sexta-feira, 31 de maio de 2013

Euforia

Estou em contagem regressiva rumo ao aeroporto, e tomei café. Logo, estou completamente

MALUCA!!!!!

Deste modo, dado que já estou com minhas filhas, dormi com elas na minha cama, tudojuntinho, abracei bastaaaaaaante e as beijei muuuuuito, falta vc.

Sim, vc mesmo. Sabe que é com vc que falo.

Lembre-se: TE AMO!!!

=)

Comigo, do jeito que sou, parece que isso sai fácil da minha boca, né? Mas não é bem assim. Eu simplesmente não tenho vergonha de dizer. Adoro amar. Acho que fui feita para isso.

Se estamos distantes, pode achar que, já que eu digo tão fácil, isso não tem a menor importância para mim e isto pertence a muitos... Ou que já era, deixei de amar.

Não é verdade...

Te amo sim. É único para mim. Pra lá de especial. Se estamos juntos ou distantes, é mera circunstância. Isto sim, não tem a menor importância para mim, ok?

Até a volta!

A graça, a religião, a fé

Outro dia estava conversando sobre deus...

São poucos os que realmente não conseguem ter esta fé. Ou pelo menos, são poucos os que não ligam em dizer que este é um assunto tão corriqueiro quanto... o tempo... o que fez hj... o que comeu hj... enfim, trivial.

Uma amiga me disse que muito ajuda qdo somos gratas pela vida. Como se a vida fosse uma graça divina. Fomos presenteados com a vida, e por isso temos que ter uma certa passividade, agradecer pelo que vier.

Para mim, que não dou conta disso, acho que por ter sido criada por um cientista, a vida é um acaso. Quero colocar aqui o que entendo como acaso. É o que está fora da "causa-consequência" ou do "antes e depois". Dois conceitos interessantíssimos e libertadores, que definem praticamente todo o pensamento ocidental: a causalidade (bem aristotélico mesmo - o porquê do porquê) e a temporalidade (acho que vai mais para como Newton observava a natureza. Bem empírico mesmo. O gelo, qdo aquecido, derrete. Antes gelo, depois água. Independente da explicação. Ou então, antes semente e depois árvore. Coisa do tempo).

O acaso está fora disso tudo. Acontece sem explicação e sem haver um "antes". E sem sabermos do "depois". A sincronicidade funciona pelo acaso. Só entendemos o acaso se nos libertarmos da necessidade das explicações.

Muito bem, estou aqui por acaso. Não houve razão para o espermatozoide do meu pai encontrar o óvulo da minha mãe. Essa de que o espermatozoide foi o mais preparado para adentrar ao óvulo... eu truco. Por um acaso ele estava no lugar certo, na hora certa, e cá estou.

Será que existe uma necessidade para ser grata ao acaso? Não vejo assim.

Sou grata sim, ao que a vida tem a me oferecer. O mundo! Entretanto, a capacidade para ele enxergar em sua plenitude é um processo ativo. Muitas vezes, frente a um acontecimento indesejado, fechamos nossa janela por defesa mesmo. Facinho entrar nesta armadilha.

A atitude de se manter aberta às oferendas do mundo, e assim lhe ser grata, é totalmente ativa. É acordar e se abrir. Sim, nesta postura, até a movimentação da folhinha da árvore é Bela. Uma doença grave não é tão péssima assim. Nem a morte pode ser cruel. Trata-se de uma atitude, uma abertura para acolher a Natureza, ou, a vida, ou.. o acaso.

E isso não é completamente Heideggeriano? Totalmente Rilke?

Tenho sim amigos com uma super fé. Incrivelmente eles dizem que sou a mais religiosa de todos rs... Que, intuitivamente, digo o que eles lêem na Biblia.

Eu não curto a linguagem que encontro nestas biblias que caem na minha mão. Nem vejo graça ou novidade. Entretanto... foi escrita a mil mãos, não? A junção da verdade prática, da phronesis. Deve lá ter seu sentido.

Ok, como me foi sugerido, vou virar pastora rsrs... Dá mais certo que medicina. A fé (confiança) já é premissa...

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Sala de Embarque

SEMPRE que vou pegar um avião é a mesma toada. Parece até período pré-Natal, a sensação de colocar a casa em ordem pq o mundo vai acabar. Corre com pacientes, corre com abastecimento do "bunker", corre com despedidas, corre com tudo...

