Saudade
...esfera, corro pelo tempo
transpasso quem me toca
pequena, penetro nos poros
desculpa se atravesso...
lisa, em ninguém enrosco
procuro um caminho de minhoca
que me leve ao nosso tempo
que foi, é e será
absoluto
Pascal: "Les hommes sont si nécessairement fous que ce serait être fou par un autre tour de folie de n’être pas fou’. (...) Il faut faire l’histoire de cet autre tour de folie, de cet autre tour par lequel les hommes, dans le geste de raison souveraine qui enferme leur voisin, communiquent et se reconnaissent à travers le langage sans merci de la nonfolie...”
domingo, 30 de janeiro de 2011
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Entre o céu e a terra - 3
A mãe jogava buraco com a filha supralunar. Po, a menina jogava bem! Seguiu a tática de lixar muito, já que não tinha parceiros.
Entretanto... a mãe deu sorte, rapidinho pegou o morto e bateu!
A garota, sem poder usar o morto cheeeeio de cartas para completar os jogos, começou a chorar. Arrependeu-se por ter escolhido uma atitude que a fez se perder no tempo, embora tivesse feito uma porção de jogos. Sentou no colo da mãe e continuou a chorar. Até que verbalizou:
"Mãe, por que quando perdemos um pé do par de meias, nunca mais conseguimos o par juntinho de novo? Quando achamos o pé que falta, o que estava guardado se perde. E quando achamos o outro, é aquele que achamos primeiro que se perde?" Triste, muito triste...
A irmã terrestre, preocupada, se aproxima. Com um ar de seriedade para se solidalizar à situação, assim que emite o primeiro som da palavra presa na boca fechada, estoura numa gargalhada
não consegue parar!
contagia!
e enfim pergunta,
"mas por que vc está chorando? De que meia estão falando? O que essa maldita meia tem a ver com o jogo?"
Entretanto... a mãe deu sorte, rapidinho pegou o morto e bateu!
A garota, sem poder usar o morto cheeeeio de cartas para completar os jogos, começou a chorar. Arrependeu-se por ter escolhido uma atitude que a fez se perder no tempo, embora tivesse feito uma porção de jogos. Sentou no colo da mãe e continuou a chorar. Até que verbalizou:
"Mãe, por que quando perdemos um pé do par de meias, nunca mais conseguimos o par juntinho de novo? Quando achamos o pé que falta, o que estava guardado se perde. E quando achamos o outro, é aquele que achamos primeiro que se perde?" Triste, muito triste...
A irmã terrestre, preocupada, se aproxima. Com um ar de seriedade para se solidalizar à situação, assim que emite o primeiro som da palavra presa na boca fechada, estoura numa gargalhada
não consegue parar!
contagia!
e enfim pergunta,
"mas por que vc está chorando? De que meia estão falando? O que essa maldita meia tem a ver com o jogo?"
Entre o céu e a terra - 2
"Mãe, qual a diferença entre 'poucão' e 'pouquinho'?". A mãe, repleta de afazeres - como de hábito - responde rapidinho:
"Ué, poucão é muito pouco - e delimita um espação entre 2 braços - e pouquinho é pouco pouco" - e delimita um espacinho entre o polegar e o indicador
A pequena supralunar para... pensa... e retruca
"Não.."
A mãe, estarrecida, inclina a cabeça e franze a sombrancelha - como não?
"Olha só. Pouco não é isso aqui? - e delimita um espaço entre o polegar e o indicador - Pois muito pouco é meeenooor ainda - e estreita cada vez mais o espaço, até juntar os dedos - E no pouco pouco tem menos pouco, então vira um espação de novo!" E abre os dois braços!
Chega a outra, mais velha, pés no chão, "Mas o que vcs estão falando aí de novo?"
A supralunar explica
... mais uma vez
... de novo
... pro santo agora
... quase chora para explicar
... a mãe intervém, depois de muuuuito observar as tentativas anteriores para não pagar mico
E a sublunar enfim entende!!!!
"Caramba, como vc conseguiu pensar isso tudo?" E ria... muito... contagiou!
