quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Entre o céu e a terra

Estávamos voltando da praia, pela serra do mar, dia maravilhoso e nós no carro...
A quietude mostrava bem o clima de fim de festa, acentuado pelo convite que a natureza insiste em nos oferecer.
As crianças aceitam pelo hábito. Mas o pensamento fica loooongeeee...

Olhando pela janelinha para a orla do mar, Lulu, então com 6 anos, pergunta:
- A praia tem fim?
Já imaginei a cena que ela estava imaginando. Estava na fase de encanto pelo universo, pelos planetas, estrelas.. começava a passear além do mundo sublunar de Aristóteles.
- Imagine um prato em cima da mesa. Agora, o continente é o prato e a mesa é o mar. Se caminharmos na bordinha do prato (a praia), nunca vamos parar. Não tem fim. Mas por outro lado, onde termina o prato? É onde começa a mesa. Então tem fim!

Adoro os caminhos do pensamento, os saltos, a ponte entre vias paralelas que acaba aproximando-nas de um modo inusitado. As crianças são filósofas por natureza. A vida utilitária que nos foi imposta é que mascara e corta todo esse encanto.

Vem a Gabi, 9 anos
- Mas do que vcs estão falando? Vcs estão loucas? A praia termina onde começam as pedras, oras!

Rimos.
Muito.
Como não nos curvar à praticidade, à ação, ao visível, ao real...
... ao útil?

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