Pascal: "Les hommes sont si nécessairement fous que ce serait être fou par un autre tour de folie de n’être pas fou’. (...) Il faut faire l’histoire de cet autre tour de folie, de cet autre tour par lequel les hommes, dans le geste de raison souveraine qui enferme leur voisin, communiquent et se reconnaissent à travers le langage sans merci de la nonfolie...”
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Wear out
Se eu pudesse ser o que espera de mim
se eu soubesse ser o que espera
se vc soubesse que enfim me encontrou
e se eu soubesse que enfim me encontrei
em nada mudaria
Afinal, aqui estamos agora.
FATO.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Coragem
"O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
Faz tempo, muito tempo que não sinto este sabor...
Um aroma amadeirado, puro, que esquenta a garganta
e já no comecinho deixa um torpor...
... leve
escapo do meu rigor,
da minha educação
e talvez da minha doçura
ou não.
Mas a verdade é que estou cansada disso,
e escapar da minha jaula faz-me bem
Mas que jaula é essa?!?!
Eu vou levantando todas as grades,
em nome de um encontro,
antes fosse sublime...
Mas é raiz.
Aquela que invade minhas pernas
sobe pelas minhas coxas
e penetra bem fundo
Vc não é sincero comigo
Sei que não é.
Vive me procurando
...e me afasta.
E eu, permito.
Sei que nos assustamos, desafiamos nossas convicções.
Sou boa demais, além do que é permitido no seu script.
E vc encanta minha jaula.
Estamos completamente perdidos...
E, se somos tão corajosos,
...resilientes...
Por que tanto, tanto medo...
A vida é uma só,
e o que ela quer da gente é coragem.
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domingo, 23 de fevereiro de 2014
Alternativo
Se vc fosse uma música, seria esta:
Era um comercial de cigarros, imagem azulada, no solarium de um prédio. Um casal apaixonado, alternativo...
Para mim, desde pequenininha, o que era alternativo pertencia aos adultos. Um fascínio por isso, uma liberdade plena para escolher o que bem entendesse, viver como bem quisesse...
Uma coragem e auto-suficiência para se jogar no abismo da vida! De entrar no mar sem medo do tamanho das ondas...
Acho que isso ficou na minha essência.
Não sai.
Mesmo cansada... saciada...
Não sai.
Era um comercial de cigarros, imagem azulada, no solarium de um prédio. Um casal apaixonado, alternativo...
Para mim, desde pequenininha, o que era alternativo pertencia aos adultos. Um fascínio por isso, uma liberdade plena para escolher o que bem entendesse, viver como bem quisesse...
Uma coragem e auto-suficiência para se jogar no abismo da vida! De entrar no mar sem medo do tamanho das ondas...
Acho que isso ficou na minha essência.
Não sai.
Mesmo cansada... saciada...
Não sai.
Pré carnaval - pré (des)encontro
O carnaval por SP está ficando cada vez mais interessante... Eu não sei se é pq paulista que vai para blocos de rua já tem uma coisa menos sisuda no coração, mas o fato é que o povo entra no clima e fica bem bacana!
Minha filha com recém 15 anos completos, nem quis ouvir falar em festa de aniversário, muito menos em festa de debutantes (esta á minha filha!!!), mas pediu uma guitarra para uma avó, um cavalete para a outra (que orgulho =) e me disse: "mãe, acho que tá na hora de ver como é o carnaval né?"
Antes de deixar de viajar para experimentar o carnaval, resolvi procurar um bloco no pré carnaval. Uma dica para melhor optar.
Assistimos a passagem de som do Sargento Pimenta "A hard day´s night" - adorou reconhecer Beatles!!!! E eu ainda mais =)
E ficamos no meio da avenida, sentadinhas numa sombra enorme que estava dando sopa, na concentração:
- Xiiiii, mais 4! Agora a coisa vai piorar. O lugar está bom, mas não é a toa que está vazio
Uma senhora, sentada ao lado da netinha. Irônica e fresquinha, nos abordou de soslaio..
