quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sistema Zumbi

A noite de Berlim foi considerada uma das melhores do mundo. De fato, chegamos no aeroporto às 21:30 e, até entendermos as direções e transporte, passamos por uma baldeação em que entrávamos no portal dimensional "Transeuntes de Berlim às 22:30". Hipermovimentada, gente de todas as tribos, barraquinha de salsichões e chorizos, músicos de todos os estilos com uma caixinha à frente para as moedinhas...

Dia seguinte fomos conferir. Berghaim, acho q era o nome. Gente de todos os tipos na fila. Certinhos, loucos, piercing, barba, não barba, sujinhos, ajeitadinhos.. E nóis lá. Fila enorme, 3 caras tipo "easy rider" na porta, alguns entravam, outros eram barrados. Os barrados, de todos os tipos.

Nossa vez. O cara fez 3 com os dedos. Consentimos. Pediu para esperar e chamou um cara lá de dentro. O cara, gordo, cabelos compridos e barba, tatoo, penduricalhos por tudo, tipo do que tinha "zen, a arte da manutenção de motocicletas" na cabeceira...

- Sorry, ladies...

Eu, ação/reação

- Why?

- Just go!!!

O mais legal era o ajuntamento entre os barrados: indignação, decepção, orgulho ferido... E uma câmera! A voz dos excluídos, dos que enfrentaram a zona de transição entre tribos.

Mais tarde, fim (meio?) de balada, no primeiro trem do metrô, uns caras turcos ébrios, provavelmente longe de belas palavras, suscitaram a fúria de uma garota ao nosso lado, que lhes jogou cerveja na cara! Vieram os guardinhas e seguraram a menina totalmente descontrolada!

Enfrentamento, tensão étnica e sexual nesta zona de transição que aflora no espaço do sistema zumbi.


Posso dizer, sem impafia nem falsa modéstia, que vivo num espaço aparentemente imune a preconceitos: brancos, heterossexuais, luxo possível (intelectual, cultural e financeiro).. Ou o que, culturalmente é o responsável por discriminar. Minha amiga ficou puuuuta por ter sido barrada no baile. Eu, lógica que sou, entendi o funcionamento do método: mulher entra na sauna gay? Mulher canta no coral dos luteranos? Homem entra em... casa de noivas? Ué, estavamos sóbrias, sem piercing, sem tatoos à mostra, de vestidinhos... Nada a ver com a tribo daquela casa techno. Enqto a razão dá uma escapadinha, o que acontece nestes momentos ébrios, o contraste pode pegar na veia e suscitar a tensão.

Mas... temos que ter o direito de escolha! Que fique por conta e risco de cada um enfrentar o tempo e espaço que quiser.  

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