"When the spirits are low,
when the day appears dark,
when work becomes monotonous
when hope hardly seems worth having,
just mount a bicycle
and go out for a spin down the road,
without thought on anything but the ride you are taking"
Arthur Conan Doyle
Pascal: "Les hommes sont si nécessairement fous que ce serait être fou par un autre tour de folie de n’être pas fou’. (...) Il faut faire l’histoire de cet autre tour de folie, de cet autre tour par lequel les hommes, dans le geste de raison souveraine qui enferme leur voisin, communiquent et se reconnaissent à travers le langage sans merci de la nonfolie...”
sábado, 25 de agosto de 2012
terça-feira, 21 de agosto de 2012
De novo sobre casamentos...
Existe o primeiro casamento, e deste todos sabem. É aquele de conto de fadas, em que as famílias se apertam para oferecer uma festança a fim de notificar e abençoar o "bom caminho" dos filhos. Entenda-se como festança, não propriamente a festa com bolo de noivos, mas tudo que implica num novo lar: bordar os acessórios de cama-mesa-banho, jogo de panelas, eletrodomésticos, enfim, todos os mimos nos utensílios do "lar" feito para propiciar filhos.
Entenda-se como "filhos" não só as crianças, mas os "filhos da relação", os seres vivos e não vivos que o casal constrói junto:
- a cor da parede
- os quadros
- as músicas
- a toalha feita de crochet
- a colcha feita de patchwork
- os programas do rádio e da tv
enfim, tudo que o "gosto resultante" produz.
Entenda-se como "gosto resultante" a somatória do gosto-desgosto de cada um...
Pois bem, e hoje em dia, o que existe tvez em igual ou maior quantidade, é o >1 casamento.
É importante salientar que o que determina este número, não necessariamente é o número de casamentos entendidos como conto de fadas.
Existe o casamento consigo mesmo, e deste poucos se lembram!
Este casamento consigo mesmo é aquele que gera como filhos, "manias". As manias só se desenvolvem quando não há encheção de saco. Elas tbém podem existir quando o outro é omisso, mas vamos deixar isso para lá pq rende outro post...
Enfim, este "segundo casamento" é aquele que já vem com "filhos".
Fica incompatível ajustá-lo nos moldes do casamento-conto-de-fadas. Se assim for, ele já se inicia fracassado.
Há que se abrir espaço para conhecer um ao outro:
Não deixar de agir pelo outro
Não se magoar com os alertas do outro
Os limites são postos pelo outro, e não por nós mesmos ao nos colocar na posição do outro - "não faça com o outro o que não gostaria que fizessem com vc" serve só para quem não pensa, ou para quem não ama. Mas este é tema para outro post.
Com amor, jeitinho e uma pitada de coragem, dá tudo certo!
Vai dar tudo certo!
Entenda-se como "filhos" não só as crianças, mas os "filhos da relação", os seres vivos e não vivos que o casal constrói junto:
- a cor da parede
- os quadros
- as músicas
- a toalha feita de crochet
- a colcha feita de patchwork
- os programas do rádio e da tv
enfim, tudo que o "gosto resultante" produz.
Entenda-se como "gosto resultante" a somatória do gosto-desgosto de cada um...
Pois bem, e hoje em dia, o que existe tvez em igual ou maior quantidade, é o >1 casamento.
É importante salientar que o que determina este número, não necessariamente é o número de casamentos entendidos como conto de fadas.
Existe o casamento consigo mesmo, e deste poucos se lembram!
Este casamento consigo mesmo é aquele que gera como filhos, "manias". As manias só se desenvolvem quando não há encheção de saco. Elas tbém podem existir quando o outro é omisso, mas vamos deixar isso para lá pq rende outro post...
Enfim, este "segundo casamento" é aquele que já vem com "filhos".
Fica incompatível ajustá-lo nos moldes do casamento-conto-de-fadas. Se assim for, ele já se inicia fracassado.
