Dia destes estava estudando as tragédias gregas de Édipo e Íon. Em especial o tema em que se descobre a verdade - trágica - através de meias-verdades.
(Não vou resumí-las por aqui. Há fontes muuuuito melhores que não vão se desviar por minha memória em franca decadência.)
Ou melhor, quando se omite uma parte da verdade por medo ou culpa.
Já vivi algumas situações destas. Invariavelmente leva ao grito de uma das partes (tal e qual as tragédias gregas. Elas sabem de TUDO, impressionante). O grito que arranca a verdade, cujas garras arranham as cordas vocais e faz calar qualquer integridade, tamanha a vergonha por não ter sido desvelada...
... inteira
... nua
... singela, como uma brisa, em sua transparência e força.
Qual a pretensão de quem a omite, ao se menosprezar a capacidade de quem é "poupado"?
Qualquer relação só é decente se se permite aflorar sua própria personalidade. E esta só é possível quando a verdade sobrepuja o medo de se magoar e de magoar o outro.
Impressionante como sempre voltamos para Kant e Foucault (pelo menos...). Os grandes e reais vilões, que não há como se perdoar, são o medo e a preguiça.
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