"Socorro, eu não estou sentindo nada. Nem medo, nem calor, nem fogo, Não vai dar mais pra chorar Nem pra rir.
Socorro, alguma alma, mesmo que penada, Me empreste suas penas. Já não sinto amor nem dor, Já não sinto nada.
Socorro, alguém me dê um coração, Que esse já não bate nem apanha. Por favor, uma emoção pequena, Qualquer coisa que se sinta, Tem tantos sentimentos, Deve ter algum que sirva.
Socorro, alguma rua que me dê sentido, Em qualquer cruzamento, Acostamento, encruzilhada, Socorro, eu já não sinto nada."
Socorro, alguma alma, mesmo que penada, Me empreste suas penas. Já não sinto amor nem dor, Já não sinto nada.
Socorro, alguém me dê um coração, Que esse já não bate nem apanha. Por favor, uma emoção pequena, Qualquer coisa que se sinta, Tem tantos sentimentos, Deve ter algum que sirva.
Socorro, alguma rua que me dê sentido, Em qualquer cruzamento, Acostamento, encruzilhada, Socorro, eu já não sinto nada."
Alice Ruiz
http://www.matematicosmarcovaldos.blogspot.com/2010/08/conto-ibuicao.html
Idiota perdido nas funções: função-marido, função-pai, função-pagador de contas, função-profissional, função-pentelho... Uma vida em carrossel, em que o dia de amanhã terá exatamente a mesma "função" que o dia anterior, em que se espera o próximo fim de semana que será idêntico ao fim de semana passado. Vida de Natal em Natal. Feriado em feriado. Literalmente engolido pelo tempo implacável. Sempre atrasado, sem tempo para nada, correndo rumo ao mesmo lugar em que agora estava.
E foi naquele cruzamento...
De repente, tudo se passava d e v a g a rrr. O som dourado ao fundo. Um aroma de verbena que inundou o ambiente. De onde vinha? Procura... analisa... olha adiante, onde seu corpo estaria no próximo instante. Para trás, de onde vinha. Não encontrava. Súbito, um calor lhe subiu o corpo, e sentiu ruborizar. Uma redistribuição sanguínea que despertou certas áreas adormecidas há mto, mto tempo. Não mais se reconhecia neste momento. A-funcional. A-temporal. A-tópico. Este aroma lhe fazia levitar e, sem mais sentir o peso da gravidade e a pressão atmosférica, sentiu-se mergulhado no vazio. Sem rumo, sem eira nem beira, indefinido... um nada. Nadica de nada.
Neste momento, poderia se desesperar - "Agora finalmente enlouqueci!" E correr para o carrossel, um conforto de situações previsíveis, como no casamento "até que a morte nos separe".
Entretanto...
Gostou da leveza. Curtiu a falta de pilastras. Afinal sem amarras, ao escapar pela tangente, teria o mundo inteiro a (re)descobrir. Aromas diversos, paisagens inesperadas, o tempo deixava enfim de ser linear (circular)... Decidia a trajetória, a velocidade, enfim senhor do tempo e do espaço!!!
Continua em
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