- Por que? Não entendi... Tá ruim aqui?
Pensei que alguém tivesse vomitado no lugar, um enxame de abelhas, sei lá... Alguma encrenca braba por alí. Ah, desligamos e ficamos naquela sombra enoooorme, vendo o povo passar com fantasias mega divertidas.
Eis que 3 caras com aparência de bons meninos, naquele estado carnavalesco, começaram a dar o ar da graça: cantavam todas as meninas que passavam, sem parar! Cantadas das mais diversas, ininterruptas!
- Entendeu agora? Eles não param!!!!!
Os meninos estavam recarregando a pilha qdo sentamos. Mas éramos, segundo a velhinha, 4 moças e o bicho ia pegar! "Carregados", nem olhavam para os lados e só se dirigiam ao fluxo que passava pela avenida.
Foi divertido ver a cara de tédio das meninas kkkkk
Aí enfim encontraram uma amiga de longa data! E ela se aproximou com outras amigas! Todos se cumprimentaram, pediram para que tirássemos fotos, e pensei: agora eles se acertam!
Que nada! Ficaram tímidos! Mal se entrosaram com as garotas, loucas para conhecê-los - eles tinham cara de boa família...
E minha debutante:
- Nossa mãe, achei que eles melhorassem quando saíssem da escola!!!!
Ri MUITO!!!!!!
A nossa cara com as trapalhadas dos meninos é de tédio mesmo - pô, pelo visto desde sempre!! - O jeito folião com que se aproximam ou como querem chamar nossa atenção nos diverte, mas em geral é o mesmo: um certo abobalhamento do comportamento.
Mas nessas, de algum modo, algo nos fisga: um olhar que arranha nossa alma, uma palavra, um detalhe - se o cara explicar o princípio da incerteza então...
E aí, véio... O cara que tem culhões e nos enfrenta e dialoga...
...nos deixa completamente abobalhadas.
Aí começa o (des)encontro.
P.S. Minha filha achou que ainda não está no momento. Talvez com 18 anos...
Minha filha com recém 15 anos completos, nem quis ouvir falar em festa de aniversário, muito menos em festa de debutantes (esta á minha filha!!!), mas pediu uma guitarra para uma avó, um cavalete para a outra (que orgulho =) e me disse: "mãe, acho que tá na hora de ver como é o carnaval né?"
Antes de deixar de viajar para experimentar o carnaval, resolvi procurar um bloco no pré carnaval. Uma dica para melhor optar.
Assistimos a passagem de som do Sargento Pimenta "A hard day´s night" - adorou reconhecer Beatles!!!! E eu ainda mais =)
E ficamos no meio da avenida, sentadinhas numa sombra enorme que estava dando sopa, na concentração:
- Xiiiii, mais 4! Agora a coisa vai piorar. O lugar está bom, mas não é a toa que está vazio
Uma senhora, sentada ao lado da netinha. Irônica e fresquinha, nos abordou de soslaio..
- Por que? Não entendi... Tá ruim aqui?
Pensei que alguém tivesse vomitado no lugar, um enxame de abelhas, sei lá... Alguma encrenca braba por alí. Ah, desligamos e ficamos naquela sombra enoooorme, vendo o povo passar com fantasias mega divertidas.
Eis que 3 caras com aparência de bons meninos, naquele estado carnavalesco, começaram a dar o ar da graça: cantavam todas as meninas que passavam, sem parar! Cantadas das mais diversas, ininterruptas!
- Entendeu agora? Eles não param!!!!!
Os meninos estavam recarregando a pilha qdo sentamos. Mas éramos, segundo a velhinha, 4 moças e o bicho ia pegar! "Carregados", nem olhavam para os lados e só se dirigiam ao fluxo que passava pela avenida.
Foi divertido ver a cara de tédio das meninas kkkkk
Aí enfim encontraram uma amiga de longa data! E ela se aproximou com outras amigas! Todos se cumprimentaram, pediram para que tirássemos fotos, e pensei: agora eles se acertam!
