sexta-feira, 29 de julho de 2011

White House



Sempre tive tudo.
Uma boa família
Bons colégios
Amigos preciosos

Trabalho com que gosto,
e este nos faz bem.
Tenho até um amor,
outro maior do mundo

Não tenho uma medalha,
uma dor elegante.

Mas carrego uma dor surda
muda e cega
a que não se ousa mencionar
e que por vezes quer me roubar do mundo

Não sei de onde vem
nem para onde quer ir

Não tem para quem gritar
E nem quem a ouça, posto que é muda

Como a da saudade
de alguém que nem vi ou ouvi ou senti

E, por vezes, cutuca
machuca
traiçoeira, arisca,
não a encontro

Procuro...

Capturo, com uma pinça
como a pontada de uma agulha fina
nos pontos com maior terminação dolorosa

fibras finas

dor aguda

de algum modo preciso localizá-la


Acho que é a dor de viver.

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