De certo, cada vez somo mais argumentos para afastar esse medo irracional de avião - não tem plano B, já que não sabemos voar, né...
Estatisticamente a probabilidade de um avião cair é mínima. O transporte mais seguro que há.

Entretanto, qdo há um acidente aéreo, as consequências são devastadoras!!! E a gente SEMPRE conhece alguém que não está mais por aqui para nos contar a experiência.
Fatal.

Tvez seja este o efeito de um "trauma". Sabemos que é improvável que aconteça de novo, mas os efeitos são tão punks, que dá um medo e preguiça enorme de passar por tudo aquilo de novo.

Vamos reunir argumentos:
- o momento é outro
- saímos daquela. E portanto, sabemos a via de saída.
- as pessoas são outras - mesmo que sejam os mesmos, subjetivamente são outros.
- o mais importante: EU SOU OUTRA!!!

Precisamos confiar nas mudanças.
Precisamos nos limitar à nossa ignorância quanto à capacidade de previsão das coisas. Queremos tanto nos poupar, que nos achamos capazes de arquitetar o cenário de amanhã, baseado nos fatos do momento e do passado.
Vamos deixar a prepotência de lado e confiar.
.. um passo de cada vez
.. sabemos sim analisar, deliberar, os aspectos do momento e assim proceder a melhor escolha.

Eita, Aristóteles!!!!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Indignação.

Indignação: ação ou efeito de indignar-se. Sentimento de desprezo experienciado e/ou provocado diante de uma circunstância que demonstra indignidade, injustiça; revolta. P.ext. Excesso de ódio; raiva: a indignação provocada pela corrupção.

Já passei por isso. Desde o massacre na escola de Beslan, a capa da veja. Não consegui e nem quis colocar a foto por aqui. Revisitei-a, e o sentimento de indignação foi o mesmo.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u617415.shtml

Coisa ruim de sentir.

Desde então, não li mais jornais ou revistas ou noticiários... Isolei-me do mundo.

Mas, não tem jeito, as coisas batem à nossa porta mesmo. Os fatos que nos levam à indignação chegam ao nosso cotidiano pessoal. É algo que nos revolta, "excesso de ódio; raiva". Isso pq nos sentimos impotentes! É gigantesco, e não depende de nós. Não está ao nosso alcance. Não há instituição da justiça dos homens que faça reverter. Nem minhas mãos.

Não é uma questão de tempo. Sei lá, se encontrássemos os caminhos de minhoca, de nada adiantaria. Ou, muito pouco.

Não há explicação, ou, não depende da lógica que conheço para justificá-la. Tento, por A + B, conhecer e compreender para acolher... não há!

Pois bem... o que me conforta é saber que minha lógica, minha racionalidade de entendimento não é a única. As pessoas têm sua lógica própria, seu entorno particular e único, e é impossível a ele nos transpor para compreender seus atos. Elas fazem o melhor que têm ao alcance das mãos, e o que está ao alcance (lógica, ferramentas, acaso) é único e intransponível.

O que talvez eu precise aprender é aceitar e acolher a cólera. Não posso lhe virar a cara, ou colocá-la embaixo do meu tapete. A cólera é mais um sentimento, assim como a paixão, o amor, a gratidão...
Não faz bem fechar as portas para ela, pq as portas acabam um pouco se fechando para todo o resto do mundo. E isso, definitivamente, NÃO combina comigo!



quinta-feira, 23 de maio de 2013

Lembrete

Saiba,

Que não haverá quem te ame, como eu.

Afinal, te conheço bem.

Estive contigo nos piores momentos. Nos mais vulneráveis, em que tentava se esconder de vc mesmo. Fingi que não notava, mas tudo percebi. Tudo enxerguei.

E me enterneci...

Quem sabe um dia entenda.

;)

Aridez e asfixia

Qdo assisti ao filme, não tinha noção do que era.

Revi.

Punk! É isso mesmo...

Assumo que ressinto pela falta de entendimento entre homens e mulheres. Os homens devem enlouquecer, perdidos, com esse vazio que nos invade. A falta de ar.


Sinceramente...

Acho que se as coisas chegam a este ponto... é o amor que se foi. Restam só as obrigações, estas que nos sufocam e dá vontade de sair correndo, para

R E S P I R AAARRRR

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Salve, Leminski!