Há que se abrir espaço para conhecer um ao outro:
Não deixar de agir pelo outro
Não se magoar com os alertas do outro
Os limites são postos pelo outro, e não por nós mesmos ao nos colocar na posição do outro - "não faça com o outro o que não gostaria que fizessem com vc" serve só para quem não pensa, ou para quem não ama. Mas este é tema para outro post.
Com amor, jeitinho e uma pitada de coragem, dá tudo certo!
Vai dar tudo certo!
sábado, 18 de agosto de 2012
Tá na hora de parar para pensar!
Como fazer alguém despertar?
Como mostrar as entrelinhas?
Como provar que as informações não são suficientes?
Bem dizia Shopenhauer, "Em geral, estudantes e estudiosos de todos os tipos e de qualquer idade têm em mira apenas a informação e não a instrução. Sua honra é baseada no fato de terem informações sobre tudo, sobre todas as pedras, ou plantas, ou batalhas, ou experiências, sobre o resumo e o conjunto de todos os livros. Não ocorre a eles que a informação é um mero meio para a instrução, tendo pouco ou nenhum valor por si mesma, no entanto é essa maneira de pensar que caracteriza uma cabeça filosófica. Diante da imponente erudição de tais sabichões, às vezes digo para mim mesmo: Ah, essa pessoa deve ter pensado muito pouco para poder ter lido tanto!"
Acho que é só quando a vida dá-lhe um revés.
Quando lhe tiram dos trilhos, ou quando a falta de ar é tanta que só lhe resta pular.
Aí, das duas uma:
Ou corre atrás do trem que já passou, como um desesperado - torço para que consiga!
Ou fecha os olhos, respira com calma aquele mundaréu de ar e volta-se para si mesmo - verá que o unico caminho seguro é montar o próprio trilho - madeira por madeira, pedra por pedra. E para isso, informação, guideliness, receita, comparação... não basta.
Como mostrar as entrelinhas?
Como provar que as informações não são suficientes?
Bem dizia Shopenhauer, "Em geral, estudantes e estudiosos de todos os tipos e de qualquer idade têm em mira apenas a informação e não a instrução. Sua honra é baseada no fato de terem informações sobre tudo, sobre todas as pedras, ou plantas, ou batalhas, ou experiências, sobre o resumo e o conjunto de todos os livros. Não ocorre a eles que a informação é um mero meio para a instrução, tendo pouco ou nenhum valor por si mesma, no entanto é essa maneira de pensar que caracteriza uma cabeça filosófica. Diante da imponente erudição de tais sabichões, às vezes digo para mim mesmo: Ah, essa pessoa deve ter pensado muito pouco para poder ter lido tanto!"
Acho que é só quando a vida dá-lhe um revés.
Quando lhe tiram dos trilhos, ou quando a falta de ar é tanta que só lhe resta pular.
Aí, das duas uma:
Ou corre atrás do trem que já passou, como um desesperado - torço para que consiga!
Ou fecha os olhos, respira com calma aquele mundaréu de ar e volta-se para si mesmo - verá que o unico caminho seguro é montar o próprio trilho - madeira por madeira, pedra por pedra. E para isso, informação, guideliness, receita, comparação... não basta.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Serena saudade
Talvez seja mais preciso delimitar um domínio através do não-domínio (como já fazia Giordano Bruno, o delineador da Natureza...).
Deste modo, mais um exercício seria avaliar a saudade para delimitar o afeto.
Esta não é como as outras:
não é visceral
não arde
não estimula as glândulas lacrimais
não me aleja
nem impossibilita minha vida...
Esta é serena
Baseia-se numa certeza.
Como assim certeza?
Certeza do afeto?
Isso seria um equívoco.
Afinal, este não é nada concreto, parece que sempre nos pega de soslaio, como se não saísse do corredor da morte.
Então esta serena saudade-avesso do afeto provém de onde?
Dos "filhos" da relação?
Isso tbém seria um equívoco.
Afinal, não os temos. Nossas famílias não se conhecem, não temos compromisso, nem objetivos em comum. Não ocupamos lugar algum na vida do outro.
