sábado, 1 de março de 2014

Faxina interna - mais uma face do amor

Sempre detestei as atividades domésticas. Na realidade, há um bom preconceito nisso - tratado como tarefa menor, com baixa remuneração, mal visto... Talvez pq se confunda com obrigação, ou ainda apedrejado pelas feministas - putz, isso até foi necessário sim no contexto histórico, para solapar uma estrutura arcaica e desigual e tals... mas o duro, como qualquer ideologia, é qdo vira uma bandeira. Acho que a bandeira do feminismo detonou muita coisa na sociedade sim, mas isso é tema para outro post.

Volto às atividades domésticas.

De pouco tempo para cá, a falta de voz com a empregada e a invasão das formigas fizeram com que eu enfim me preocupasse com a limpeza. Sério.

Cara... com o tempo, qualquer suposta bobagem nos faz pensar na vida.

Enquanto eu lavava minha cama, descobri como o cuidar de algo nos traz afeto.

Eu achava que cuidar de uma relação era uma obrigação para mantê-la.
O cuidado como tarefa necessária e obrigatória para preservar alguma coisa. Digo tarefa pq é feita sem atenção, sem implicar numa vontade - na verdade, a tarefa implica num "que saco!!!"

Mas não é por aí...

Cuidar de fato, implica em afeto, implica em gostar, implica em vontade!!!!
É esse cuidado que nos faz gostar da relação com o objeto. De certa forma, o vínculo nos traz um tipo de posse até. Faz-nos sentir que o objeto é especial, o que dá vontade de cuidar ainda mais.

É isso!!!!!

Não é exatamente o objeto que se faz nosso. A relação com ele é que é nossa e especial. E a própria relação nos faz gostar ainda mais do objeto e senti-lo ainda mais especial. E, para mim neste momento, descubro que o cuidado com prazer é uma das ferramentas sim.

Acho que, cuidar da casa, uma atividade socialmente vista como desprezível , ensinou-me a temperar e saborear o amor com outras papilas gustativas.

Eu me lembro de alguém muito especial ter me dito um dia que se deveria viver 2 vezes.
Acho que discordo.
O bacana desta vida, não é fazer certo. É aprender um outro olhar. As descobertas!!!

A escuta atenta é ainda mais preciosa e sublime do que o dizer que quer atenção.

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