domingo, 27 de novembro de 2011

Tempo traiçoeiro

Tento agora canalizar esse mundo que no momento paira sobre mim. Uma certa saudade de quem via nos corredores, nas festas, nas salas de aula. De quem eu só era capaz de sentir a presença. Nada mais. E porque nem me permiti. Sempre deixava "para a próxima vez". Esse é um vício torto mesmo...

Uma presença leve, feito passarinho. Artista, poeta, sensível, doce de mel...

Acordei naquele dia e deparei com canções lindas... e pedi lincença para compartilhar:

toda licença poética é mto bem vinda = ) faz parte duma parceria entre a hilda hilst (com uma série de poemas sobre Ariadne e Dionísio) e composição musical do zeca baleiro (Ode Descontínua para Flauta e Oboé), com mais ná ozzeti, monica salmasso, bethania....... afe! quedo-me silente......



Uma alma tão doce... Guerreira, de quem saiu da casa cheia de verde, cantos de passarinhos, cheiro de flor...

"Na nossa casa amor-perfeito é mato
E o teto estrelado também tem luar
A nossa casa até parece um ninho
Vem um passarinho pra nos acordar 
Na nossa casa passa um rio no meio
E o nosso leito pode ser o mar

A nossa casa é de carne e osso
Não precisa esforço para namorar
A nossa casa não é sua nem minha
Não tem campainha pra nos visitar
A nossa casa tem varanda dentro
Tem um pé de vento para respirar"
Arnaldo Antunes

... e veio estudar na cidade grande cinza, barulhenta, cheia de trancas e medo - e como é difícil, bem sabemos.

O que será que se passou...

Talvez eu saiba. Talvez um dia tenha vivenciado tudo isso. Por vezes parece que o momento em que estamos é só um momento. Que o outro será melhor. Como aquela pipoca de saquinho rosa - a gente sempre espera uma mais crocante e doce, e sabemos que virá. Quanto mais jovens, mais acreditamos na quantidade de pipocas porvir. A morte talvez fosse mais crocante e doce do que o gosto sem gosto que estava na sua boca...

Mas o que mais amarga o gosto na boca, é a distância que nos impôs. Impossibilitar aquela vontade que eu tenho de ligar e me encontrar com vc, ver seu sorriso doce, e dizer como me encanta. Mesmo sabendo que, se estivesse por aqui, continuaria "deixando para depois". Por que deixo de falar com quem gosto, com quem realmente vale a pena cada encontro, neste momento em que tenho vontade?

Por que sempre achamos que o tempo é nosso amigo?

De certo, ele é traiçoeiro... Rouba-nos o melhor - o presente momento.

"afe! quedo-me silente..."


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