E eu que me envergonhava do ciúme...

Sessão "Leminski salva!"




segunda-feira, 20 de maio de 2013

Aceleração zero: vácuo

Para o colo de mãe, quando eu cabia
Para encher meu colo de mãe, quando sobrava

Para o silencio do quarto acarpetado,
quando me enfiava sob o edredon quentinho

e quando teu abraço me acalmava, qdo tremia

"um passarinho
volta pra árvore
que não mais existe

meu pensamento
voa até vc
só para ficar triste"- mais Leminski

Capitu

Para vc que fugiu dos meus olhos, vai um Leminski que sabia das coisas:

"as flores
são mesmo
umas ingratas

a gente as colhe
depois elas morrem
sem mais nem menos
como se entre nós
nunca tivesse
havido vênus"

Deveria ter percebido que ele só aparece qdo se perde dos teus

Decreto

No meio do azedume,
só os poetas salvam
- ou nos afundam de vez!

Rilke foi passear um bocadito.

Vou de Leminski...


Bem no fundo 

No fundo, no fundo, 
bem lá no fundo, 
a gente gostaria 
de ver nossos problemas 
resolvidos por decreto 

a partir desta data, 
aquela mágoa sem remédio 
é considerada nula 
e sobre ela — silêncio perpétuo 

extinto por lei todo o remorso, 
maldito seja que olhas pra trás, 
lá pra trás não há nada, 
e nada mais 

mas problemas não se resolvem, 
problemas têm família grande, 
e aos domingos 
saem todos a passear 
o problema, sua senhora 
e outros pequenos probleminhas.

Parada cardíaca

Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.
Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.



Birds

Eu me lembro de que me vangloriava de ser imune às desgraceiras deste nosso país varonil. Não leio mais jornais, evito rodinhas que discutem política...
Sempre achei o povo que vive reclamando muuuuuuito preguicento.

Mas ultimamente, tá foda.

Na época da ditadura militar, eu era pitica, mas via os adultos sussurrando contra (gritar não podia, né). Minha síndrome de Robin Hood ficava atiçada! E eu pensava que poderia fazer um tantão sim! Uma bomba nos milicos, sair de arco e flecha tirando a grana maldita dos metidos, e dando balinhas aos desfavorecidos.

Não rolou bomba, nem arco e flecha. Foram umas passeatas, uns caras-pintadas, gente que falava o que a gente queria ouvir... Tapinha nas costas... E a bomba estorou

... nossos miolos.

O que há hoje, é uma perpetuação do sistema. As balinhas para o povo em troca de votos.

Conversei com um paciente, veio do interior da Bahia adolescente ainda, foi morar na favela de Paraisópolis. Ficou 2 anos por lá até se estabelecer, e pulou fora. Mas ainda tem amigos por lá que não saem de jeito nenhum!!!!! Afinal, têm mansões com

Banheira de hidromassagem
TV tela plana - DVD - MP3 - LKJSF EIJRLAKJS 'GAJ... Tudo que se possa imaginar da mais refinada tecnologia
Sustentada... pelos gatos na fiação do povo do Morumbi.
Não pagam IPTU, nem água, nem luz, nem internet, tv a cabo... NADA!!

O povo do Morumbi não imagina as balinhas mensais que por lá distribuem. Em troca de... bala.

Ah, e o povo do interior da Bahia? Adoooram uma rede, e nela ficam por conta do bolsa-família. Essa imagem de povo que luta, com sangue nas veias, é coisa de filme para inglês ver.

O pior é que a gente se cala. Pq parece que estamos cometendo uma heresia!!!! Uma coisa cristã, de falar mal de pobres. A gente se sente militar!! Comedor de criancinha!!! O maior dos xingamentos:

REACIONÁRIA!!!!!

Tá tudo virado...

CADÊ os fundamentos para o ensino fundamental??? Sim, tenho pacientes professores do ensino público. Contam CADA coisa, que dá medo. Fica para outro post-desabafo.
Mas estes que se dizem Robin Hood leram Aufklarung de Kant direitinho, e mantém o povo na menoridade não-esclarecida. Tudo aquilo que diziam dos ditadores, fazem igual!!!

Sorry, babe..