De onde enfim vem esta serenidade, esta certeza?
Vamos refazer o exercício...
Ora, se estamos serenos, o medo está bem loooonge...
O maior tempero da saudade tvez seja o medo da perda. Por isso a urgência em viver cada nanosegundo junto. Um desespero de sensação de estar perdendo tempo.
A insegurança.
Esta serena saudade não traz medo. E não se trata de falta de afeto.
Não tenho mais medo de me perder.
Deste modo, mais um exercício seria avaliar a saudade para delimitar o afeto.
Esta não é como as outras:
não é visceral
não arde
não estimula as glândulas lacrimais
não me aleja
nem impossibilita minha vida...
Esta é serena
Baseia-se numa certeza.
Como assim certeza?
Certeza do afeto?
Isso seria um equívoco.
Afinal, este não é nada concreto, parece que sempre nos pega de soslaio, como se não saísse do corredor da morte.
Então esta serena saudade-avesso do afeto provém de onde?
Dos "filhos" da relação?
Isso tbém seria um equívoco.
Afinal, não os temos. Nossas famílias não se conhecem, não temos compromisso, nem objetivos em comum. Não ocupamos lugar algum na vida do outro.
De onde enfim vem esta serenidade, esta certeza?
Vamos refazer o exercício...
Ora, se estamos serenos, o medo está bem loooonge...
O maior tempero da saudade tvez seja o medo da perda. Por isso a urgência em viver cada nanosegundo junto. Um desespero de sensação de estar perdendo tempo.
A insegurança.
Esta serena saudade não traz medo. E não se trata de falta de afeto.
Não tenho mais medo de me perder.
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Day After
BOM DIA - John Donne
Espanta-me, em verdade, o que fizemos, tu e eu
Até nos amarmos? Não estaríamos ainda criados,
E, infantilmente, sorvíamos rusticos prazeres?
Ou ressonávamos na cova dos Sete Santos Adormecidos?
Assim era. Salvo este, todos os prazeres são fantasia.
Se alguma vez qualquer beleza eu de facto vi,
desejei e obtive, não foi senão um sonho de ti.
E agora, bom-dia às nossas almas que acordam,
E que, por medo, uma à outra se não contemplam;
Porque Amor todo o amor de outras visões influencia
E transforma um pequeno quarto numa imensidão.
Deixa que os descobridores partam para novos mundos,
E que aos outros os mapa-mundos sobre mundos mostrem.
Tenhamos nós um só, porque cada um possui, e é um mundo.
A minha face nos teus olhos, e a tua nos meus, aparecem,
Que os corações veros e simples nas faces se desenham;
Onde poderemos encontrar dois melhores hemisférios,
Sem o agudo Norte, nem o declinado Oeste?
Só morre o que não foi proporcionalmente misturado,
E se nossos dois amores são um, ou tu e eu nos amamos
Tão igualmente que nenhum abranda, nenhum pode morrer.
Espanta-me, em verdade, o que fizemos, tu e eu
Até nos amarmos? Não estaríamos ainda criados,
E, infantilmente, sorvíamos rusticos prazeres?
Ou ressonávamos na cova dos Sete Santos Adormecidos?
Assim era. Salvo este, todos os prazeres são fantasia.
Se alguma vez qualquer beleza eu de facto vi,
desejei e obtive, não foi senão um sonho de ti.
E agora, bom-dia às nossas almas que acordam,
E que, por medo, uma à outra se não contemplam;
Porque Amor todo o amor de outras visões influencia
E transforma um pequeno quarto numa imensidão.
Deixa que os descobridores partam para novos mundos,
E que aos outros os mapa-mundos sobre mundos mostrem.
Tenhamos nós um só, porque cada um possui, e é um mundo.
A minha face nos teus olhos, e a tua nos meus, aparecem,
Que os corações veros e simples nas faces se desenham;
Onde poderemos encontrar dois melhores hemisférios,
Sem o agudo Norte, nem o declinado Oeste?
