Pascal:
"Les hommes sont si nécessairement fous que ce serait être fou par un autre tour de folie de n’être pas fou’. (...) Il faut faire l’histoire de cet autre tour de folie, de cet autre tour par lequel les hommes, dans le geste de raison souveraine qui enferme leur voisin, communiquent et se reconnaissent à travers le langage sans merci de la nonfolie...”
De vez em quando tenho um ideal de perfeição, do que é mais simples e belo e correto... Eu me lembro de ter lido em um livro, do W Heisenberg do princípio da incerteza... sobre Einstein... o simples e o belo e a natureza.
Ou, a natureza é bela e simples
É.. o que é. Sem porquês. Sem lógica conhecida ou óbvia.
Ora.. tem retina podre que não cola de jeito nenhum!
Não consigo fazer minha filha entender que não se deve deixar ninguém esperando por ela.
Existe gente que insiste em nos agredir, e não conseguimos entender de onde vem tanta raiva
... ou não há raiva nenhuma, e nem é intencional
Tem gente que simplesmente... não dá conta. Tem todas as ferramentas, mas não dá conta
Parece que a Natureza tem sua simplicidade que desafia a nossa capacidade de compreensão. A simplicidade exclusiva dela.
E eu... preciso parar com minha intransigência. Ou ainda, preciso aceitar que se trata de uma intransigência, inclusive aquela de não concordar com minha intransigência.
Não se trata de "me conformar"
Mas é tentar me abrir para a beleza da simplicidade do que escapa ao meu entendimento...
Cada vez mais vamos colecionando estas fotografias...
De vez em quando, assim como a famosa madeleine de Proust, uma música, a temperatura do sol, o vento nos ouvidos, um aroma... acaba nos abrindo um portal em que nelas mergulhamos de novo.
E, arrebatador como um soco, nos invade de jeito tal... que tudo experienciamos de novo.
A intensidade das imagens, do som, das sensações, é outra... Sabemos sim ter ficado em alguma parte do tempo que não é o presente. Mas de algum modo, o aconchego e a dor do afeto retorna.
É como o som do cello, um lamento...
Como as coisas são difíceis... Por que amar não basta?
... é sempre a mesma conclusão. Que venho escrevendo por todos estes anos.
Eu sei que a visão se desenvolve nos primeiros anos de vida. Se passar disso, e o olho não for estimulado, já era. E o que estimula um olho? Uma imagem nítida.
A visão, e isto é um tema que particularmente muito me agrada, foi comparada ao saber, ao conhecimento deeeeeesde os pré-Socráticos. Portanto, desde que houve registro ou transmissão do conhecimento. O que se vê, existe. Afinal, é o nosso órgão do sentido mais poderoso ao se comparar com os outros seres vivos.
Mas o que percebo, com o passar dos anos.. é que a MESMA imagem não é coincidente de pessoa para pessoa. Por vezes, até para nós mesmos em momentos diversos. E isto tentando ser o mais objetivo possível, sem entrar nos meandros da arte, da subjetividade, do gosto...
De novo, sutilmente, nosso cérebro com a capacidade peculiar de tapar buracos.
Sim, tvez não somente a imagem nítida, como os nossos vícios cerebrais nos primeiros 5 anos de vida acabem por fundamentar algumas verdades com uma definição tal que, suspeitar delas chega a derrubar o chão em que pisamos.
Nem vou citar exemplos por aqui. Afinal, cada um tem sua lógica ou, sua forma, muito particular e por vezes intransferível.
Mas meu objetivo aqui é só salientar que nossa realidade é sim frágil. Que o nosso chão se mantém por um fio. E que a única coisa que nos conecta ao mundo, e cada vez mais acredito nisso, é o
AFETO!!!!!
nossa única verdade. Volátil. Mas é o que realiza a vida.
Estamos, pouco a pouco, desestabilizando muitos trilhos que percorríamos sem pensar. Não basta mais escolher a carreira e @ parceir@ para definir como será o resto da vida, tal como nos contos de fada.
E isso traz uma tremenda insegurança...