Agora, I like... birds.





quinta-feira, 16 de maio de 2013

Utilidade do inútil

Ontem foi mais um clássico episódio futebolesco contra os argentinos, com arbitragem duvidosa, bandidos, mocinhos, sensação de injustiça... Tudo que tem direito!

A repercussão de um evento desses é super interessante. Dentre os comentários: "tanta coisa mais útil e importante do que um jogo de futebol..."
Poxa, num mundo em que nos perdemos na nossa utilidade, em que o "importante" se restringe às tarefas, ao resultado programado, às metas e toda a sistematização dos problemas a ponto de descolar o que somos das nossas atitudes,

como pode tanta gente de corpo, mente e afeto presentes, tudojunto, vivenciando de fato o momento, não ser TREMENDAMENTE importante?

Ora, que venham momentos inúteis como este, que nos livre do piloto automático!!!

... na justa medida.



ISSO É CORINTHIANS! Apesar da eliminação, Corintians sai de campo ovacionado pela torcida por meutimao no Videolog.tv.


terça-feira, 14 de maio de 2013

All the beautiful things




Acho que vc vem me visitar sim
Raro, mas vem

Qdo está à toa
Qdo a mesa esvazia
Qdo não tem mais nada a fazer

Láaaaaa no fundinho, só lá é permitido
sentir saudades =)

Neste espacinho microscópio
o azul do céu está ao seu alcance sim
o cheirinho de erva cidreira
passeia pelos sonhos que deixou nos meus lençóis

Ah, eu sei, sabe

simplesmente... s-ei(ou)...

tua.

domingo, 12 de maio de 2013

Crônica do Fim de Semana

"E eis que, diante daquele olhar querido, ela começa a detectar alguns sinais patognomônicos daquela síndrome que a marcara para todo o sempre. Repleta de receio, soltou a pergunta que não queria se calar:

- Qual o mês do seu aniversário?

Ele:
- Setembro.

Ela:
- Que dia?
Ainda restava uma esperança. "Tomara que seja o finzinho..."

Ele:
- Dezesseis.

E ele continuou com o olhar e as falas queridas que passaram a preencher o espaço extra-consciente dela: entrava por um ouvido e saía pelo outro, rasante por um olho e escapava pelo outro. Afinal, TODO sistema nervoso central estava ocupado, processando apenas uma informação: DEZESSEIS DE SETEMBRO. 

Ele falava e procurava nos olhos dela, a ressonância para aquele olhar intenso. E ela, fala pausada.. repetia.. como um mantra:

- D e z e s s e i s   d e   S e t e m b r o . ..

Até que ele, esquisita que ela estava, resolve esclarecer o assunto:
- Algo importante te marcou neste dia?

Ela, adiando a informação que queria calar:
- É primavera, não?

Ela, que nem ouvira a resposta dele, resolveu enfim encarar de frente o tranco:
- Vc é virginiano?

Ele:
- Sim, sou! 

Pronto. Confirmadíssimo! Affffff!!!!!! AAAAARGHHHHHH."

Nunca acreditei ou dei alguma trela para horóscopo. É que, na verdade, a distribuição de signos é diferente. Não são 12. São 2!!!

1. Virgem
2. Não-virgem

Dado que, 1 é 1/12, só há espaço na nossa vida para que eles ocupem 1/12 da nossa amostra humana. Passou, eu passo.

Só pode ser urucubaca poderosa, aquela dos orixás!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Canto da sereia

Uma fase de transição é sempre tumultuada.

Alguma coisa nos prende ao que já foi
Lembranças
Acolhimento
Dor
Saudade...

Mas a novidade do que está porvir, cativa! Parece que, a cada passo em frente, mais nos aproximamos de nós mesmos, e mais nos distanciamos da dor. Afinal, fugimos sim da dor, da nossa parte que nos atormentava.
E, ao nos direcionar à novidade, o que nos atrai é nossa parte que nos encanta.

Por que nos prender ao que já passou e que agora só traz a dor? Tvez o encanto do que algum dia fora.

Canto encantado. Do que foi e do que está porvir. Que nos engana e deleita.

Há os que preferem a dor ao desconhecido. Falta-lhes coragem para o inesperado, sobra-lhes disposição para enfrentar a dor já costumeira. Resilientes.

Há os destemidos. Se destemem o desconhecido, para que agüentar a dor que já conhecem?

