sábado, 31 de dezembro de 2011

Para 2012



Ouvir e tocar mais Beatles.

Só.

O resto vem =)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Onde a reta faz a curva

A fome era tanta
Que comemos
Nosso beijo

domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal anárquico



Este ano fizemos diferente. Um risoto de carne seca, damascos, uvas passas, nozes, champagne e canela muuuuito louco, um couscous marroquino com lulas, pimentões, abobrinhas e muuuito azeite. Nada de peru, pernil, tender, presentes, badulaques de natal. Família-philia anárquica, agregados, desagregados, uma apendicite de emergência no meio do caminho...

Uma tal loucura que coleto alguns fragmentos na memória

Descalços na garagem
Abdominais no meio da sala ao som de Talking Heads
Dançando na frente das câmeras do elevador
Uma doce expressão bem pertinho de mim
Promessas inconscientes
... até indecentes!

Amigos queridos, e no cerne, estamos sempre lá!

Na anarquia dos fragmentos dessa vida louca em que tudo que começa tem um fim, este elo forte e querido é para todo o sempre!!!

E que seja só o primeiro desta nova tradição em que fazemos exatamente o que queremos, com quem escolhemos, ao acaso, sem imposições (i)morais!





quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

devaneios iniciais sobre a causalidade e a sincronicidade

Estamos acostumados a observar a natureza e, à partir dela, entendermos o mundo. Portanto, há certos fatos que são causas de outros. Por exemplo, uma coisa queima com o fogo. Congela com a baixa temperatura. Com a água, molha.

Causa... e efeito.

 Como nossa primeira aventura racional, as criancinhas entram naquela fase pentelha do "porque".
"Por que queimou?" "Porque pegou fogo." e instantaneamente passa para níveis que por vezes até nos confundem.

Confundem... pq a relação entre a causa e o efeito em alguns casos é duvidosa.

Mas temos uma mania de enfiar a causalidade em tudo, e sossegamos.
Assim, por que me resfriei? Porque peguei friagem.
Por que o grau da miopia aumentou? Porque não usei o óculos direito.
Por que minha boca entortou? Porque peguei o vento de lado.

Por mais avançadas as pesquisas científicas, sempre existe uma margem de incerteza na validade do complexo causa-efeito em determinadas instâncias. Principalmente se relacionados à estatística.

Aí entra Jung. Se, em uma sala, uma pessoa estiver tirando cartas do baralho e se, em outra, outra pessoa estiver com uma imagem de uma carta na psique, as duas imagens coincidem com maior freqüencia do que é estatísticamente provável.
1. O inconsciente é um domínio de objetos (complexos e imagens arquétipas - fantasia e padrão de comportamento universal do inconsciente coletivo. Portanto, não se pode afirmar que os arquétipos tenham uma natureza puramente psíquica) assim como
2. o mundo real é o domínio de pessoas e coisas.
3. Estes objetos internos do inconsciente afetam a consciência do mesmo modo que as pessoas e coisas.
4. As intuições e pensamentos que surgem do inconsciente, repousam ocasionalmente na superfície do ego (diferente das construções racionais que a consciência adora fazer)
5. Estando os arquétipos no inconsciente, e considerando-no não completamente psíquico, conclui-se que situam-se num contínuo com o mundo físico e externo!!!

De novo, os arquétipos situam-se entre o psiquico e o mundo físico!!!

A sincronicidade é definida como uma coincidência significativa entre eventos psíquicos e físicos (como o evento das cartas do baralho) e, se bem entendi, ligados por arquétipos, cujo evento escapa da relação causal.

Isso tudo para explicar o que não tem explicação. O que ocorre e que vemos como "magia".
Quando "intuimos" e sentimos o que o outro sente.
Quando faz-se uma ligação inexplicável que escapa à racionalidade. E realmente escapa, dado que pertence ao mistério do inconsciente que é ligado sim aos eventos reais.

Como diz M.Stein em "Jung - o mapa da alma": Ingressar no mundo arquetípico de eventos sincronísticos gera a sensação de se estar vivendo na vontade de Deus.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Perpetuum Mobile



Sempre achei que o tempo fosse implacável, que tudo poderia modificar

Mas tem coisa que não muda.
Podemos pintar com outras cores
    aromatizar com flor de laranjeira
        tocar outras músicas

Não adianta.
A melodia central é a mesma.

Desisto.