Que nada! Ficaram tímidos! Mal se entrosaram com as garotas, loucas para conhecê-los - eles tinham cara de boa família...
E minha debutante:
- Nossa mãe, achei que eles melhorassem quando saíssem da escola!!!!
Ri MUITO!!!!!!
A nossa cara com as trapalhadas dos meninos é de tédio mesmo - pô, pelo visto desde sempre!! - O jeito folião com que se aproximam ou como querem chamar nossa atenção nos diverte, mas em geral é o mesmo: um certo abobalhamento do comportamento.
Mas nessas, de algum modo, algo nos fisga: um olhar que arranha nossa alma, uma palavra, um detalhe - se o cara explicar o princípio da incerteza então...
E aí, véio... O cara que tem culhões e nos enfrenta e dialoga...
...nos deixa completamente abobalhadas.
Aí começa o (des)encontro.
P.S. Minha filha achou que ainda não está no momento. Talvez com 18 anos...
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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
A vida feita de alianças
Acho que sempre fui cagona para encarar um relacionamento. Nunca apostei todas as fichas num só investimento, ou num só trabalho... Simpatizo muito com planos B.
Não me lembro de ter decidido ficar noiva, ou de ter decidido me casar. Eu sei que nós estávamos na faculdade, lendo o jornal, e vimos um super anúncio de ofertas de alianças no Mappim. Adorávamos passear no centro de SP e este era um bom motivo para passear por lá.
Estava barato mesmo: compramos. E vestimos. Achamos legal, oras...
Todos passaram a nos cumprimentar pelo "noivado". Achei chic rs...
Elas eram beeeeem fininhas mesmo, e vivíamos tirando lasquinhas da pele, tal lamínula que eram.
Meu pai já não usava aliança há muuuuuito tempo - achava uma tremenda besteira, e incomodava. Minha mãe quase teve o dedo enforcado por aquilo! Conseguiu tirar com sabonete, e resolveu encostá-la.
Era uma época em que ela havia conhecido uma ourives e então decidimos: simbolicamente derretemos as alianças dos meus pais, juntamos com as nossas, e fizemos umas mais decentes que não nos arranhavam mais.
Baita aliança!!!! Via-se de longe! Aquela aliança não era mais de brincadeira de liquidação de Mappim, era de verdade!!! Terminada a faculdade, começamos a trabalhar... casamos.
Família feita, casa pronta, não é que fui assaltada e levaram minha bolsa com a aliança dentro? Senti mais pela bolsa, novinha!!! A aliança... sabe que nunca dei muita importância para isso? Ela sempre me pescou, nunca procurei por ela.
Até tentamos. Pegamos a dele, derretemos e fizemos 2 novas. Mal se via a diferença entre a original e a substituta...
Pouco tempo depois... despimo-nos delas em meio a lágrimas intermitentes. Guardamos.
Acho...
Ontem, sei lá pq, resolvi procurá-la.
Revirei a casa!!!
Não achei.
Poxa, não achei meeesmo!!! Nem sei quando a perdi.
Eu vejo o mundo a minha volta... tudinho planejado! Toda a vida afetiva planejada...
Cara... para mim, acho que foi circunstancial. Minhas decisões afloraram do momento, da experiência, sem dar a menor importância para os rituais ou para as convenções. E acho que por isso deu tudo certo.
Tudo muito certo. De nada me arrependo.
E eis que me vejo corretamente desprovida de alianças.
Para assim ser ou para, enfim, por outras ser atropelada.
Não me lembro de ter decidido ficar noiva, ou de ter decidido me casar. Eu sei que nós estávamos na faculdade, lendo o jornal, e vimos um super anúncio de ofertas de alianças no Mappim. Adorávamos passear no centro de SP e este era um bom motivo para passear por lá.
Estava barato mesmo: compramos. E vestimos. Achamos legal, oras...