Não sei muito bem o que é o medo. E sei que a dor faz parte da cura. Pois bem, e se daí não saio, parto para o que me engana e deleita - o canto encantado. Do que foi e do que está porvir.

E fico no mesmíssimo lugar.

Aguardo...

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Replay

"Pois a mesma prova tbém nós utilizaremos a respeito do Amor, de que ele é delicado. Não é com efeito sobre a terra que ele anda, nem sobre cabeças, que não são lá tão moles, mas no que há de mais brando entre os seres é onde ele anda e reside. Nos costumes, nas almas de deuses e de homens ele fez sua morada, e ainda, não indistintamente em todas as almas, mas da que encontre com um costume rude ele se afasta, e na que o tenha delicado ele habita." Platão - O Banquete

Como pude me esquecer disto?

Rilke... ah, Rilke!

Quanto ao amor:

"Amar também é bom: pois o amor é difícil. Ter amor, de uma pessoa por outra, talvez seja a coisa mais difícil que nos foi dada, a mais extrema, a derradeira prova e provação, o trabalho para o qual qualquer outro trabalho é apenas uma preparação. Por isso as pessoas jovens, iniciantes em tudo, ainda não podem amar: precisam aprender o amor. Com todo o seu ser, com todas as forças reunidas em seu coração solitário, receoso e acelerado, os jovens precisam aprender a amar. Mas o tempo de aprendizado é sempre um longo período de exclusão, de modo que o amor é por muito tempo, ao longo da vida, solidão, isolamento intenso e profundo para quem ama. O amor constitui uma oportunidade sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo, tornar-se um mundo, tornar-se um mundo para si mesmo por causa de uma outra pessoa; é uma grande exigência para o indivíduo, uma exigência irrestrita, algo que o destaca e o convoca para longe. Apenas neste sentido, como tarefa de trabalhar em si mesmos ("escutar e bater dia e noite"), as pessoas jovens deveriam fazer uso do amor que lhes é dado. A absorção e a entrega e todo tipo de comunhão não são para eles (que ainda precisam economizar e acumular por muito tempo); a comunhão é o passo final, talvez uma meta para a qual a vida humana quase não seja o bastante.
É aí que os jovens erram com frequência, gravemente: pelo fato de eles (faz parte de sua natureza não ter paciência alguma) se atirarem uns para os outros quando o amor vem, derramando-se da maneira como são, em todo o seu desgoverno, na desordem, na confusão... Mas o que deve resultar disso? O que a vida deve fazer desse acúmulo de equívocos a que eles chamam de união e gostariam de chamar de felicidade? E o futuro? Então cada um se perde por causa do outro e perde o outro e muitos outros que ainda desejariam surgir."

"Quem observa com seriedade descobre que, assim como para a morte, que é difícil, tbém para o amor não se reconheceu ainda nenhum esclarecimento, nenhuma solução, nem aceno, nem caminho. Para essas duas tarefas, que carregamos e transmitimos secretamente sem esclarecer, nunca se achará uma regra comum baseada em um acordo. Contudo, à medida que começamos a tentar a vida como indivíduos, essas grandes coisas se aproximam muito de nós, os solitários. As exigências que o difícil trabalho do amor impõe ao nosso desenvolvimento são sobrehumanas, e nós, como iniciantes, não podemos estar à altura delas. Mas se perseveramos e assumimos esse amor como uma carga e um período de aprendizado, em vez de nos perdermos em todo o jogo fácil e frívolo atrás do qual as pessoas se esconderam da mais séria gravidade de sua existência, tvez se perceba um pequeno avanço e um alívio para aqueles que virão muito depois de nós; e isso já seria muito."

"As mulheres, nas quais a vida se instala e habita de modo mais imediato, frutífero e cheio de confiança, no fundo precisam ter se tornado seres humanos mais maduros, mais humanos do que o homem, pois ele não passa de um ser leviano, que é mergulhado sob a superfície da vida pelo peso de um fruto carnal, que menospreza, arrogante e apressado, aquilo que pensa amar. Essa humanidade da mulher, realizada em meio a dores e humilhações, virá à tona qdo ela tiver se livrado das convenções do exclusivamente feminino nas transformações de sua situação exterior. E os homens, que hj não a sentem vir ainda, serão surpreendidos e derrotados por essa humanidade."

Que saudade de Rilke... é sempre benvindo =)