Sabe, se vc bater na porta da minha casa,
mesmo que ela esteja ocupada,
serei obrigada a abrir

... e deixar que entre =)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

toctoctoctoctoctoc



Existe o TOC (transtorno obsessivo compulsivo) fisiológico, em que as áreas cerebrais acometidas são as mesmas do distúrbio, porém trata-se de um comportamento dito como "normal".

Este TOC fisiológico é permitido como natural entre as mulheres no período puerperal. A sensação de que o bebê é frágil e sucumbirá a qualquer momento, nos deixa enlouquecidas.
Se ele pára de mamar pq se cansou, colocamos a mão na frente do narizinho para ver se ele está respirando
Se ele está dormindo, colocamos a mão na frente do narizinho para ver se ele está respirando
Se ele está acordado, colocamos a mão na frente do narizinho para ver se ele está respirando
Se ele está sorrindo, colocamos a mão na frente do narizinho para ver se ele está respirando

 
C i R C u l A m o S ao redor do bebê. O comportamento obsessivo vai girando e construindo uma redoma protetora ao seu redor. Aparentemente, foi o grande ganho da nossa espécie que conseguiu fazer com que sobrevivêssemos até hj.

Existem ainda duas situações similares. Uma delas é a paixão. Ahhh, que vício! Com a pior das síndromes de abstinência, já que TODOS ao redor hipervalorizam e até acham que o apaixonado é um sortudo - vê se pode! Ainda têm a pachorra de invejá-lo...
Se o cara não responde na hora, achamos que o cara está em outra
Se o cara foi fazer supermercado e não está em casa, achamos que o cara está em outra
Se o cara pára para ler um livro, achamos que o cara está em outra
Se o cara não olha nos nossos olhos, achamos que o cara está em outra

C i R C u l A m o S ao redor do amor. A gente se mata, dilacera, rumina, acaba com o nosso tempo útil para construir uma armadura protetora em torno desta bomba tão frágil... Pq parece que a qualquer minuto pode explodir. E se explodir... só mortos e feridos, ninguém se salva!!!

E a última das situações, o luto. PUTA dor!!!. Coletamos lembranças, fotografias, papeizinhos, palavras, poemas, recados, sons, músicas, cheiros... Por evitá-los, neles mergulhamos. Um redemoinho do qual não conseguimos escapar!!! Gira, gira, em torno daquele ponto maaaaaaiiisss profundo, e que está se afundando e insistimos em rodeá-lo. Uma força incontrolável... Putz, mas se está afundando, por que mergulhamos?
Pq foi bom. Pq a ele nos apegamos demais. E pq insistimos em alimentá-lo para que sobreviva...


AINDA bem que a medicina avança! A ressonância magnética, os neurotransmissores, isso tudo que comprova o TOC fisiológico e dele consegue, quando convém, nos tirar...

... e viva a medicina!!!!!


     

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sintonia



Incrível como, quando sentimos uma conexão, ela realmente existe.

Evidente que por vezes estamos fora de sintonia com o outro, 
ou melhor, 
entramos em sintonia com uma massa que sufoca a real percepção daquela pessoa em especial...

Mas geralmente, um olhar lúcido detecta qualquer movimento harmônico.

Eu não sei por que é mais fácil deixar para lá do que esclarecer...
verificar se a música rolava mesmo.
A gente tem uma mania de achar que só foi importante para nós.
Uma mania de achar que não passamos de uma pulga para o outro.
Um alguém a mais.

Acho que só temos a ganhar quando conseguimos, 
enquanto ainda é tempo, 
esclarecer e viver o que nos traz aquele sorriso nos lábios, escrachado ou tímido...
Aquela alegria só por ela,
sem pensar no que será dos outros dias ou das possíveis tempestades,
ou o que deveria ser ou fazer para harmonizar tudo no seu devido lugar.


O que não é mais permitido!
Ficar com aquele nó na garganta ao saber, 
quando já não dá mais, 
que aquela sintonia fina e especial sempre existiu.



 

Assim, é tempo de  M E R G U L H A R !!!!