Ela SEMPRE contagia!
"Ué, poucão é muito pouco - e delimita um espação entre 2 braços - e pouquinho é pouco pouco" - e delimita um espacinho entre o polegar e o indicador
A pequena supralunar para... pensa... e retruca
"Não.."
A mãe, estarrecida, inclina a cabeça e franze a sombrancelha - como não?
"Olha só. Pouco não é isso aqui? - e delimita um espaço entre o polegar e o indicador - Pois muito pouco é meeenooor ainda - e estreita cada vez mais o espaço, até juntar os dedos - E no pouco pouco tem menos pouco, então vira um espação de novo!" E abre os dois braços!
Chega a outra, mais velha, pés no chão, "Mas o que vcs estão falando aí de novo?"
A supralunar explica
... mais uma vez
... de novo
... pro santo agora
... quase chora para explicar
... a mãe intervém, depois de muuuuito observar as tentativas anteriores para não pagar mico
E a sublunar enfim entende!!!!
"Caramba, como vc conseguiu pensar isso tudo?" E ria... muito... contagiou!
Ela SEMPRE contagia!
Eco
"Queria tanto ir rapidamente, rapidamente, ao teu encontro, porque sei que existe algo em mim que ainda não conheces, uma nova e grande luminosidade, que empresta força e riqueza de imagens à minha linguagem. Às vezes há momentos em que descubro, inopinadamente, que me ponho a escutar o meu íntimo, e, com espantado respeito, aprendo algo com os meus próprios diálogos. Há algo que ecoa das profundezas do meu ser, que, para além destas páginas, das minhas canções queridas, para além dos projetos para o futuro, deseja ir ao encontro dos seres humanos. Sinto que precisaria falar agora, neste momento de força e claridade, quando algo maior do que a minha própria pessoa se exterioriza através de mim: a minha felicidade perfeita, a bem-aventurança. Sinto que deveria converter todos aqueles que hesitam e duvidam. Porque existe em mim mais força do que poderia formular em palavras, e desejo utilizá-la para libertar os homens do medo insólito que me prendeu com grilhões. E as pessoas devem estar percebendo isto." - Rilke - O Diário de Florença
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
"Só quem não aceita um 'não' consegue tudo o que quer"
2046 - segredos do amor
Foi um encontro marcado. Não sei por quem. Nem quando ou onde. Ou talvez fosse daqueles que, nem se tivesse sido marcado daria tão certo. Um tempo fora do tempo, num lugar entre lugares. Foi sempre assim. E tentavam deixar guardadinho, com receio do que poderia se tornar. Por vezes, quando a gente verbaliza e realiza, estraga...
Ficava no ar. Mas um ar que não os deixava, aquele que falta e que nos faz suspirar.
Pouco a pouco, se deixavam perceber. Era bom falar sobre, parecia que assim se reencontravam. Dava vontade de falar a todo minuto, um jeito de driblar a saudade...
Aí marcaram um encontro.
Ele se arrumou para ficar desarrumado.
Ela se arrumou para ficar descuidadamente bonita.
Chegaram cedo demais! Em sintonia, tiveram a idéia de passar no supermercado pertinho do lugar marcado.
Ela, no corredor dos chocolates. Ele, no corredor das cachaças.
Ela encontrou um amigo querido que não via há anos! Um abraço apertaaaadoooo cheio de saudosismo. Ele, ansiosamente saudoso, precisava de serotonina e foi ao chocolate sem perceber.
E a viu, conversando com o cara. Não era qualquer cara. Era "o cara". Entre Brad Pitt e Javier Bardem. Mais! Muito mais.
Abaixou a cabeça. Voltou às cachaças. Saiu pela porta que entrou.
Ela, apressada e de olho no tempo, despediu-se daquele amigo querido um pouco mais velho, um tiquinho mais barrigudo, papo chaaatoo, como pode achar um dia que ele fora parecido com Brad Pitt?
Chegou no lugar marcado em tempo!
Esperou
...
...
Chorou
...
...
