sábado, 30 de outubro de 2010

Em Cont(r)o-ibuição

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http://autretourdelafolie.blogspot.com/2010/08/tinha-que-passar-por-cima-de-muitas.html
continuando...

E de novo naquele cruzamento!

Seguiu seu corpo caminhar para o banco. Tinha que pagar a conta da água e luz. Cumpriu as tarefas com uma náusea de tudo. Mas não havia outro jeito.

No way out.

Como seria capaz de andar no outro lado da calçada? Como poderia existir outra casa? Como perder a que tinha? Que outra vida?

Não para ele.

Resignou-se a prosseguir pelo mesmo caminho daquela mesma hora da semana passada, identica àquela daquele dia daquele ano em que o seu segundo filho nasceu.

A melodia o persegue:



Mas ele ainda persegue aquele sabor.

Cada vez mais distante
cada vez mais amargo

Matrix


Preciso aprender a ser tolerante.
Mas não consigo me conformar.

Passa-se o início da vida correndo atrás de conquistas. Tarefas, escola, notas, metas, diploma, curriculum: filiação, estado civil, formação, formação acadêmica, atuação profissional, domicílio, carro, casa na praia, no campo, família linda, almoço de domingo, feriado, natal, amigo secreto. Reveillon e carnaval tá liberado - em termos...

O álbum de fotografias vai se colecionando na estante de vidro, junto aos porta-retratos.

Por vezes até se sente que falta ajuste na engrenagem... Até se sente patinar, mas o motor contínuo não pára. A folga entre o degrau e o nosso movimento é cada vez maior. A rotina carrega, segura por toda estrutura construída em torno do motor contínuo de puro aço. Dali a pouco, promove até um vagão de primeira classe e, na poltrona confortável, continua se arrastando, produzindo, conquistando, com seguro contra perdas - o que se diz fundamental nessa vida!

Eu sei que cada um tem sua própria racionalidade para enfrentar os contratempos. E sei que precisamos respeitar e entender a racionalidade de cada um para conseguir prosseguir qualquer relacionamento. Entendo sua racionalidade. Entendo seu medo.

Mas não me conformo...

Que medo é esse de perder o que conquistou? O que temos afinal? Nenhuma garantia. E isso não é pesaroso. É fato. Pra que, então, agarrar no pouco que tem ("ruim com ele(a), pior sem ele(a)")? Deste modo, assim que se tem, se torna pouco. Tem gente que vive olhando para trás, e outros que vivem olhando para frente. Eu não olho para trás. Sei que tbém não é certo - putz, como o avesso cutuca... mas olhar para trás tbém não nos faz caminhar.

Vc quis cantar sua canção iluminada de sol. Eu sei. 
Mandou plantar folhas de sonho no jardim do solar. Lembra?


Te amo. É muito querido(a), e sabe disso. Te admiro - soltou os panos sobre os mastros no ar!!! Sobre a brisa! Vc me ensinou.


Preciso aprender a ser tolerante.
Mas não me conformo.
É um desperdício de humanidade.

De novo, te amo, viu!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Suspicious eyes



Sabemos tudo muito bem. Não é preciso palavras. E nem seria decente.

Sigo meu caminho enquanto segue o seu. São muitas descobertas, o "eu" experimental de Montaigne, que não se resigna frente à infinitude da natureza. Acho que nos encontramos neste ponto, em que a dança é tão espalhada que atropela quem fica parado por perto...

Que diabo de armadilha é essa? Não era a minha intenção, acho que nem a sua. Mas a rede vai me puxando... tento tanto escapar, mas não consigo. Assuntos, planos, enganos, intuições, uma coincidência de sensações apesar da distância entre nós.

Por que precisa tanto de uma certeza? Que certeza posso te oferecer? Se, diante do meio conceitualmente construído pela razão humana, o acaso (o erro) emerge como principal transformador da história do pensamento? Na ciência da vida, o maior engano é procurar o conforto do que é certo, claro e distinto...

Não tema meus atos, meus enganos, minhas experimentações. 
É o jeito que encontro de me manter viva. 

