segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Serena saudade

Talvez seja mais preciso delimitar um domínio através do não-domínio (como já fazia Giordano Bruno, o delineador da Natureza...).

Deste modo, mais um exercício seria avaliar a saudade para delimitar o afeto.

Esta não é como as outras:
não é visceral
não arde
não estimula as glândulas lacrimais
não me aleja
nem impossibilita minha vida...

Esta é serena
Baseia-se numa certeza.

Como assim certeza?
Certeza do afeto?
Isso seria um equívoco.
Afinal, este não é nada concreto, parece que sempre nos pega de soslaio, como se não saísse do corredor da morte.

Então esta serena saudade-avesso do afeto provém de onde?
Dos "filhos" da relação?
Isso tbém seria um equívoco.
Afinal, não os temos. Nossas famílias não se conhecem, não temos compromisso, nem objetivos em comum. Não ocupamos lugar algum na vida do outro.

De onde enfim vem esta serenidade, esta certeza?

Vamos refazer o exercício...

Ora, se estamos serenos, o medo está bem loooonge...
O maior tempero da saudade tvez seja o medo da perda. Por isso a urgência em viver cada nanosegundo junto. Um desespero de sensação de estar perdendo tempo.
A insegurança.

Esta serena saudade não traz medo. E não se trata de falta de afeto.

Não tenho mais medo de me perder.

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