Abaixou a cabeça. Saiu pela porta que entrou.
...
...
e ligou!
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
te cuido
Quando o sol nos trai e abre uma fenda no chão, o espírito se esvai.
A gravidade empurra pro buraco sem fim.
Perdida nos giros cerebrais, a alma embaraça.
A gravidade empurra pro buraco sem fim.
Perdida nos giros cerebrais, a alma embaraça.
E..m..e..r..g..e...
Cuidadosamente procuro a berrante ferida.
Afasto meus espinhos e retiro as impurezas com a delicadeza das pétalas.
Assim, pincelo a medicação.
Zelosa, suturo as margens que sangram.
Afago e tento divulsionar o contorno da alma.
Afasto meus espinhos e retiro as impurezas com a delicadeza das pétalas.
Assim, pincelo a medicação.
Zelosa, suturo as margens que sangram.
Afago e tento divulsionar o contorno da alma.
E então te convido
a derrapar nas minhas curvas
penetrar nas minhas entranhas
meu sabor, tua seiva
Sem rumo, sem destino,
o gosto do encanto
do som das cores
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Guidelines 2010, 2011, 2012, 2013...
De 2010
1. Destemer a solidão
2. Fé, confiança...
... e pó mágico porque ninguém é de ferro
3. Olhar destemido e abrangente para varrer as possibilidades ao alcance das mãos. E aí proceder a escolha
4. Na despressurização, colocar a máscara de O2 primeiro no próprio nariz. Só assim se tem condições de cuidar dos outros.
5. Quem tem filho grande é elefante e girafa
6. Ouvir a voz do coração - FUNDAMENTAL!
7. "Transformar a perda em nossa recompensa"
8. Saber que tudo dá certo no final - essa vida é muito boa!!!!!
... e tá aumentando...
De 2011, acho que relembrar alguns ensinamentos deste ano que passou:
1. Elas fazem quando querem/ eles fazem quando podem
2. Eles sempre querem/ elas, quando não querem, não querem mais
3. Quando elas dizem que não querem filhos, estão mentindo/ quando eles dizem que não querem filhos, hummmm..., se estão mentindo é só pq estão apaixonados - esta ainda estou aprendendo, merece outro pós-post
4. Impossível saber o que eles querem. Muito menos o que elas querem. Mas, em geral, na essência e transparência, querem o mesmo.
5. Acho que um sinal de que dá certo, é quando nem paramos para pensar sobre isso
6. Só eu posso tirar as aranhas da minha cabeça!
6a. É bobagem pensar em ter alguém com quem contar para "dividir" a vida. Mas é bom demais ter alguém por quem voltar.
7. Tentar, em determinados assuntos aracnídeos, limitar-se a responder o que é perguntado. Só!!!
7a. Nem sempre querem saber sua solução. Nem que vc tenha a certeza absoluta da eficácia.
8. A injustiça moral dói. Mas é IMPOSSÍVEL entender o assunto aracnídeo alheio como aquele que o está experimentando. Portanto, não nos cabe julgar. Nem sequer dizer que é uma injustiça. Talvez isso seja premissa para a tolerância.
9. E o mais importante: a solução sempre vem pela porta lateral
... e tá aumentando...
1. Destemer a solidão
2. Fé, confiança...
... e pó mágico porque ninguém é de ferro
3. Olhar destemido e abrangente para varrer as possibilidades ao alcance das mãos. E aí proceder a escolha
4. Na despressurização, colocar a máscara de O2 primeiro no próprio nariz. Só assim se tem condições de cuidar dos outros.
5. Quem tem filho grande é elefante e girafa
6. Ouvir a voz do coração - FUNDAMENTAL!
7. "Transformar a perda em nossa recompensa"
8. Saber que tudo dá certo no final - essa vida é muito boa!!!!!
... e tá aumentando...
