Pascal: "Les hommes sont si nécessairement fous que ce serait être fou par un autre tour de folie de n’être pas fou’. (...) Il faut faire l’histoire de cet autre tour de folie, de cet autre tour par lequel les hommes, dans le geste de raison souveraine qui enferme leur voisin, communiquent et se reconnaissent à travers le langage sans merci de la nonfolie...”
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Aerosol
Existem muuuitas pessoas nesse mundo. Com muitas aptidões tbém.
Eu me lembro do meu anúncio de jornal da época da adolescência:
- magrinho
- camiseta por fora da calça
- camisa xadrez
- barba por fazer
- brinco
- de preferência que tocasse algum instrumento
- louco por livros
- se fosse politizado com uma tendência vermelhinha, tto melhor
Na época, na escola, um ou outro era assim. Raridade total!
Na medicina, ídem! Aí fui na minha primeira festa na Biologia. Gente, TODOS os meninos eram assim!!! Tinha uma fogueira e tocavam violão por lá! Aí fui na SBPC. O nosso alojamento era como uma festa gigante da Biologia! Ah, se eu tivesse a cabeça de hoje naquele cenário... Eh vida de desencontros mesmo rsrs...
Acho que isso deve ser como no começo de uma carreira promissora. Sei lá, vc já arrasou no primeiro emprego, cheio de vontade, e zilhões de ofertas.
Ou então para a mulherada louca por sapatos e bolsas. Começam com um tradicional scarpin da Louboutin e, dado este primeiro passo estratosférico, iniciam a vida de Oscar Freire, qdo não estão de férias para detonar na 5 avenida de NY ou a Champs Elysées... Sempre uma nova oferta.
Como se comprometer com um trabalho ou com uma pessoa, ou seja, "vestir a camisa" como dizem, dado que o que o mundo tem a nos oferecer é infinito?
Aí vem a solução: on line... off line. Passar por tudo como um fluxo de água, sem nada levar e sem que nada levem de nós. Uma corredeira, em que nada é capaz de nos enroscar. Um magrinho, outro para te mandar poesia, outro com camisa xadrez, outro para tocar violão contigo, outro para ler Dostoiévski e falar mal da Katerina Ivanovna. Não há perigo de se enrolar e ter aquela dor no peito quando tudo terminar, culpar e se sentir culpada, ser taxada de insensível, feladaputa, orgulhosa...
Sempre, inevitavelmente, o ônus de começar um relacionamento ou vestir a camisa de um emprego ou sociedade, é imaginar como vai terminar:
"vou levar uma rasteira"
"vou ser corneada"
"vai aparecer outro melhor, com 3 das 8 características almejadas"
"vai aparecer a posição dos meus sonhos"
Ou seja...
Vive-se no provisório. Hipoteca-se o presente em prol do futuro, da oferta que está por vir.
Ai cara pálida... Não é assim!!!! Vamos pensar um pouquinho?
Eu acho que existem 2 modos de encarar a vida.
- Tem gente que olha para o infinito mesmo! Confia, sei lá. Destemidos! São desprendidos. Não fazem questão de segurança - sem lenço sem documento, nada nos bolsos ou nas mãos. Querem seguir vivendo, apaixonam-se com uma mega facilidade, se jogam na dor e no prazer.. Passou, passou! Seguem vivendo. Leves, beeeeeem leves, aquele algodãozinho do dente de leão que ninguém consegue segurar nas mãos...
Mas é difícil, viu! Conheci um ou outro cara assim. Daqueles que, se a gente conseguir pegar, pode colocar no Curriculum Lattes rsrs.. E o cara some e reaparece sei lá de onde, como qdo atraca num porto só para reabastecer...
- Tem gente que levou rasteira e não quer levar de novo. Deu falta de ar, o Deus morreu, o chão se foi de repente... Evidente que se levanta, dá conta e sabe disso. Mas é mais fácil não cair e hipotecar o presente, tá melhor assim.
E eis que o mundo fica nestas conexões off line, cheio de células soltas no ar, pairando sobre o próximo porto e deixando a vida passar... E passa rápido, viu!
Talvez o lance seja encontrar a liberdade na segurança. Mudar o olhar. Ao invés de ver o bonde passar e ficar apto e rápido para pular no vagão que parece lhe interessar (assim como dele escapar), entrar no bonde, assumir o primeiro vagão e acolher toooda a emoção e beleza de, com ele, adentrar ao infinito:
- Trabalhar por conta própria, mesmo que seja na empresa alheia
- Relacionar-se de corpo e alma, confiar, destemer o fim - logo, viver o infinito da relação. "Se acabar" é o futuro e, tecnicamente, o que existe é o presente.
Acho que é isso! Tecnicamente, o que existe é o presente. Mas não é um "viver o presente"irresponsável.
É saber que dá conta do futuro para, com segurança, viver o presente sem medo.
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