quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quadrados

Meu querido W,

Cada um tem seu quadrado. Circulamos por nossos quadrados com desenvoltura, aprendida e aperfeiçoada por anos de prática. E, de vez em quando, entramos em contato com outro quadrado; o olhar estranha ou espanta, o ouvido apura, pode até ser que o sangue mude de temperatura (esquente se for de prazer; gele se for de medo).
Tudo isso aconteceu comigo ontem, sweetie... seu quadrado é outro mundo...
Então meu sangue esquenta quando você me toca (e começa antes, com a musica da tua voz, o sol do teu olho, teu cheiro de pele de bebê), quando vc me beija e me penetra, nossos mundos se fundem, sinto o peso do teu corpo (o peso do teu mundo) e acho que começo a entender... Depois desentendo tudo, você se afastou. Cada qual voltou pro seu quadrado.
No meu quadrado, é normal o contraste entre a boca que fala e encanta e na outra ponta o cu de onde sai a merda. Percorro de um extremo a outro, é tudo da nossa natureza, não há choque. Enquanto a gente trepava e teu quadril colidia com o meu (mas gentil como uma facada) também os quadrados se chocando tentavam uma geometria inusitada. Realizada e improvisada.
Quando vc contava as aventuras no submundo noir, meu sangue gelava... de novo, o que é natural pra vc (e não é pra mim), transitar entre a superfície e a profundidade, o olho e a boca do mal. Uma outra imundície.
Então tua língua me abria e me trazia a tona, pra ver a espuma da noite e seus faróis...

Bj, te adoro, e não ligo se não entender

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