De 2011, acho que relembrar alguns ensinamentos deste ano que passou:
1. Elas fazem quando querem/ eles fazem quando podem
2. Eles sempre querem/ elas, quando não querem, não querem mais
3. Quando elas dizem que não querem filhos, estão mentindo/ quando eles dizem que não querem filhos, hummmm..., se estão mentindo é só pq estão apaixonados - esta ainda estou aprendendo, merece outro pós-post
4. Impossível saber o que eles querem. Muito menos o que elas querem. Mas, em geral, na essência e transparência, querem o mesmo.
5. Acho que um sinal de que dá certo, é quando nem paramos para pensar sobre isso
6. Só eu posso tirar as aranhas da minha cabeça!
6a. É bobagem pensar em ter alguém com quem contar para "dividir" a vida. Mas é bom demais ter alguém por quem voltar.
7. Tentar, em determinados assuntos aracnídeos, limitar-se a responder o que é perguntado. Só!!!
7a. Nem sempre querem saber sua solução. Nem que vc tenha a certeza absoluta da eficácia.
8. A injustiça moral dói. Mas é IMPOSSÍVEL entender o assunto aracnídeo alheio como aquele que o está experimentando. Portanto, não nos cabe julgar. Nem sequer dizer que é uma injustiça. Talvez isso seja premissa para a tolerância.
9. E o mais importante: a solução sempre vem pela porta lateral
... e tá aumentando...
sábado, 8 de janeiro de 2011
Privacy please
Com o corpo aquecido, o frio tão temido passa longe! Tento registrar cada vislumbre captado pela transparência do olhar em algum canto da memória - de algum modo eles retornam.
Escurece cedo em Gotham City, e a elegância da iluminação na arquitetura poderia ser ainda mais gelada! Mas se esquenta em cada esquina, num café, um bistrô, uma trattoria, maxi vitrines minimalistas de Audrey Hepburn, estamos em magnificent mille com um som ao fundo da Tribuna de Chicago!
Dou de cara com um mercadinho delicioso. Uma baguete, queijo camembert, vinho tinto. Tá bom demais! Quero fazer um mimo...
O sorridente porteiro (para que porteiros? Para um sorriso na entrada? Fico constrangida, mas sou toda sorrisos tbém) ajuda-me com a porta que insisto em tentar abrir do lado errado... 11 andar que chega num segundo. Aí vem aquele silêncio que aconchega, o cheiro abafado no corredor - já já estou chegando!
Abro a porta barulhenta com cuidado - é impossível chegar de mansinho... - e deparo com a meia-luz da luminária na escrivaninha.
Deixo a sacola ao lado do criado-mudo e vejo vc levantando o olhar com um sorriso largo =D. Folhas escritas pelo chão, sobre e sob a mesa, arte, muita arte por todo o quarto... Não quero interromper seu momento, mas teu olhar me puxa. Te abraço por trás e vc me coloca no teu colo. Adoro teu cheiro, quero respirar todo o seu pensamento que me intriga e cativa. O calor do teu corpo emana uma enxurrada de todo um conhecimento árduo e suspenso no ar. Quero te sedimentar, te trazer à terra (ou te tirar dela?). Nos trazemos bons ventos, e fica tudo mais fácil.
Vinho, camembert... adoro te mimar.
Falamos de tudo, detalhes microscópicos, visões macroscópicas, o universo num grão de areia se faz incrivelmente natural...
Com a alma aquecida, não sinto mais frio.
Enfim sei o que quero
Sei para onde voltar.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Baggage claim
é sempre aquele momento tenso. Depois de horas no avião, resta saber se sairá do aeroporto rapidinho, ou se ainda ficará horas ou dias esperando pelas malas. Já que irremediável está, resta correr os olhos pela esteira e então ficar olhando pelo buraco de onde elas saem.
TODAS as malas são pretas! Todas retangulares, todas têm aquela fita vermelha para se diferenciar, ziper nos mesmos lugares, bolsinhos na frente iguais... E como cada um sabe qual é a sua mala?
O pior é que a gente sabe! Parece que ela está viva, que é cria sua! Ela grita por vc.
O que faz com que algo exatamente semelhante a vários outros seja especial?