Todos passaram a nos cumprimentar pelo "noivado". Achei chic rs...
Elas eram beeeeem fininhas mesmo, e vivíamos tirando lasquinhas da pele, tal lamínula que eram.
Meu pai já não usava aliança há muuuuuito tempo - achava uma tremenda besteira, e incomodava. Minha mãe quase teve o dedo enforcado por aquilo! Conseguiu tirar com sabonete, e resolveu encostá-la.
Era uma época em que ela havia conhecido uma ourives e então decidimos: simbolicamente derretemos as alianças dos meus pais, juntamos com as nossas, e fizemos umas mais decentes que não nos arranhavam mais.
Baita aliança!!!! Via-se de longe! Aquela aliança não era mais de brincadeira de liquidação de Mappim, era de verdade!!! Terminada a faculdade, começamos a trabalhar... casamos.
Família feita, casa pronta, não é que fui assaltada e levaram minha bolsa com a aliança dentro? Senti mais pela bolsa, novinha!!! A aliança... sabe que nunca dei muita importância para isso? Ela sempre me pescou, nunca procurei por ela.
Até tentamos. Pegamos a dele, derretemos e fizemos 2 novas. Mal se via a diferença entre a original e a substituta...
Pouco tempo depois... despimo-nos delas em meio a lágrimas intermitentes. Guardamos.
Acho...
Ontem, sei lá pq, resolvi procurá-la.
Revirei a casa!!!
Não achei.
Poxa, não achei meeesmo!!! Nem sei quando a perdi.
Eu vejo o mundo a minha volta... tudinho planejado! Toda a vida afetiva planejada...
Cara... para mim, acho que foi circunstancial. Minhas decisões afloraram do momento, da experiência, sem dar a menor importância para os rituais ou para as convenções. E acho que por isso deu tudo certo.
Tudo muito certo. De nada me arrependo.
E eis que me vejo corretamente desprovida de alianças.
Para assim ser ou para, enfim, por outras ser atropelada.
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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Por vezes. Só por vezes.
Por vezes me canso de lutar,
Aquela luta leve e dispersa
Delicada nos gestos
Fina e aguda
Cansada mesmo.
Será que cabe pedir que se aproxime?
Que me empreste sua força, só por um momentinho?
... é que, por vezes, bailo na curva.
Só por vezes.
Aquela luta leve e dispersa
Delicada nos gestos
Fina e aguda
Cansada mesmo.
Será que cabe pedir que se aproxime?
Que me empreste sua força, só por um momentinho?
... é que, por vezes, bailo na curva.
Só por vezes.
sábado, 15 de fevereiro de 2014
e no auge do verão
Foi ontem,
Eu, desancorada,
Solta na beira do mar
e aquela tsunami me engolia
Eu, desancorada,
desviava e procurava o ar
como se fazia possível
As paixões me arrebatando
os olhos de espanto
solapados pelo brilho da vida
Viciei na adrenalina
...
Mas o que será que ocorreu
que trouxe tanta paz...
O brilho vivo nunca fora tão intenso
Mas agora, diferente de outrora,
ele me preenche
c o m p l e t a
Estou, sim,
estou aqui.
Bem aqui.
Bem aqui.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
"Deu merda..."
Este texto veio bem a calhar...
http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2014/02/13/carta-ao-raskolnikov-brasileiro/
1. Então vou contar um causo, uma típica briga entre irmãs.
Como de hábito, a irmã caçula encheu o saco da primogênita adolescente que estava quietinha no canto dela. Foi o jeito que a primeira encontrou para chamar a atenção da última, já que ter irmã adolescente é como voltar a ser filha única.
Encheu tanto, mas tanto, que a primogênita se inflou de ódio e avançou como uma tigresa sobre a caçula. As garras marcaram o braço da irmã.
A mãe, como deve ser, correu ao quarto com aquele grito indecente para impedir sei lá o quê. O sangue escorria pela lesão. Fiquei puta pela pele marcada! Passou a destilar todo o verbo para a imoralidade daquela agressão.
