quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Entrelinhas

Tem gente que fala "eu te amo" como quem diz "bom dia". Tem gente que não fala "eu te amo" de jeito nenhum. Um amigo esteve no consultório e disse que enfim aprendeu a soltar o "eu te amo" com a filhinha de 1 ano: "Nunca foi fácil falar isso... Mas para ela, aprendi a dizer!"

Será que isso é pq existe a certeza da reciprocidade na relação com os filhos?

Desde quando isso é uma competição em que o mais frágil (o vulnerável, o que ama) perde?

Quem disse que o que não se entrega aos afetos é o mais forte?

Tive uma criação afetuosa, mas austera. Nunca ouvi uma troca de "eu te amo" entre nós. Educação oriental, aprendemos a perceber o afeto nas entrelinhas, no cuidado. E bota percepção nisso!

Aprendi a dizer "eu te amo" com meus amigos. Ao me familiarizar com essas palavras, não tenho mais problemas em vociferar para quem está aberto - pq nem todos conseguem ouvir um "eu te amo". E este é mais um ponto delicado: há que se perceber quem está apto a ouvir o "eu te amo". Já entrei em uma ou outra saia justa por isso, tanto por ouvir quanto por falar.

Deste modo... meio que desencanei. Não tenho problemas em dizer, nem problemas em não ouvir. Sei perceber as entrelinhas, afinal, cresci nesse esquema...

Há que se exercer a massa cinzenta até nisso! 
Não é para qualquer uma não... 

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