Só morre o que não foi proporcionalmente misturado,
E se nossos dois amores são um, ou tu e eu nos amamos
Tão igualmente que nenhum abranda, nenhum pode morrer.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Álibi
Neste fds encontrei amigos psiquiatras queridos. Evidente que o papo acaba caindo em questões polêmicas referentes às nossas especialidades. Comigo as coisas são mais brandas, e só falamos do grato efeito colateral dos colírios antiglaucomatosos - crescimento dos cílios, atualmente uma coqueluche entre as orientais...
Entretanto, na psiquiatria os temas são mais periclitantes. Muito preconceito envolvido - inclusive os meus. E os meus recaem sobre duas doenças: depressão e hiperatividade.
Papo vai... papo vem... estabelecemos conceitos para tentar falar a mesma língua... e continuei com aquela sensação esquisita, de que algo não bate, mas não sei bem o que é.
Dado que o trânsito anda bom nestas férias, e descobri o canto na corrida, pouco tive estímulo para pensar sobre o assunto. Mas eis que hoje, as coisas se esclareceram!
É inato? É doença? É cultural? Não é nada disso?
Tá certo que a alcoolemia elevada em alto estilo (às custas da Veuve Clicquot) foi responsável por grande parte do desentendimento rs.., mas como de hábito, muitas palavras eram ditas e interpretadas com diferentes significados. Deste modo, nesta trilha de pensamento, cabe definir alguns pontos:
1. O que é inato?
- Locke, empirista que pego como modelo, não acredita nas idéias ou no conhecimento inato. Ou seja, nascemos como uma tábula rasa - quadro em branco - e, aos poucos, as sensações que derivam da experimentação do meio externo, vão montando nosso conhecimento
- Descartes, racionalista famoooooso, confia no pensamento como alicerce do conhecimento. A razão independe das sensações ou impressões, portanto, não é nada relativa e não depende do ambiente externo. Já vem dentro de nós. É inata. Lembra um pouco Platão que coloca que, na morte, passamos pelo rio do esquecimento e, ao nascer, pouco a pouco relembramos do que nos foi inato.
Recorrendo aos que já pensaram no assunto, em alto estilo, inato corresponde ao que nasce conosco, independente da interferência do meio externo.
Agora, a confusão: sabemos que existe o DNA que basicamente coordena nossa estrutura. Toda? Parte dela? Bom, não sou uma especialista no assunto, mas aprendi um dia que o DNA é responsável pela "arquitetura" das proteínas. O que vai proteína no nosso corpo, é comandado pelo DNA, inato. O que seria inato no nosso corpo?!?!?! Caminhando mais além, nossas ações provém do nosso corpo - até que ponto seriam inatas? Deste modo,
2. O comportamento é inato?
Para tanto, se estamos lidando com a interferência do ambiente externo, cabe ressaltar as aferências e eferências.
Entendo como aferência tudo que captamos do meio ambiente via órgãos do sentido. Estes, modulados pelo SNC, independente da teoria - consciente, inconsciente, id, ego, superego, whatever...
Eferência, entendo como nossas ações. E um conjunto de ações, comportamento. Cabe dizer, recorrendo aos pensadores, neste caso Aristóteles, uma ação voluntária é resultado de um processo de deliberação/escolha. O que não passa por este processo, é uma ação involuntária ou não voluntária - mas isso é tópico para outro post. Enfim, ao se considerar a ação aristotélica, um conjunto de ações denota um comportamento, e Aristóteles vai além: denota o caráter.
Enfim, o comportamento inato, ao meu ver, é aquele que independe basicamente da aferência. Entretanto, como isolar um indivíduo do ambiente externo? Hoje em dia, impossível!!! Tvez impossível desde sempre!
Deste mato não sai coelho!!!!
Deste modo, qualificar ou classificar ou dar importância ou realçar um comportamento como doença, segundo o inatismo, não é o que me incomoda. Uma doença não é ou deixa de ser de acordo com este fator.
Posto isto entre parênteses, de onde vem meu preconceito ao ter a impressão de que se superestima uma tristeza ou agonia - depressão - ou uma falta de educação - hiperatividade?