Até que vi uma lágrima contida, dolorosa, escorrer pelos olhinhos da minha adolescente cheia de hormônios pululando naquele corpo em definição: "Mãe, vc acha que estou feliz por ver o que eu fiz com ela? Pára de falar! Já deu!"
É... entendemos. Deu merda...
2. Vamos para o causo 2, baseado nos fatos dispersos pelos jornais.
Y dirigia muito bem. Era rápido, bom no golpe de vista: passava sem arranhão pelas frestas no trânsito parado E em movimento de SP. Naquele dia foi para uma balada dirigindo - não tinha grana viva para o taxi apesar da curta distância. Bebeu um ou 2 drinques, mas sabe que é forte, difícil ficar bêbado. Ok, mas resolveu esperar até amanhecer para pegar o carro e voltar para casa - era pertinho mesmo...
No meio do caminho, um ciclista em sua direção.
Estava rápido, queria voltar logo para a casa - pertinho - antes que uma blitz o pegasse. Vinha o ciclista, a rua estreitou, mas era bom no golpe de vista e...
Ufa, passou.
Olha pelo retrovisor, nada de ciclista
Um bolo de sangue no banco do passageiro - um braço!!!!!!!!
DEU MERDA!!!!
Quando dá merda, não se consegue deixar por isso mesmo. A raiva pela merda instalada quer encontrar um culpado e extravasar-se. Jogam-se pedras meeeeeesmo e crucificam!!!!!
Aí vem:
SE as unhas não estivessem compridas
SE ele fosse uma mão cega no volante
SE não tivesse levado um rojão para a manifestação
e vai além
SE ela engolisse a raiva
SE ele não fosse para a balada
SE ele não fosse à manifestação
...
SE ficássemos trancados na caverna para evitar a merda...
Sabe, de novo tenho receio de entrar na pieguice, mas é verdade. Como em Crime e Castigo. Como na resolução do primeiro causo, presenciado e experienciado:
Continuação do 1 causo:
Tanto a mãe quanto a caçula enxergaram aquela dor. A culpa não seria esquecida por conta daquela cicatriz!
Eis que pego as duas, em dado momento, resolvendo naturalmente o problema. A primogênita, artista nata, desenhou uma lindeza com os traços marcados na pele. Uma BAITA lindeza!!!!!!!!
Mãe, quando eu crescer vou fazer essa tatoo! Olha que linda!!!!!!
Bah! O amor, sempre ele. Não aquele amor piegas, que a moral cristã prega. Ou aquele amor de perdição que diz cegar o outro. Trata-se do amor puro, tal qual a intuição pura de Kant. Ou ainda, o amor íntegro, honesto, na justa medida, que vem do espírito, generoso em sua integridade e não no seu dever.
Este amor, que por conta desse estrago nele feito pela linguagem comum agora é necessário ser aprendido, trabalhado, esculpido; transforma sim! Como com Raskolnikov por Sonietchka.
Este amor resultante, que é mais fácil perceber no exercício da maternidade, nos ensina a acolher.
Não há "e se". Há a possibilidade de dar merda, da qual não se pode fugir. Somos humanos soltos na vida, e a característica dela e nossa é a imprevisibilidade. Previsível é só a cadeia de razões explicativas que parecem dar conta do passado e se metem a prever o futuro. Um auto-engano que nos faz nos privar da vida.
Procura-se sempre evitar a merda. Mas ela acontece! Há que se aprender a acolhe-la e nos transformar em seres melhores. E isso, sem pieguisse, só se aprende com o amor digno.
Para os outros, uma cicatriz
Para nós, uma tatoo, linda de doer!
http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2014/02/13/carta-ao-raskolnikov-brasileiro/
1. Então vou contar um causo, uma típica briga entre irmãs.
Como de hábito, a irmã caçula encheu o saco da primogênita adolescente que estava quietinha no canto dela. Foi o jeito que a primeira encontrou para chamar a atenção da última, já que ter irmã adolescente é como voltar a ser filha única.