O que se vê é um bando de gente circulando sozinho, mas fazendo os mesmos movimentos. Uma pseudoliberdade, encerrada na premissa do não-compromisso. Afinal, um compromisso sério NÃO existe (pq a traição é inerente à espécie humana), e se realmente houver disposição para isso, implica em privar-se da liberdade.
Deste modo, ou assume-se comprometido e confinado, ou solteiro e livre.
Como é difícil para um ser humano racional com os pés no chão, enjaular-se e enjaular o outro, opta-se pela solidão.
Mas sabe o que estava pensando? O erro é justamente este!!! Vincular a fidelidade ao compromisso, e não ao amor.
O amor sim, fideliza e cria trilhos em comum. Não o compromisso.
O amor traz a vontade de construir e partilhar. Não o compromisso.
É o amor que nos ilumina quando abrimos os olhos e enxergamos a pessoa certa ao nosso lado - e não há nada mais eternizante do que isso.
Minhas amigas dizem que passo tanta firmeza ao outro quanto uma gelatina rsrs.. Que não conseguem confiar em alguém tão serelepe...
Mas, veja, o fato de desacreditar no "compromisso" não quer dizer que não se acredita na força e na fidelidade que traz o amor. Este sim, se bem cuidado, pode ser eterno.
Com o passar do tempo, queremos sempre mostrar uma face inabalável. Acho que isso vai com a profissão. Médico tem um pouco disso: precisa se colocar como esteio, como porto seguro... Minhas filhas vivem me chamando de "mãe-rata", como aquela mãe do filme da "Ponyo" que dirige no meio da tempestade.
Mas não é bem assim...
Acho que este post vai servir um pouco para eu começar a enfrentar meus fantasmas. O pior deles é a frustração profissional. Quando uma cirurgia não dá certo. Claro que fico remoendo: "e se eu tivesse feito isso, ou aquilo, ao invés do que fiz..." E isso duuuuraaaaa... Quanto mais grave o caso, maior a frequência dos retornos e, sempre que vejo o nome do paciente na agenda do dia, é aquela COISA!!
Alguns colegas destratam o paciente. Ignoram. Nem querem ver na frente. Não querem encarar a sensação de fracasso.
Eu... faço meu possível para acolher o paciente. Mas é como se eu acolhesse meu fracasso. Como se, a todo momento, fizesse questão de bem-tratar a cagada para me punir: "sua incompetente! Tá vendo a merda que fez? Vê se aprende!!!"
E isso ARRUINA meu dia. Uma tremenda tristeza, dá vontade de ficar na cama o dia todo e me esconder do mundo:
Culpa e vergonha.
Se o que nos paralisa é o medo e a preguiça, o que nos afunda é a culpa e a vergonha. Faltou essa para o Kant. Com certeza sobre isso escreveu, eu é que não tive a competência para encontrar.
Vamos tentar usar um pouco da sabedoria de Kant. Ora, para tentar levantar (ou afundar de vez!) não se pode ter nem medo nem preguiça de enfrentar a culpa e a vergonha de ter feito uma cagada.
Pacientes queridos (lembro-me de cada um... Agora a sra., D. Vera), desculpa pela cagada. Eu realmente tentei de tudo. Não sei se teria outra alternativa. Não sei se deixei de fazer algo. Talvez estivesse em melhores mãos se escolhesse outro médico...
Ou talvez, eu tenha sido a escolhida para ampará-la caso este momento difícil ocorresse...
Sim, bola pra frente! Vem chão por ai! Estou por aqui...
Lembro-me que esperava sempre pelos quadrinhos da Turma da Mônica.. Mensal, tvez (naquela época, a sensação de tempo era incrivelmente diferente da atual).
Não era sempre que havia uma historinha do Louco. Mas quando havia... eu deixava pro final. Eu ficava intrigada. Alguma coisa me perturbava, e por isso gostava tanto.
Havia um joguinho tbém, nem me recordo o nome, acho que era "Ratoeira". Eu sei que eu montava uma sequência em que a bolinha ia passando por lugares absurdos, até que uma velhinha mergulhava em uma banheira, e "trap"! Rato pego.
Lembrou-me o início desta animação..