Se a água estiver gelada... basta nadar rapidinho que o corpo esquenta =)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Uma questão de gosto

Neste domingo de calmaria, estava folheando uma revista bem cuidada, imagens coloridas e bonitas, gente elegante... anúncios de produtos para poucos. Dentre eles, um relógio de pulso (alguém ainda usa relógio de pulso?) bonitão, cheio de números, lembra daqueles beeeem tradicionais: Patek Philippe "considerada a marca mais artesanal por ter em congruência uma filosofia desafiadora e inovadora. Não é à toa que alguns de seus modelos estão entre os mais cobiçados. O Platinum World Time é um deles. Foi desenvolvido em 1946 e vendido apenas em 2002. Feito de platina, indica diversos fusos horários por um custo de 6 milhões de dólares". Capice?!?!?! 6 milhões de dólares!!! De pronto me lembrei que essa era das cifras mais elevadas do meu imaginário infantil



Ele era mais forte... mais rápido... super-visão!!! Atributos únicos por 6 milhões de dólares.
São únicos "igualmente" aqueles que compram um Platinum World Time "artesanal e de uma filosofia desafiadora e inovadora".

Uma loucura por se diferenciar dos outros. "O melhor dos iguais" - como o título de um dos álbuns do Premê


Relógios Patek Philippe, bolsas XYZ, sapatos ZYX, citações no facebook, vomitadas de conhecimento rápido wikipedia, leitura das resenhas dos livros, filmes por traillers ou críticas de jornal... leitura de jornal novelescas... camisetas com estampas desde "Armani" a "WWF"

Para manifestar um gosto. Uma questão de gosto... Como será que apareceu?

De acordo com Flandrin, na História da Vida Privada, "A distinção pelo gosto", o "Bom gosto" foi inventado no século XVII. Com a queda aristocrática, o berço, a riqueza e o brilho da nobreza poderiam ser comprados pelos burgueses. Consumia-se o luxo. As diferentes classes poderiam se comunicar - e se confundir!

Ah, mas a aristocracia tinha "bom gosto"... Só um paladar aguçado, de berço, permitiria apreciar uma iguaria. Isso estendeu-se às artes. Assim ele aparece como a primeira "virtude" social que relacionava a interioridade (o gosto) com a aparência. E assim, o gosto demonstrava um modo de distinção social.

A parte em que o gosto reflete, na aparência, o que o indivíduo sente e como ele se relaciona com as coisas, é legítima. É bacana.
O problema é quando se deseja ter uma aparência distinta dos outros e, à partir da aparência desejada, moldar o próprio gosto. Aparência de intelectual, ou de alternativo, ou de quem tem berço, ou de burguês (olha só como as coisas mudam!)... Quando se quer ser igual aos melhores. Completamente ilegítimo e indecente. Usar uma bolsa reciclável fashion e fazer questão dos saquinhos de supermercado para colocar na lixeira, pode ser tão indecente quanto usar um relógio Platinum World Time. Assim como casar na igreja com uma puta festa e gostar de se dizer ateu (intelectual tem essa mania).

Comprar uma distinção social e se render à vida besta.

Ai que náusea...

sábado, 10 de dezembro de 2011

Kairós


E se eu te abraçasse com ternura, te olhasse nos olhos e te dissesse que é o homem da minha história?
Que desde a primeira vez que te vi, me senti em casa?
Que quando te vi dormindo ao meu lado, acariciei teu rosto e incrivelmente não vislumbrei o fim...

Por que será que não o disse?
Medo. Sempre antecipando o fim. Mania de desmerecer o futuro...

Mas a mesma verdade que eu presenciava nos teus braços é a que sustenta uma plácida lucidez de que a força destas palavras encontrará o caminho certo. No tempo certo.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Presentão!

De uma querida amiga,

4 Cantos "Brasil Pandeiro" from Zapipele Filmes on Vimeo.

Para colorir mais uma 6f chuvosa... Só o samba salva!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mr. and Mr. Smith

Conheci X numa balada. Um fofo, querido demais.
A empatia foi imediata e passamos um tempão conversando sobre tudo... na verdade, conversando sobre o que mais aflige a natureza humana de uma mulher e de um gay: homens!!!
X estava louco para casar.

Passou-se um tempo, e o encontrei com Y. Um casal gracinha. Sorridentes, educados, parceiros.
A empatia foi imediata e passamos um tempão conversando sobre o que mais aflige a natureza humana: casamentos rsrs
Sim, estavam casados! Em menos de 1 mês, X foi morar com Y. Estavam em lua de mel...

Encontramo-nos de novo no carnaval...
Eu, sempre no mundo da lua... mas me lembro de algumas cenas:

Y nos levava para jantar, para conhecer tudo que é lugar
X sorria para todo mundo
X sumia...
Y desesperado atrás dele

De novo, cruzei com eles por aí. Enquanto dançávamos, eles se perdiam no meio das "almôndegas" de gente. Um labirinto de pernas, braços, mãos, línguas...
Experimentações...

