Ah...
Por vezes ficamos assim, né? Afinal, o que difere as grandes estórias das cotidianas, é o sentido que damos aos fatos.
As pontes floridas entre os fatos casuais.
Deste modo,
"E como escreveu Platão, os andróginos eram seres poderosos, redondos, duas cabeças, quatro braços e quatro pernas, tipo gêmeos siameses. Talvez fosse assim o mundo da plenitude. Talvez monótono, já que não havia angústia... Talvez sem ruído, já que ele se bastava. Talvez sem festas, ruas vazias, fins de semana de parques desertos... Mundo externo monocromático e interno extremamente colorido... Sem graça, muito sem graça.
O tédio incomodava o grande diretor do filme. Não havia histórias para contar, nem desgraças para vibrar, nem paixões para se invejar. Como Zeus, resolveu partir o andrógino em dois, desmemoriá-los e encaminhá-los ao mundo que conhecemos. Mas a amnésia não era total – se assim o fosse, o novo mundo voltaria ao marasmo, novamente não haveria a falta. Caberia aos órgãos do sentido, e somente a eles, a ‘lembrança’ da presença da outra metade. E a sensação de plenitude só poderia decorrer do preenchimento máximo destas lembranças - ou para alguns desesperados, suficiente. Assim, o caminho pela busca seria longo, cheio de enganos e atropelos e cheio de histórias para contar..."
;)
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