Encheu tanto, mas tanto, que a primogênita se inflou de ódio e avançou como uma tigresa sobre a caçula. As garras marcaram o braço da irmã.
A mãe, como deve ser, correu ao quarto com aquele grito indecente para impedir sei lá o quê. O sangue escorria pela lesão. Fiquei puta pela pele marcada! Passou a destilar todo o verbo para a imoralidade daquela agressão.
Até que vi uma lágrima contida, dolorosa, escorrer pelos olhinhos da minha adolescente cheia de hormônios pululando naquele corpo em definição: "Mãe, vc acha que estou feliz por ver o que eu fiz com ela? Pára de falar! Já deu!"
É... entendemos. Deu merda...
...
2. Vamos para o causo 2, baseado nos fatos dispersos pelos jornais.
Y dirigia muito bem. Era rápido, bom no golpe de vista: passava sem arranhão pelas frestas no trânsito parado E em movimento de SP. Naquele dia foi para uma balada dirigindo - não tinha grana viva para o taxi apesar da curta distância. Bebeu um ou 2 drinques, mas sabe que é forte, difícil ficar bêbado. Ok, mas resolveu esperar até amanhecer para pegar o carro e voltar para casa - era pertinho mesmo...
No meio do caminho, um ciclista em sua direção.
Estava rápido, queria voltar logo para a casa - pertinho - antes que uma blitz o pegasse. Vinha o ciclista, a rua estreitou, mas era bom no golpe de vista e...
Ufa, passou.
Olha pelo retrovisor, nada de ciclista
Um bolo de sangue no banco do passageiro - um braço!!!!!!!!
DEU MERDA!!!!
...
Quando dá merda, não se consegue deixar por isso mesmo. A raiva pela merda instalada quer encontrar um culpado e extravasar-se. Jogam-se pedras meeeeeesmo e crucificam!!!!!
Aí vem:
SE as unhas não estivessem compridas
SE ele fosse uma mão cega no volante
SE não tivesse levado um rojão para a manifestação
e vai além
SE ela engolisse a raiva
SE ele não fosse para a balada
SE ele não fosse à manifestação
...
SE ficássemos trancados na caverna para evitar a merda...
Sabe, de novo tenho receio de entrar na pieguice, mas é verdade. Como em Crime e Castigo. Como na resolução do primeiro causo, presenciado e experienciado:
...
Continuação do 1 causo:
Tanto a mãe quanto a caçula enxergaram aquela dor. A culpa não seria esquecida por conta daquela cicatriz!
Eis que pego as duas, em dado momento, resolvendo naturalmente o problema. A primogênita, artista nata, desenhou uma lindeza com os traços marcados na pele. Uma BAITA lindeza!!!!!!!!
Mãe, quando eu crescer vou fazer essa tatoo! Olha que linda!!!!!!
Bah! O amor, sempre ele. Não aquele amor piegas, que a moral cristã prega. Ou aquele amor de perdição que diz cegar o outro. Trata-se do amor puro, tal qual a intuição pura de Kant. Ou ainda, o amor íntegro, honesto, na justa medida, que vem do espírito, generoso em sua integridade e não no seu dever.
Este amor, que por conta desse estrago nele feito pela linguagem comum agora é necessário ser aprendido, trabalhado, esculpido; transforma sim! Como com Raskolnikov por Sonietchka.
Este amor resultante, que é mais fácil perceber no exercício da maternidade, nos ensina a acolher.
Não há "e se". Há a possibilidade de dar merda, da qual não se pode fugir. Somos humanos soltos na vida, e a característica dela e nossa é a imprevisibilidade. Previsível é só a cadeia de razões explicativas que parecem dar conta do passado e se metem a prever o futuro. Um auto-engano que nos faz nos privar da vida.