O zíper ferradinho naquela curva, a rodinha detonada que impede aquele deslize perfeito em solo pouco liso, a forma meio amebóide de tanta coisa que entuchou lá dentro.
detalhes
pequenas imperfeições
A gente costuma dizer que homem(mulher) é tudo igual, só muda de endereço. Que todos acabam fazendo parte do "clube dos chatos". Mais! Já ouvi dizer de uma mulher sábia que, se soubesse disso, teria ficado no primeiro casamento.
Concordo, oras. Não quanto a ficar no primeiro casamento. Mas que é tudo igual. Tá cheio de cara que sabe conjugar verbos, tocar violão, consegue ler um texto e te explicar do que se trata, finge que te olha nos olhos mas está vidrado nas tuas curvas, que morre por uma partida de futebol, bebe e fala besteira (de outras mulheres, por exemplo), arrota e solta pum... mas apaixonado por uma mulher (ehhhh poetinha!).
Contudo, alguma coisa... o jeito que movimenta os olhos para o lado esquerdo, como um pré-nistagmo... a voz quase rouca ao me chamar... o cumprimento com um aperto de mão... o cheiro bom do teu corpo... os olhos míopes... os pés gelados...
detalhes
pequenas imperfeições que saltam só aos meus olhos
te fazem vivo para mim. Parece que grita por mim. Identifico-te numa multidão.
Qual será o momento em que esses pequenos detalhes se tornam grandes chatices? Quando o zíper estoura? Quando a rodinha da mala definitivamente empaca? E aí, vale a pena consertar? Ou... a imagem não sobrevive a um remendo? Ou melhor, quando ainda vale a pena consertar é pq o remendo não faz a menor diferença e se dilui entre os pequenos detalhes. Mas aí, para que consertar? Isso prolongaria a mágica?
Duvido.
Acaba quando termina
e libertamos a mala para outro alguém.
TODAS as malas são pretas! Todas retangulares, todas têm aquela fita vermelha para se diferenciar, ziper nos mesmos lugares, bolsinhos na frente iguais... E como cada um sabe qual é a sua mala?
O pior é que a gente sabe! Parece que ela está viva, que é cria sua! Ela grita por vc.
O que faz com que algo exatamente semelhante a vários outros seja especial?
O zíper ferradinho naquela curva, a rodinha detonada que impede aquele deslize perfeito em solo pouco liso, a forma meio amebóide de tanta coisa que entuchou lá dentro.
detalhes
pequenas imperfeições
A gente costuma dizer que homem(mulher) é tudo igual, só muda de endereço. Que todos acabam fazendo parte do "clube dos chatos". Mais! Já ouvi dizer de uma mulher sábia que, se soubesse disso, teria ficado no primeiro casamento.
Concordo, oras. Não quanto a ficar no primeiro casamento. Mas que é tudo igual. Tá cheio de cara que sabe conjugar verbos, tocar violão, consegue ler um texto e te explicar do que se trata, finge que te olha nos olhos mas está vidrado nas tuas curvas, que morre por uma partida de futebol, bebe e fala besteira (de outras mulheres, por exemplo), arrota e solta pum... mas apaixonado por uma mulher (ehhhh poetinha!).
Contudo, alguma coisa... o jeito que movimenta os olhos para o lado esquerdo, como um pré-nistagmo... a voz quase rouca ao me chamar... o cumprimento com um aperto de mão... o cheiro bom do teu corpo... os olhos míopes... os pés gelados...
detalhes
pequenas imperfeições que saltam só aos meus olhos
te fazem vivo para mim. Parece que grita por mim. Identifico-te numa multidão.
Qual será o momento em que esses pequenos detalhes se tornam grandes chatices? Quando o zíper estoura? Quando a rodinha da mala definitivamente empaca? E aí, vale a pena consertar? Ou... a imagem não sobrevive a um remendo? Ou melhor, quando ainda vale a pena consertar é pq o remendo não faz a menor diferença e se dilui entre os pequenos detalhes. Mas aí, para que consertar? Isso prolongaria a mágica?
Duvido.
