vc, as tantas afinidades de corpo e de alma, o acaso convergente que nos aproximou... Uma obra de arte!
Por vezes escultural e palpável, formas precisas, de textura definida, macia, rugosa, quente, gélida...
Por vezes repleta de cores, traços ora lineares ora difusos, borrões, respingos...
Por vezes sonora, harmoniosa, um rock progressivo, erudita, valsa, jazz, som estranho como um Tom Waits ou um Stravinski
E tenho vontade de conservar, intacta, esta arte em potência. Num cofre, no vácuo, imune ao tempo e espaço.
A saudade abre a porta e revisito-a. Admiro. Respiro o aroma. Emociono-me frente ao resplendor da harmonia.
O tempo me chama, e cuidadosamente a reposiciono em segurança.
Vivo minha vida. Preencho as lacunas e volto a formá-las - ainda bem!
Sei que vive a sua também, do melhor modo possível.
Desconstruímos reconstruímos,
experimentamos,
conhecemos, nos desconhecemos...
Mas, de algum modo, a obra de arte conserva sua força. Por vezes esqueço a porta aberta, e ela só se fortalece. Independente do meu ou do seu tempo e espaço, ela insiste em se fortalecer, alheia ao nosso olhar.
Um dia, de mãos dadas, esta arte nos arrebata...
Alheia ao tempo
no nosso espaço.
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