Procura-se sempre evitar a merda. Mas ela acontece! Há que se aprender a acolhe-la e nos transformar em seres melhores. E isso, sem pieguisse, só se aprende com o amor digno.
Para os outros, uma cicatriz
Para nós, uma tatoo, linda de doer!
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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Para além das palavras
Será que percebe o que há além das palavras?
Se por vezes são
ou ásperas
ou curtas
ou enroladas
ou doces
...
Preste atenção:
a real é a vontade de palavra
vontade de interagir
... de te tocar
Quero falar com vc
Quero tocar em vc
Quero abraçar vc
Quero brigar com vc
Quero @#$!%&^ vc
Quero ... vc
As palavras nada importam
...são só o que me resta
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Escrito nas estrelas
Quanto mais vivo, mais acredito que haja "mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia".
Os gregos sabiam de tudo, pq Descartes ainda não existia. A razão fascina pq tudo explica e dá uma impressão de que o mundo caminha sob nossas rédeas. E aí, vale a pena visitar o que os gregos diziam.
Platão em "A República" dizia que qdo morremos, entramos num lago do esquecimento antes de reencarnar. Mas ficava uma pista: a admiração pelo Belo.
E como isso é louco: por vezes irmãos com a mesma formação têm gostos díspares! Afinidades totalmente diferentes. E, talvez, nosso estilo de vida vá de acordo com nossas escolhas que são ditadas fundamentalmente pelo gosto, pelo que achamos Belo.
No início da vida, aquela coisa de pensar no futuro faz com que deixemos o gosto de lado. Ou, temos a ilusão de que ele fica de lado em prol do dever, do que a razão dita como certo, verdadeiro e útil.
Mas... com a experiência passamos a prestar mais atenção nisso e percebemos o quanto isso é determinante em nossa vida. Perseguimos um ideal estético sim. Não um estético do luxo, do consumo, vazio, mas um Belo como os gregos - o que nos cativa como ético e consistente.
Talvez, só talvez, seja esta a pista para realizar o que fomos feitos para fazer. Ou o que dizem, nossa missão como seres humanos que somos. Quando nos sentimos no bom caminho ou, naquele trilho feito para nós ou, o rumo certo ao Belo, atingimos uma sensação de plenitude que passamos ao outro. Passamos por ser natural, e não pq achamos certo ajudar ao próximo.
Deste modo, meu caro, se te amo, faço bem feito. É consistente. É pelo bom caminho para atingir o que sinto como Belo.
Estava ou, está, escrito nas estrelas.
Os gregos sabiam de tudo, pq Descartes ainda não existia. A razão fascina pq tudo explica e dá uma impressão de que o mundo caminha sob nossas rédeas. E aí, vale a pena visitar o que os gregos diziam.
Platão em "A República" dizia que qdo morremos, entramos num lago do esquecimento antes de reencarnar. Mas ficava uma pista: a admiração pelo Belo.
E como isso é louco: por vezes irmãos com a mesma formação têm gostos díspares! Afinidades totalmente diferentes. E, talvez, nosso estilo de vida vá de acordo com nossas escolhas que são ditadas fundamentalmente pelo gosto, pelo que achamos Belo.
No início da vida, aquela coisa de pensar no futuro faz com que deixemos o gosto de lado. Ou, temos a ilusão de que ele fica de lado em prol do dever, do que a razão dita como certo, verdadeiro e útil.
Mas... com a experiência passamos a prestar mais atenção nisso e percebemos o quanto isso é determinante em nossa vida. Perseguimos um ideal estético sim. Não um estético do luxo, do consumo, vazio, mas um Belo como os gregos - o que nos cativa como ético e consistente.
Talvez, só talvez, seja esta a pista para realizar o que fomos feitos para fazer. Ou o que dizem, nossa missão como seres humanos que somos. Quando nos sentimos no bom caminho ou, naquele trilho feito para nós ou, o rumo certo ao Belo, atingimos uma sensação de plenitude que passamos ao outro. Passamos por ser natural, e não pq achamos certo ajudar ao próximo.
