quinta-feira, 23 de abril de 2015

Tolerância

Dia desses, minha filha de 13 anos estava em crise. Não conseguia se acertar com nenhuma das meninas do grupo. Havíamos lido uma crônica juntas em que tiramos um ensinamento: para começar um papo decente, há que se encontrar um ponto em comum, qualquer que seja!

- O problema, mãe, é que não encontro nenhum ponto em comum com elas! Elas só falam de roupas, marcas, maquiagem… e eu não tenho o menor interesse nisso!!! Elas julgam as meninas pelo modo que combinam as roupas ou pela grife, e eu não consigo achar isso importante!!!

É…

Bem…

Seria muito fácil elogiar minha filha e ficar satisfeita com os valores que estamos conseguindo passar, e dizer:
- Elas realmente não valem nada! Amizade assim não vale a pena mesmo!

É…

Bem…

Mas talvez não seja por aí. É muito mais fácil caminhar com os semelhantes, mas a tolerância tbém é um aprendizado. A tolerância nos permite uma vida muito mais rica, por sempre encontrar coisas boas (semelhantes) no outro.

- Pô, mãe, mas aí vou ser uma falsa!!!

Esse é o risco mesmo, ser taxada de falsa. Eu me lembro no meu ano de caloura, que eu transitava por todas as tribos: patricinhas, mauricinhos, esportistas, nerds, japas, judeus, tudo mesmo. As pessoas são legais sim! E num belo dia, entrei numa puta crise pq um boato chegou aos meus ouvidos: "aquela… aquela anda com todo mundo!!!" Um discreto "falsa". Como se fosse sinônimo de autenticidade andar com determinadas pessoas e ser totalmente refratária às outras. Talvez por isso nunca tenha comemorado um aniversário - eu nunca soube como acomodar tanta gente diferente num mesmo ambiente…

Mas depois de tanto ouvir e insistir na tolerância, acabei encontrando nela uma arte. Sou o que sou, todos os diferentes me reconhecem como mesmo e outra. Individualidade respeitada por respeitar a diferença do outro, rir disso tudo, pq a essência mesmo é o que vale. A empatia das essências.

E isso vale muuuuuuuito a pena!!!!!