sexta-feira, 26 de março de 2010

Goldberg sound




Há momentos que vivemos como se fosse um acontecimento ordinário. Bacana, mas ordinário. Por vezes até pensamos que é especial porque nos traz aquela sensação de inusitado, de estranheza. Como uma peça que encaixamos no quebra-cabeças apertando e forçando um pouquinho as bordas - a imagem se mimetiza no contexto, mas o encaixe continua estranho.

O tempo vai passando... e pouco a pouco nos damos conta da beleza, da singularidade daquela peça. Ganha vida, escapa do encaixe programado, salta ao olhar e impregna em todo o nosso aparato sensorial. Com uma pinça delicada, deslocamo-na para um cantinho especial, envolta numa redoma de cristal.

E, nos momentos de turbulência, já sabemos para onde correr! Por baixo do cristal, mergulhamos naquela peça e nos embriagamos de toda a atmosfera, do mundo que se revela enquanto vela, que nos faz escapar do encaixe programado. Submersos no som dourado, atravessamos a tormenta com maestria... inusitada!

6 comentários:

  1. Isso é um post pós variações goldbgerg? =)

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  2. Caramba, que imagens, que construção bacana!!!! Viajei junto com essa peça nas suas palavras, que delícia! beijos!

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  3. Brigadinha! Escrevi ontem numa crise de insônia, enquanto escutava a aria de Bach executada por G.Gould na ansiedade da juventude e na tranquilidade da maturidade. Fantasio que a diferença das pinceladas provém justamente destas peças inusitadas.
    Bjs!

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  4. Ah sim, variações gold(berg): go(u)lden sound, som dourado. Thank's =)!

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  5. É incrível como as interpretações dele variaram tanto de uma época pra outra. Pq se imagina que a peça está muito amarrada à partitura...no entanto ele consegue transcender isso e dá pra mesma obra duas abordagens completamente diferentes.... é lindo...acho que é uma das peças mais bonitas que já ouvi (mas ainda tenho minhas dúvidas se prefiro esta ou a interpretação das 6 partitas...)

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  6. As entrelinhas... De certo modo, "L'autre tour"

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