Não suspeite da incerteza do infinito que tenho a te oferecer. 
É o jeito que encontro de nos amar.

É a armadilha do acaso
do que acreditamos ser um erro
do que nos desvia das nossas intenções
a cura para a cegueira

Why can't you see
so easy...

domingo, 24 de outubro de 2010

Para ler todos os dias!!!

"O difícil, o dificílimo, o tremendamente difícil é você, no convívio de sua facilidade (principalmente se for a riqueza), conservar a integridade moral do seu destino de artista. É difícil, porém não é impossível. De uma coisa eu tenho certeza: por mais que seja a facilidade (felicidade) que focê conquistar, seja vc artista, Hitler, Stalin, inventor, Getúlio ou ladrão, vc jamais ficará satisfeito: há de querer mais. Nisto não há mal: é a marca divina do homem. O mal é que, embora buscando sempre aumentar insatisfeitamente a "felicidade" conquistada, o mal é que vc, embora pretenda se aumentar, vc principia agindo sorrateiramente como se estivesse satisfeito: é o conformismo. Esta é a cilada que o homem encontra quotidianamente em seu caminho, o conformismo. Ela principia já por ser fisiológica: é a lei que eu chamo da "preguiça", nós vivemos morrendo. Quando o princípio moral verdadeiro, é justo o contrário: nós devemos viver sempre nascendo: tudo deve ser sempre objeto de aprimoramento pessoal e a busca da perfeição. Não hesito em afirmar: toda facilidade, toda felicidade é desmoralizante. Mas então como conciliar a minha até intimação de vc aceitar a felicidade que a vida está lhe oferecendo e esta convicção de que a felicidade é desmoralizadora?

É simples. É vc não perder jamais de consciência que a sua experiência de felicidade deve ser tbém um objeto de aprimoramento pessoal. A felicidade, o prazer, a facilidade tbém é uma prova por que a gente passa."


Mário de Andrade: "Cartas a um jovem escritor"

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

.



Não sei pq me submeto a sofrer desse jeito. Por que precisa ser com vc? Na penumbra, os corpos se resumem a corpos... ou não? Por que quero teu corpo, teu cheiro, teu abraço e de mais ninguém? O que faz com que meu corpo seja tão seletivo?

Quero teu olhar que me fagocita e acaba com essa saudade que me mata... aos poucos... que anula meu espírito e o gosto da vida na minha boca. O teu abraço apertado que aquece meu corpo, vc dentro de mim e o carinho da língua na minha.

Quero sentir o contorno do teu corpo colado no meu, tênue linha que nos separa.
Não aguento mais essa distância, essa falta de tempo, quero tudo colado - corpo, espaço, tempo. E que tudo se anule: imaterial, atemporal, atópico.

Vamos acabar com essa área que nos separa, quero unidimensional, quero ponto

...........................................

Agora aí estamos.
A densidade é tanta, tanta, que atraímos o mundo para nós.
Para que correr atrás dele se, qdo ponto, ele vem a nós?

domingo, 17 de outubro de 2010

contramão


Eu me lembro de não me interessar mais pelas pessoas. Eram todas iguais. Entrava e saia das conversas com a mesma expressão. "Muito riso e pouco sizo. E a gente só não se é, como não é de ninguém", como escreveu Mario de Andrade. Como pude achar que não havia mais nada?

Não sei que pedra os deuses jogaram na minha cabeça. Nem o que foi que me arrebatou.
Um sonho
uma lufada de ar
uma palavra de arte...

De repente, tudo começou a fazer sentido: de que as coisas não têm sentido.
As coisas são.
Estão.
Para se experimentar.
Provar Degustar Apreciar.

Passei a andar pela contramão. As pessoas cruzavam por mim, trombavam, olhavam torto...

Nem sei também em qual subsolo me encontrou. Parece que nos resgatamos. Retomávamos nossas vidas, mas continuávamos a nos resgatar. De tempos em tempos: "Vamos bater um papinho?"

O mundo desmorona ao nosso redor...