E ontem... decidindo sobre nossa próxima aventura...
X: "Não dá mais... Ele é muito controlador. Comigo não rola. Ele é incrível, adoro-o, mas está muito fragilizado... Estou dando um tempinho para que melhore e consigamos sair desta bem."
Y: "Estou passando por um momento tão difícil... Eu tenho uma cabeça aberta, mas ele mora na minha casa e traz os casos dele aqui! Já conversamos, mas não adianta. Ele é uma graça, adoro-o, mas precisa arranjar outro lugar para ficar. Estou dando um tempinho para que se arranje e consigamos sair desta bem."

A cada toque do telefone, "quem era?" A cada nome suscitado na mesa, "quem é?"
E o olhar desesperado...
aquele que deseja encontrar o que se perdeu.
aquele, servo, que busca no olhar do outro o brilho que não mais lhe pertence...

Comportamento legítimo. Mas não é digno...

O luto é cruel, sim. Péssimo. Daqueles que não se quer mais enfrentar nesta vida. Mas necessário...
Há que se ter dignidade para conservar nossa integridade.

Deixar partir.

Queridos, "Cuide-se!"

domingo, 4 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A whole new world

Ainda me lembro de quando estava para prestar o vestibular para medicina, e de repente veio uma dúvida quanto à escolha da carreira...

Isso costuma acontecer. A estabilidade do "pra sempre" sempre deixou-me estarrecida.

Até hoje guardo com carinho uma conversa que tive com um professor querido nos banquinhos à frente do Anglo. Quando eu dizia tudo que queria fazer e conhecer, sentia-me flutuar nas minhas palavras que se propagavam pelo mundo real e imaginário, até perder-se de vista... Eu me sentia no tapete mágico que meu pai descrevia enquanto tentava nos fazer dormir. Da minha cama quentinha, sobrevoava locais conhecidos e desconhecidos no silêncio da noite: escola, a chácara, a casa dos meus primos... e meu pai era ousado! Montados no tapete tecido por suas palavras, chegávamos à lua, aos planetas do sistema solar, ao universo!!! Acho que daí veio essa minha vontade de percorrer este mundão infinito montada na segurança das minhas palavras...

Aí o meu professor disse: "mas vc quer abraçar o mundo com o dedo mindinho?"

Ele bem estava certo. Em parte. Os pés precisavam de chão. Lembrava-me de que o gostoso não era estar flutuando no tapete mágico. Gostoso era fazer isso no aconchego da cama quentinha e fofa.

Saí da conversa decidida! A primeira das escolhas, por minha conta e risco. Mergulhei naquele mundo biomédico, cada vez mais específico. Nele há sim, um leque de opções ainda. Mas sentia que eram variações sobre o mesmo tema. A cama quentinha já havia sido conquistada. O tapete... passeava nos caminhos previsíveis.



Eu precisava de AAARRrrr. Aquela sensação boa das histórias de dormir pelas palavras do meu pai, oprimia-me cada vez mais...



Uma frestinha da janela se abriu e pulei! Eu me lembrava de outra frase do meu professor querido: "nenhuma escolha é definitiva. Se não der certo, oras, volte atrás!"

O que percebo hoje em dia... Mesmo as escolhas que julgo equivocadas movimentam-me. Ou seja, se aparentemente uma porta se fecha, isso nos permite olhar para os lados (esse passo é fundamental!). Se nos mantivermos atentos a tudo que não é aquela porta que se fechou, descobriremos um mundão enorme (ok.. esse passo também é fundamental!)



É impressionante como percebo que, a cada escolha, o que apreendemos preenche ainda mais aquela caminha confortável. Este sossego e talvez lucidez são combustível para identificar um número cada vez maior de "portas abertas". E voltamos a escolher em qual entrar. Não se trata de uma busca desesperada pelo novo. Trata-se de uma plácida lucidez que nos permite manipular com rapidez e eficácia nosso olhar em grande angular e zoom.
Deliberar...
E escolher.

Sem medo nem preguiça, como sugere Kant.
Atento ao kairós, como sugere Foucault.

"Encarnamos" assim uma dimensão livre e autônoma que nos traz a segurança para abraçar um mundo ilimitado e ousado, como aquele que meu pai nos apresentava.