Pascal: "Les hommes sont si nécessairement fous que ce serait être fou par un autre tour de folie de n’être pas fou’. (...) Il faut faire l’histoire de cet autre tour de folie, de cet autre tour par lequel les hommes, dans le geste de raison souveraine qui enferme leur voisin, communiquent et se reconnaissent à travers le langage sans merci de la nonfolie...”
domingo, 17 de outubro de 2010
contramão
Eu me lembro de não me interessar mais pelas pessoas. Eram todas iguais. Entrava e saia das conversas com a mesma expressão. "Muito riso e pouco sizo. E a gente só não se é, como não é de ninguém", como escreveu Mario de Andrade. Como pude achar que não havia mais nada?
Não sei que pedra os deuses jogaram na minha cabeça. Nem o que foi que me arrebatou.
Um sonho
uma lufada de ar
uma palavra de arte...
De repente, tudo começou a fazer sentido: de que as coisas não têm sentido.
As coisas são.
Estão.
Para se experimentar.
Provar Degustar Apreciar.
Passei a andar pela contramão. As pessoas cruzavam por mim, trombavam, olhavam torto...
Nem sei também em qual subsolo me encontrou. Parece que nos resgatamos. Retomávamos nossas vidas, mas continuávamos a nos resgatar. De tempos em tempos: "Vamos bater um papinho?"
O mundo desmorona ao nosso redor...
Corremos pela cracolândia no meio da noite, de mãos dadas, gente caindo ao nosso lado, o perigo nos assombrando, na diversão proporcionada pela segurança dos nossos braços entrelaçados,
palavras encadeadas
com o olhonoolho que tudo sabe e sente
Só assim tudo se faz possível
É de graça...
Sem exigir recompensa
Aí sim, pra sempre
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