Acaba quando termina
e libertamos a mala para outro alguém.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Alem do Equador
Era uma vez Amelie. Pula, não para. Qdo anda, corre. Ligada no 220v. Seu tempo é outro. Que diabo de misterio é esse? Ora, hibernou por muito tempo, piscou os olhos e de repente, queria correr o mundo e a vida para compensar todo o tempo passado. Mal sabia que, qto mais rápido andava, mais rápido tbém chegariam as sombras... Um dia viraria sombra, como todos. Mas nem ligava. Aproveitava enquanto iluminava tudo por onde passava. Varria o tempo na horizontal.
E foi assim que atropelou Kim. Impressionou-se com a sombra dos pulos e saltou na sua frente!
Mas Kim era diferente. O tempo era outro. Tinha tempo para tudo, já que apreciava cada nanomovimento entre o céu e a terra. A vida em slow motion era para ser degustada, como um bom café. Seu tempo era definitivamente vertical. Pouco restava de seu volume para o tempo horizontal. Deste modo, pouco tinha de sombra. O tempo até lá estava a se perder de vista.
Mas eles se encontraram!
O tempo vertical dele se multiplicou ao horizontal dela e viveram um tempo monstruoso! Ela nunca tinha sentido tanta intensidade num instante. Ele nunca tinha experimentado o passar do tempo tão rápido, tipo uma geração em dois pensamentos...
A sensação era estarrecedora
Tanto, que se apavoraram...
O que fariam com o consumo de todo aquele tempão? Como dar conta daquilo tudo?
De repente, ela comecou a ver sinais da sombra num ou outro fio de cabelo. No contorno dos olhos. Na textura da pele. Sombra que ele nem notava e ela nunca tinha procurado antes.
E ele ainda precisava percorrer todo aquele tempo horizontal a se perder de vista - um PUTA tempo! Tanto trabalho, tantas intempéries, tanto por construir...
Foram vítimas do poder irremediável do tempo. Nao conseguiram lidar com aquela imensidão. Amedrontados, ela não conseguia reduzir a velocidade, e para ele seria impossivel alcançá-la.
Errantes, se deixaram passar - oras, o mundo porvir só poderia ser muito maior e mais conveniente... Nem ousaram olhar para trás, tamanha imponência daquele tempo grandioso e absoluto que ficou em algum lugar entre o lado de cima e o lado de baixo do Equador...
E foi assim que atropelou Kim. Impressionou-se com a sombra dos pulos e saltou na sua frente!
Mas Kim era diferente. O tempo era outro. Tinha tempo para tudo, já que apreciava cada nanomovimento entre o céu e a terra. A vida em slow motion era para ser degustada, como um bom café. Seu tempo era definitivamente vertical. Pouco restava de seu volume para o tempo horizontal. Deste modo, pouco tinha de sombra. O tempo até lá estava a se perder de vista.
Mas eles se encontraram!
O tempo vertical dele se multiplicou ao horizontal dela e viveram um tempo monstruoso! Ela nunca tinha sentido tanta intensidade num instante. Ele nunca tinha experimentado o passar do tempo tão rápido, tipo uma geração em dois pensamentos...
A sensação era estarrecedora
Tanto, que se apavoraram...
O que fariam com o consumo de todo aquele tempão? Como dar conta daquilo tudo?
De repente, ela comecou a ver sinais da sombra num ou outro fio de cabelo. No contorno dos olhos. Na textura da pele. Sombra que ele nem notava e ela nunca tinha procurado antes.
E ele ainda precisava percorrer todo aquele tempo horizontal a se perder de vista - um PUTA tempo! Tanto trabalho, tantas intempéries, tanto por construir...
Foram vítimas do poder irremediável do tempo. Nao conseguiram lidar com aquela imensidão. Amedrontados, ela não conseguia reduzir a velocidade, e para ele seria impossivel alcançá-la.
Errantes, se deixaram passar - oras, o mundo porvir só poderia ser muito maior e mais conveniente... Nem ousaram olhar para trás, tamanha imponência daquele tempo grandioso e absoluto que ficou em algum lugar entre o lado de cima e o lado de baixo do Equador...
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