Acredito que nos dias de hoje, as atividades são pouco conscientizadas. Ou seja, fazemos muito e refletimos bem pouco. Muitas ações aristotélicas deixam de ser voluntárias e passam a ser involuntárias ou não voluntárias. Por esta trilha, a ação voluntária é aquela que implica na responsabilidade. Ou seja, à partir do momento em que refletimos e procedemos uma escolha, sentimo-nos completamente responsáveis pelas consequências.
Estamos em tempos em que decidimos o caminho numa primeira escolha deliberada, mas nele continuamos no piloto automático. Assim, pouco nos responsabilizamos pelas surpresas que vão surgindo - e como surgem! A "doença", ou melhor, o mal estar, sempre pode bater à nossa porta. Um filho insuportável. Uma angústia insuportável. Uma hiperglicemia. Uma pressão arterial elevada. Uma fotofobia. Uma conjuntivite. Uma gravidez!!!!!
Já que estes mal estares são considerados, nesta vida de piloto automático, um desvio da normalidade que nos permite continuar nesta vida perfeita nos trilhos perfeitos, eles não me pertencem!!!!! Como se o diagnóstico estabelecido fosse um álibi: vamos terceirizar!
Cabe então ao profissional adequado, o tratamento!
Como vejo diabéticos e hipertensos que exigem uma medicação perfeita para que se livrem da doença. Os hábitos continuam como os do piloto automático. Trata-se de não se ver como "anormal". Trata-se de encarar a anormalidade como um ente separado do corpo, um parasita!!! Este parasita é responsável por todos os males. O álibi! A orígem e a responsabilidade por todos os males ou surpresas ou desvios dos trilhos, passa a ser a doença.
Talvez...
... seja tempo de encarar que boa parte destas "surpresas" seja consequência dos atos não deliberados. Da vida em piloto automático. Mas nem por isso deixam de fazer parte do nosso corpo e espírito.
Temos que encarar isto como "Eu". Somos sim responsáveis por nossos atos e corpo. Somos inclusive responsáveis por manter o piloto automático. E infelizmente, enquanto não desvendarmos os caminhos de minhoca do S. Hawking, não dá para voltar atrás.
Entretanto, na psiquiatria os temas são mais periclitantes. Muito preconceito envolvido - inclusive os meus. E os meus recaem sobre duas doenças: depressão e hiperatividade.
Papo vai... papo vem... estabelecemos conceitos para tentar falar a mesma língua... e continuei com aquela sensação esquisita, de que algo não bate, mas não sei bem o que é.
Dado que o trânsito anda bom nestas férias, e descobri o canto na corrida, pouco tive estímulo para pensar sobre o assunto. Mas eis que hoje, as coisas se esclareceram!
É inato? É doença? É cultural? Não é nada disso?
Tá certo que a alcoolemia elevada em alto estilo (às custas da Veuve Clicquot) foi responsável por grande parte do desentendimento rs.., mas como de hábito, muitas palavras eram ditas e interpretadas com diferentes significados. Deste modo, nesta trilha de pensamento, cabe definir alguns pontos:
1. O que é inato?
- Locke, empirista que pego como modelo, não acredita nas idéias ou no conhecimento inato. Ou seja, nascemos como uma tábula rasa - quadro em branco - e, aos poucos, as sensações que derivam da experimentação do meio externo, vão montando nosso conhecimento
- Descartes, racionalista famoooooso, confia no pensamento como alicerce do conhecimento. A razão independe das sensações ou impressões, portanto, não é nada relativa e não depende do ambiente externo. Já vem dentro de nós. É inata. Lembra um pouco Platão que coloca que, na morte, passamos pelo rio do esquecimento e, ao nascer, pouco a pouco relembramos do que nos foi inato.
Recorrendo aos que já pensaram no assunto, em alto estilo, inato corresponde ao que nasce conosco, independente da interferência do meio externo.
