domingo, 19 de setembro de 2010

Relação quadrada

Talvez os relacionamentos tenham forma. Forma quadrada, circular, obtuso-triangular, ausente... Uma mesma pessoa se relaciona com um amigo na forma quadrada, com outro na forma circular, com um amante na forma obtuso-triangular, e com outro na forma ausente. Independente do significado de cada forma. Posso nomear e definir a "forma" de n modos: geométrico, por sensações, linguagem, até por termos logicamente incompreensíveis para o ocidente ou oriente. Não é esse o ponto. A forma a que me refiro seria uma estrutura formal, uma dinâmica que desenha uma rede estrutural previsível e intransponível. Não importa que os sujeitos envolvidos mudem, a estrutura do relacionamento se mantém a mesma! Não importa que o afeto se modifique, a forma permanece. A gente sabe que o outro mudou, a gente sabe que precisa tratá-lo de modo coerente com a mudança percebida, mas... os atos continuam obedecendo a estrutura formal!!!

Assim, o relacionamento com amigos de infância é o mesmo. Passam-se anos e parece que nada mudamos qdo voltamos a encontrá-los. Agimos como o previsto, e é como se estivéssemos vestidos do modo que a forma do relacionamento pede, e qdo nos damos conta, aquilo parece até uma camisa de força que não obedece à nossa vontade.

O mesmo com o cônjuge ou namorado ou amante. Casamos, descasamos, amamos, deixamos de amar... a forma permanece a mesma. Marido é marido, esposa é esposa, namorado é namorado, amante é amante.

O conteúdo (as pessoas no relacionamento determinado) pode mudar o que for: a estrutura formal (o relacionamento) incrivelmente se mantém!!!!!

Qual a saída?

Martelar. Quebrar. Desconstruir a estrutura formal de tudo que nos perturba, que nos faz sentir numa camisa de força. Pouco a pouco, revisitar as pessoas que nelas habitavam.
À qualquer sensação de sufocamento, prestar atenção se realmente conseguiu esfacelar aquela forma inadequada, ou se caiu na tentação de vestir a camisa de força para se abrigar do frio. Este frio realmente incomoda. O frio da ausência de abrigo, do vento que vem de tudo que é lado, sem anteparo, do vão... da liberdade.

Por outro lado... Só assim talvez seja possível estruturar-nos. Os pilares precisam estar na estrutura do nosso ser. A forma interna aos sujeitos da relação; e não como molde a ser preenchido pelos constituintes.

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