Esta sequência, assim como o quadrinho do "Louco", e como do joguinho da "Ratoeira", fascinam-me pelo mesmo motivo: o caminho da bolinha...
Ora, vamos tentar explicar.
As conexões!
Sempre procuramos o sentido das coisas. O "pra que serve?" ou "a moral da história" ou até.. o porquê das coisas.
Mas, sabe, por vezes as conexões não fazem sentido algum!!!!
-não serve para nada
-não há moral alguma
A gente tem a impressão de que saiu como entrou: com um enorme ponto de interrogação na testa que continua no vazio, sem nos preencher. No vácuo. No absurdo. No espaço zero...
O que perturba é que existe sim algo de belo.
Justamente a conexão é que faz todo o sentido no absurdo do vazio das coisas!
Acho que hj colei nas asas. Mas o problema é que acho que não são bem elas que me fazem voar...
Sabe, tvez um dia possamos conversar de peito aberto, sem medo de nos machucarmos..
Ou não...
O fato é que agora foi minha vez de escolher. Acho que cansei de navegar, e resolvi atracar num porto. Não é qualquer porto. É um que me fascina, instiga a cuidar: podar as plantas, retirar as ervas daninhas, limpar a área e colocar umas orquideas, cactos (não mudei tto assim rs)...
Acho que deixei o mar para trás. Vou desbravar o continente!!!
Mas queria deixar claro, pelo menos neste espaço virtual:
Te encontrei no meio do oceano, e isso foi um Belo presente!
Navegamos na calmaria, na tempestade, nas nuvens, percorremos do magma ao quasar...
Não poderia ser mais Belo!! Ou, poderia ter sido ainda mais Belo se neste barco tivessemos confiado como o único e suficiente porto seguro.
Mas não demos conta. Eu fiz uns buraquinhos e vc os arrombou...
Sabe... Só pelo encontro no meio do oceano, já valeu =)
Sou-Lhe grata
Cuide-se
terça-feira, 9 de abril de 2013
Isso lembra as manhãs dos fins de semana..
De pijama, no sofá, sem lição de casa =)
Segundo Kant o que nos paralisa, de fato, é o medo e a preguiça...
Por vezes sou meio Macunaíma mesmo, quero ficar quietinha em casa, deitada numa rede, sem vontade alguma de mexer um músculo... Dá preguiça até de respirar...
Mas passa! Ahhh se passa! Isso já aprendi a contornar, com muuuuuita energia:
"CUM FÉ!!!!!" - a noção de DEVER. Isso é o que me salva. Preciso funcionar.
Mas o medo...
no meu caso, é direcionado! E tem coisas intransponíveis:
O MAR:
-é escuro
-é gelado
-incontrolável
-e o pior - não tem AAAARRRRR
Ok, pode ser um medo imaginário... Nunca me afoguei no mar escuro, ainda bem!
Se eu tentar me lembrar, na minha vida, em uma situação vivida em que senti medo de fato... um pânico naquele momento... em que o único movimento possível parecia ser a morte (nem a morte era mais forte que o medo)...
-era escuro
-frio (sem gente)
-incontrolável
-umas luzinhas amarelinhas do estacionamento, vazio... só. Nenhum apartamento com luz.
-sem ter para onde ir
-sem AAAARRRRR Aprisionada na noite
Sabe, deve ter algo a ver. A sensação de medo e falta de ar precisa ser desconstruída.
-noite ou, ausência de luz
-mar - asfixia
Poxa, tanto fascínio pelo mar... Já foi tão ovacionado... O barulhinho bom... as ondas...
SIM!!!!!!
ONDAS!!!!
A física, a filosofia, o pensamento puro, a imaginação, a arte... sempre salvam!
Tudo não passa de
ondas
som
luz
mar
=)
Agora, meus caros, na toada deste som que só a arte e imaginação pura de Vivaldi poderia trazer, o mar é feito de LUZ!!!!!
Que esta me salve,
e que leve embora todo este medo desta asfixia que tanto me freia.
Que esta me ilumine,
e me leve para um bom caminho.
- Posso te pedir que me ensine? Agora não dou conta sozinha...