quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A vida feita de alianças

Acho que sempre fui cagona para encarar um relacionamento. Nunca apostei todas as fichas num só investimento, ou num só trabalho... Simpatizo muito com planos B.

Não me lembro de ter decidido ficar noiva, ou de ter decidido me casar. Eu sei que nós estávamos na faculdade, lendo o jornal, e vimos um super anúncio de ofertas de alianças no Mappim. Adorávamos passear no centro de SP e este era um bom motivo para passear por lá.

Estava barato mesmo: compramos. E vestimos. Achamos legal, oras...

Todos passaram a nos cumprimentar pelo "noivado". Achei chic rs...

Elas eram beeeeem fininhas mesmo, e vivíamos tirando lasquinhas da pele, tal lamínula que eram.

Meu pai já não usava aliança há muuuuuito tempo - achava uma tremenda besteira, e incomodava. Minha mãe quase teve o dedo enforcado por aquilo! Conseguiu tirar com sabonete, e resolveu encostá-la.

Era uma época em que ela havia conhecido uma ourives e então decidimos: simbolicamente derretemos as alianças dos meus pais, juntamos com as nossas, e fizemos umas mais decentes que não nos arranhavam mais.

Baita aliança!!!! Via-se de longe! Aquela aliança não era mais de brincadeira de liquidação de Mappim, era de verdade!!! Terminada a faculdade, começamos a trabalhar... casamos.

Família feita, casa pronta, não é que fui assaltada e levaram minha bolsa com a aliança dentro? Senti mais pela bolsa, novinha!!! A aliança... sabe que nunca dei muita importância para isso? Ela sempre me pescou, nunca procurei por ela.

Até tentamos. Pegamos a dele, derretemos e fizemos 2 novas. Mal se via a diferença entre a original e a substituta...

Pouco tempo depois... despimo-nos delas em meio a lágrimas intermitentes. Guardamos.

Acho...

Ontem, sei lá pq, resolvi procurá-la.

Revirei a casa!!!

Não achei.

Poxa, não achei meeesmo!!! Nem sei quando a perdi.

Eu vejo o mundo a minha volta... tudinho planejado! Toda a vida afetiva planejada...

Cara... para mim, acho que foi circunstancial. Minhas decisões afloraram do momento, da experiência, sem dar a menor importância para os rituais ou para as convenções. E acho que por isso deu tudo certo.
Tudo muito certo. De nada me arrependo.

E eis que me vejo corretamente desprovida de alianças.
Para assim ser ou para, enfim, por outras ser atropelada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário