Mas não é bem assim...
Acho que este post vai servir um pouco para eu começar a enfrentar meus fantasmas. O pior deles é a frustração profissional. Quando uma cirurgia não dá certo. Claro que fico remoendo: "e se eu tivesse feito isso, ou aquilo, ao invés do que fiz..." E isso duuuuraaaaa... Quanto mais grave o caso, maior a frequência dos retornos e, sempre que vejo o nome do paciente na agenda do dia, é aquela COISA!!
Alguns colegas destratam o paciente. Ignoram. Nem querem ver na frente. Não querem encarar a sensação de fracasso.
Eu... faço meu possível para acolher o paciente. Mas é como se eu acolhesse meu fracasso. Como se, a todo momento, fizesse questão de bem-tratar a cagada para me punir: "sua incompetente! Tá vendo a merda que fez? Vê se aprende!!!"
E isso ARRUINA meu dia. Uma tremenda tristeza, dá vontade de ficar na cama o dia todo e me esconder do mundo:
Culpa e vergonha.
Se o que nos paralisa é o medo e a preguiça, o que nos afunda é a culpa e a vergonha. Faltou essa para o Kant. Com certeza sobre isso escreveu, eu é que não tive a competência para encontrar.
Vamos tentar usar um pouco da sabedoria de Kant. Ora, para tentar levantar (ou afundar de vez!) não se pode ter nem medo nem preguiça de enfrentar a culpa e a vergonha de ter feito uma cagada.
Pacientes queridos (lembro-me de cada um... Agora a sra., D. Vera), desculpa pela cagada. Eu realmente tentei de tudo. Não sei se teria outra alternativa. Não sei se deixei de fazer algo. Talvez estivesse em melhores mãos se escolhesse outro médico...
Ou talvez, eu tenha sido a escolhida para ampará-la caso este momento difícil ocorresse...
Sim, bola pra frente! Vem chão por ai! Estou por aqui...
Estou por aqui, sempre.
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