sexta-feira, 31 de maio de 2013

A graça, a religião, a fé

Outro dia estava conversando sobre deus...

São poucos os que realmente não conseguem ter esta fé. Ou pelo menos, são poucos os que não ligam em dizer que este é um assunto tão corriqueiro quanto... o tempo... o que fez hj... o que comeu hj... enfim, trivial.

Uma amiga me disse que muito ajuda qdo somos gratas pela vida. Como se a vida fosse uma graça divina. Fomos presenteados com a vida, e por isso temos que ter uma certa passividade, agradecer pelo que vier.

Para mim, que não dou conta disso, acho que por ter sido criada por um cientista, a vida é um acaso. Quero colocar aqui o que entendo como acaso. É o que está fora da "causa-consequência" ou do "antes e depois". Dois conceitos interessantíssimos e libertadores, que definem praticamente todo o pensamento ocidental: a causalidade (bem aristotélico mesmo - o porquê do porquê) e a temporalidade (acho que vai mais para como Newton observava a natureza. Bem empírico mesmo. O gelo, qdo aquecido, derrete. Antes gelo, depois água. Independente da explicação. Ou então, antes semente e depois árvore. Coisa do tempo).

O acaso está fora disso tudo. Acontece sem explicação e sem haver um "antes". E sem sabermos do "depois". A sincronicidade funciona pelo acaso. Só entendemos o acaso se nos libertarmos da necessidade das explicações.

Muito bem, estou aqui por acaso. Não houve razão para o espermatozoide do meu pai encontrar o óvulo da minha mãe. Essa de que o espermatozoide foi o mais preparado para adentrar ao óvulo... eu truco. Por um acaso ele estava no lugar certo, na hora certa, e cá estou.

Será que existe uma necessidade para ser grata ao acaso? Não vejo assim.

Sou grata sim, ao que a vida tem a me oferecer. O mundo! Entretanto, a capacidade para ele enxergar em sua plenitude é um processo ativo. Muitas vezes, frente a um acontecimento indesejado, fechamos nossa janela por defesa mesmo. Facinho entrar nesta armadilha.

A atitude de se manter aberta às oferendas do mundo, e assim lhe ser grata, é totalmente ativa. É acordar e se abrir. Sim, nesta postura, até a movimentação da folhinha da árvore é Bela. Uma doença grave não é tão péssima assim. Nem a morte pode ser cruel. Trata-se de uma atitude, uma abertura para acolher a Natureza, ou, a vida, ou.. o acaso.

E isso não é completamente Heideggeriano? Totalmente Rilke?

Tenho sim amigos com uma super fé. Incrivelmente eles dizem que sou a mais religiosa de todos rs... Que, intuitivamente, digo o que eles lêem na Biblia.

Eu não curto a linguagem que encontro nestas biblias que caem na minha mão. Nem vejo graça ou novidade. Entretanto... foi escrita a mil mãos, não? A junção da verdade prática, da phronesis. Deve lá ter seu sentido.

Ok, como me foi sugerido, vou virar pastora rsrs... Dá mais certo que medicina. A fé (confiança) já é premissa...

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