Sonnet 43
When most I wink, then do mine eyes best see,
For all the day they view things unrespected;
But when I sleep, in dreams they look on thee,
And darkly bright, are bright in dark directed.
Then thou, whose shadow shadows doth make bright,
How would thy shadow's form from happy show
To the clear day with thy much clearer light,
When to unseeing eyes thy shade shines so!
How would, I say, mine eyes be blessed made
By looking on thee in the living day,
When in dead night thy fair imperfect shade
Through heavy sleep on sightless eyes doth stay!
All days are nights to see till I see thee,
And nights bright days when dreams do show thee me.
W. Shakespeare
Receita de bolo é feita para se errar. Quem a escreve sabe bem como fazê-lo crescer e ficar úmido. A importância está em se detalhar o uso do fermento - basta não esquecê-lo que tudo dá certo. Os secos, os líquidos, sempre assim. Substitui-se o sabor e dá tudo certo.
E para quem a lê? Primeiro a confusão em se apertar todos os ingredientes no pequeno espaço da cozinha. Liga o forno já? Acho que ainda não, se não, pega fogo na casa. Farinha, fermento, leite, ovos, açúcar, chocolate em pó (amargo? Toddy? Nescau? Poxa, e aí colocamos menos açúcar? Mas açúcar faz parte dos sólidos, pode deixar a massa... líquida). E as medidas: fáaacil! Xícara tem tudo o mesmo tamanho, não? Colher de sopa é do mesmo tamanho em qualquer faqueiro... Diferença milimétrica não importa. Tampouco a diferença entre o que se usa para os sólidos e para os líquidos. E ovo é tudo do mesmo tamanho também!
Ok, aquela bagunça de formas, restos de ingredientes pela cozinha toda, untar a forma - pode coisa mais irritante do que as falhas da farinha? Por que não gruda tudo de jeito uniforme? Ligo o forno - que temperatura? E se a forma for mais alta, o fogo a 180 graus não vai atingir a mesma temperatura no interior do bolo do que se a forma for mais baixa... Ou vai?
Enfim, se para quem escreveu a receita "não tem como errar", para quem a segue "não tem como acertar". E se o bolo cresce, é pura sorte. Ou não?
Há sempre um saber que passa despercebido quando a razão ilumina o conhecimento. Um saber que se passa na penumbra e no silêncio, nas entrelinhas. Muitas vezes o questionamento infinito das evidências nos fazem patinar na real engrenagem. Giramos em falso. Afastamo-nos cada vez mais do entendimento, das sensações. E como iluminar as lisas representações nos rouba o pensamento! Esquecemo-nos de nos aprofundar nas dobras que desvelam a essência das coisas.
Ciente, insisto em te perseguir nos meus dias.
Descrente, procuro me aquecer com tua sombra nos meus sonhos.