Agora, a confusão: sabemos que existe o DNA que basicamente coordena nossa estrutura. Toda? Parte dela? Bom, não sou uma especialista no assunto, mas aprendi um dia que o DNA é responsável pela "arquitetura" das proteínas. O que vai proteína no nosso corpo, é comandado pelo DNA, inato. O que seria inato no nosso corpo?!?!?! Caminhando mais além, nossas ações provém do nosso corpo - até que ponto seriam inatas? Deste modo,
2. O comportamento é inato?
Para tanto, se estamos lidando com a interferência do ambiente externo, cabe ressaltar as aferências e eferências.
Entendo como aferência tudo que captamos do meio ambiente via órgãos do sentido. Estes, modulados pelo SNC, independente da teoria - consciente, inconsciente, id, ego, superego, whatever...
Eferência, entendo como nossas ações. E um conjunto de ações, comportamento. Cabe dizer, recorrendo aos pensadores, neste caso Aristóteles, uma ação voluntária é resultado de um processo de deliberação/escolha. O que não passa por este processo, é uma ação involuntária ou não voluntária - mas isso é tópico para outro post. Enfim, ao se considerar a ação aristotélica, um conjunto de ações denota um comportamento, e Aristóteles vai além: denota o caráter.
Enfim, o comportamento inato, ao meu ver, é aquele que independe basicamente da aferência. Entretanto, como isolar um indivíduo do ambiente externo? Hoje em dia, impossível!!! Tvez impossível desde sempre!
Deste mato não sai coelho!!!!
Deste modo, qualificar ou classificar ou dar importância ou realçar um comportamento como doença, segundo o inatismo, não é o que me incomoda. Uma doença não é ou deixa de ser de acordo com este fator.
Posto isto entre parênteses, de onde vem meu preconceito ao ter a impressão de que se superestima uma tristeza ou agonia - depressão - ou uma falta de educação - hiperatividade?
Acredito que nos dias de hoje, as atividades são pouco conscientizadas. Ou seja, fazemos muito e refletimos bem pouco. Muitas ações aristotélicas deixam de ser voluntárias e passam a ser involuntárias ou não voluntárias. Por esta trilha, a ação voluntária é aquela que implica na responsabilidade. Ou seja, à partir do momento em que refletimos e procedemos uma escolha, sentimo-nos completamente responsáveis pelas consequências.
Estamos em tempos em que decidimos o caminho numa primeira escolha deliberada, mas nele continuamos no piloto automático. Assim, pouco nos responsabilizamos pelas surpresas que vão surgindo - e como surgem! A "doença", ou melhor, o mal estar, sempre pode bater à nossa porta. Um filho insuportável. Uma angústia insuportável. Uma hiperglicemia. Uma pressão arterial elevada. Uma fotofobia. Uma conjuntivite. Uma gravidez!!!!!
Já que estes mal estares são considerados, nesta vida de piloto automático, um desvio da normalidade que nos permite continuar nesta vida perfeita nos trilhos perfeitos, eles não me pertencem!!!!! Como se o diagnóstico estabelecido fosse um álibi: vamos terceirizar!
Cabe então ao profissional adequado, o tratamento!
Como vejo diabéticos e hipertensos que exigem uma medicação perfeita para que se livrem da doença. Os hábitos continuam como os do piloto automático. Trata-se de não se ver como "anormal". Trata-se de encarar a anormalidade como um ente separado do corpo, um parasita!!! Este parasita é responsável por todos os males. O álibi! A orígem e a responsabilidade por todos os males ou surpresas ou desvios dos trilhos, passa a ser a doença.
Talvez...
... seja tempo de encarar que boa parte destas "surpresas" seja consequência dos atos não deliberados. Da vida em piloto automático. Mas nem por isso deixam de fazer parte do nosso corpo e espírito.
Temos que encarar isto como "Eu". Somos sim responsáveis por nossos atos e corpo. Somos inclusive responsáveis por manter o piloto automático. E infelizmente, enquanto não desvendarmos os caminhos de minhoca do S. Hawking, não dá para voltar atrás.
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