"ciúme é um complexo de pensamentos, sentimentos e ações que se seguem às ameaças para a existência ou a qualidade de um relacionamento, enquanto estas ameaças são geradas pela percepção de uma real ou potencial atração entre um parceiro e um (talvez imaginário) rival"
White, G. L. (1981)
Cabe salientar 3 aspectos:
1. A qualidade do relacionamento
2. A percepção de um real ou potencial rival - uma suspeita
3. O complexo de pensamentos, sentimentos e ações resultantes.
1. Quando o relacionamento está indo muito bem, o ciumento não consegue nele acreditar. Oras, impossível que os dois se gostem tanto... sempre vai sobrar um espacinho em que o amor não esteja presente (o passado e o futuro são ótimos e constantes exemplos, afinal, estão excluídos do presente!). Aí o próprio sujeito se perde do resto, pois, na identificação com o que ele acreditava ser o objeto do desejo do outro, algo vacila dentro do seu próprio ser.
2. Portanto, é neste espacinho imaginário que aparece esta "percepção". Não passa de uma suspeita, e não importa se o fato é real ou não... Assim que aflora, implica na sua automática repressão. O ciumento sofre tanto com a suspeita quanto com a insistência ridícula em se perturbar com algo absurdo. Um amor sem ciúme talvez fosse sinal de um ciúme bem recalcado pelo sujeito (o que se observa na política familiar e social).
3. Posta a incapacidade da desconstrução da suspeita, segue-se o complexo de pensamentos, sentimentos e ações resultantes. Os pensamentos e sentimentos ficam perdidos nos giros cerebrais. Impossível racionalizá-los, já que partem de uma premissa... inexistente!
Talvez só seja possível identificar e isolar as ações - desde a frigidez (Bentinho) à vingança (Othelo).
Ou...
Um silêncio de algumas horas...
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