Deste modo, meu caro, se te amo, faço bem feito. É consistente. É pelo bom caminho para atingir o que sinto como Belo.
Estava ou, está, escrito nas estrelas.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Para os dias de marmota
Hey! Escute no comecinho do dia,
aquele que parece ontem, amanhã e sempre:
Sim, sim, estou pensando em vc:
Dou aquele abraço apertado rapidinho enquanto está sentado na cama terminando de se vestir, de perder o fôlego até
Te encho de beijinhos no rosto enqto faz aquela cara emburrada
Sento na mesa da cozinha contigo, com aqueles mimos que pega na geladeira e no armário das guloseimas
E vamos falar mal do dia que chega!!!!!
Para, rapidinho, voltar no fim do dia
de cara amarrotada, atropelada pelo cotidiano
E eu me penduro no teu pescoço que mal agüenta o peso da cabeça
assim que abro a porta
Te encho de beijinhos no rosto enqto faz aquela cara emburrada
Sento na mesa da cozinha contigo, com aqueles mimos que pega na geladeira e no armário das guloseimas
E vamos falar mal do dia que foi!!!!!
Worse together? rsrs
Nãaaaao, fofinho...
It's always better when we're together =)
aquele que parece ontem, amanhã e sempre:
Sim, sim, estou pensando em vc:
Dou aquele abraço apertado rapidinho enquanto está sentado na cama terminando de se vestir, de perder o fôlego até
Te encho de beijinhos no rosto enqto faz aquela cara emburrada
Sento na mesa da cozinha contigo, com aqueles mimos que pega na geladeira e no armário das guloseimas
E vamos falar mal do dia que chega!!!!!
Para, rapidinho, voltar no fim do dia
de cara amarrotada, atropelada pelo cotidiano
E eu me penduro no teu pescoço que mal agüenta o peso da cabeça
assim que abro a porta
Te encho de beijinhos no rosto enqto faz aquela cara emburrada
Sento na mesa da cozinha contigo, com aqueles mimos que pega na geladeira e no armário das guloseimas
E vamos falar mal do dia que foi!!!!!
Worse together? rsrs
Nãaaaao, fofinho...
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domingo, 2 de fevereiro de 2014
Sabedoria de feicebuqui
"Mulher é assim, demora a cansar, tenta de todas as maneiras possíveis.
Mas cara, quando cansa, não tem declaração que a faça voltar atrás."
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Mas cara, quando cansa, não tem declaração que a faça voltar atrás."
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Pseudocontrole - por uma existência planejada
Inspirada pelo filme de Lars V T
Há 2 formas clássicas de se fugir do amor: explicá-lo e filtrá-lo ao sexo.
O bicho homem está muuuuito mal acostumado. Tem a ilusão de controlar a própria vida. Acha que previne e trata as doenças, qquer moeda mata sua fome, outros tantos matam seu desejo.
Mas e o amor? Chega qdo mal esperamos, e vai em descompasso com o previsto.
E isso é tremendamente irritante! Pode nos fazer sair dos trilhos!
Perder o emprego.
Perder a razão.
Perder o controle do prazer.
E aí?
E aí que o abafamos com a razão. Desviamos a antena para coisas mais úteis.
E se transa com as características almejadas:
Um te cuida
Outro te pega como tigresa
Outro canta ao seu ouvido
Outro te acaricia
Outro te instiga
Outro deita no teu colo
Outro troca a lâmpada do teu quarto
Outro dirige p vc...
Outro te pega de papai e mamãe
Outro por baixo
. . .
Agora sim, tem tudo o que quer, inclusive sob controle total da razão
Não há entrega. Não há troca.
Como chupar bala com papel. Falta sabor. Não se sente e nem aprende com o outro.
Parece chavão até. Mas este é o sabor da vida sim. O afeto, o amor.
Se ao explicar algo, teu corpo brilha
Ou se a transa é única,
Já sabe: na ausência, a vida não passa de existência.
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