Corremos pela cracolândia no meio da noite, de mãos dadas, gente caindo ao nosso lado, o perigo nos assombrando, na diversão proporcionada pela segurança dos nossos braços entrelaçados,
palavras encadeadas
com o olhonoolho que tudo sabe e sente

Só assim tudo se faz possível

É de graça...

Sem exigir recompensa

Aí sim, pra sempre

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Silêncio

- Tenho uma surpresa pra vc!!!!
- O que é?
- Só digo quando nos encontrarmos.


Pronto. Foi o suficiente para ACABAR com a tranqüilidade. Tudo bem, vamos partir para as tarefas, aí se esquece.
À caminho do trabalho, um puta trânsito. Aí é inevitável, não? Mas o que será essa tal dessa surpresa? Deixa pra lá. Coloco uma música bacana e já me esqueço.


Entre uma tarefa e outra... a mente vôa. Surpresa é algo inesperado. E, quando as coisas estão bem, só pode ser coisa ruim. Chegou paciente, já já me esqueço.


Chego em casa, espero a hora para te ligar - pensa que ligar é fácil? Que nada! Demanda uma super energia, aquele medo da rejeição sempre está presente. Ainda mais com uma "surpresa" martelando na cabeça.


Resolvo fazer o jantar. Um bom banho. E o tempo não passa... Aí encontro uma escrita sua, um novo pensamento... Tento decifrar nas entrelinhas a "surpresa". Humm... É... não pode ser nada bom. Bom, se acabou, tá tudo certo. Mais uma.


É só abrir espaço para caraminholar que o tempo passa rápido!


Vou ligar! Tem que ser agora!
Ligo. Toca uma vez... toca duas... porra, como pode não estar em casa? toca três... é o ex, só pode ser! toca quatro... CHEGA! Não vou dar minha cara para bater! 


Desligo. 


Nem mais ligo.


- Tenho uma surpresa pra vc!!!!
- O que é?
- Só digo quando nos encontrarmos.

Ahhh, ele não vai nem acreditar! Vai ser uma PUTA viagem! Depois de tanto trabalho, percalços, diferenças, merecemos. Será que vai gostar? E se esse tempo for excessivo? Como vai se ausentar com tantos compromissos, tantas aferências... 


Melhor mudar o canal e trabalhar, para o tempo passar mais rápido. Não vejo a hora de encontrá-lo. Aquele sorriso nos olhos que tanto gosto. O beijo... o abraço... 


...


okok, voltando ao trabalho. Muuuuito trabalho.


Pequeno atraso. Supermercado com uma fila gigaaaante - como pode ser permitido passar TANTO tempo no supermercado? Alguma coisa emperra sempre qdo sou a próxima. Tá td certo, vamos nos encontrar, nunca por tto tempo. Vai chegar!


O telefone, está tocando! Corro, abro a porta... 


silêncio.


que silencia.


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Fome


Sei que procura alguma coisa.
Uma imagem que perturba teus sonhos, te cutuca na inspiração, uma descontinuidade no teu caminho diário - precisa tropeçar SEMPRE no mesmo lugar?
Aquele caminho liso que acha que vai te levar num ponto próximo seguro. E quem não procura a segurança?

Presta atenção...

Deixa-te levar pelo que te perturba.
Deixa-me aproximar de ti.
Arrebatar teu caminho!

Perceba agora tua imagem fragmentada no espelho estilhaçado. Em alguns pedaços, enxerga minha imagem.
A silhueta curvilínea de pele macia e tentadora.
O movimento suave das mãos no contorno do meu corpo que dança no rítmo da música.
Um leve tecido fino e translúcido.

Pouco a pouco, desvelo cada parte do meu corpo em cada pedaço estilhaçado.

Soma as imagens
Encanta-se
Imprinta e monta pela minha, a sua

Fragmentada D es con tí n ua Irregular

Emerge assim teu contorno,
teus limites, e o que não te pertence

Sou o alinhave dos teus fragmentos
o que enfim procura.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Canibal

quem é você
que é você
como (é) você

sem mais perguntas