Ontem estava conversando com uma paciente que dá aulas de política nas regiões periféricas de SP. Advogada, está para defender o Mestrado em Direitos Humanos. Óbvio que passamos uma eternidade desafogando nossa indignação frente a este governo.
E acabei por confirmar minha impressão sobre esta política vigente, suscitada pela área que me compete: o programa "Mais Médicos".
Estamos diante de uma política de governo que se diz promover a igualdade social. Entretanto, no campo da saúde, mostrou-se intitucionalizar a diferença: os que merecem saúde e os que se satisfazem com a saúde-meia boca ou em termos exatos, a porcaria. Institucionaliza a desigualdade.
Parece que isso está por tudo. Parte-se da divisão entre pobre e não-pobre. Daí derivam os direitos: para o pobre, pelo menos o mínimo. E eles assim se comportam: "eu só mereço este mínimo, essa qualquer coisa. E o governo é bonzinho por me fornecer esse mínimo, esta merda". Do mesmo modo, o não-pobre não tem saúde nem educação decentes propiciadas pelo Estado. Não se trata de prover direitos iguais para todos. Trata-se de assumir, como premissa, que o Estado só é capaz de porcaria - e esta é doada aos que se acham merecedores de nada além do lixo.
É esta a política da menoridade de Kant. A política de se manter um rebanho de quem não se acha merecedor da decência. E o impressionante é como esta "falsa igualdade" acaba pegando os pseudo-intelectuais com argumentos sobre a piedade advinda do moralismo cristão. Pobre é coitado, bonzinho é quem o ajuda. Quem tem, ajuda a quem não tem...
Quem diz que, quem não tem, não tem condições de merecer?
O fundamental: promover a universalização da informação e formação decentes e assim, instaurar a possibilidade da reflexão e consciência de seres humanos que somos.
Mas para isso, PT nenhum olha. E nem interessa.
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