segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Trans

Rainy day sings and says
you want me under the duvet
It´s 55 degrees, almost hot
Water spots crash the window
as a widow, I cry for you


Escuto a melodia do vento
atento às gotas que brilham na janela
Faz 18 graus, quase frio
Espio a chuva sob o edredom com
o som do teu pranto tão próximo


2 horas e 5 graus
transoceânicos
2 hours and 9,4 degrees
online inside
Parestésica, sinestésica, sinérgica
Feel like me
Te sinto em mim

sábado, 19 de fevereiro de 2011

(Des)igualdade: verdade

E ele precisava provar uma desigualdade...

Como assim "desigualdade"? Qual "igualdade" temos neste mundo real? Mais ainda, o que garante uma igualdade?

Isso passa a nos perturbar demais quando nos referimos a uma interpretação sobre a dita "realidade", referindo-nos como real, o verdadeiro. Neste caso, a Natureza real é a verdade. E a igualdade segura, beeem distante da temida "ilusão", a verdadeira interpretação da realidade.

Acontece, meu caro, que o instante real é o momento presente. E a interpretação deste, para ser "igual", precisa se referir a tudo que influencia AQUELE instante. No momento em que formulamos a nossa interpretação, o momento passou... mudou... já era.

Instaura-se assim um desconforto. Então, como garantir uma interpretação verdadeira, ou, uma interpretação IGUAL à realidade?

Vamos mudar?

E se partíssemos do pressuposto de que não há uma verdade estática e única? E se partíssemos do pressuposto da própria Natureza que se constrói à partir do acaso, do "erro"? Novos conceitos à partir das mudanças, do acaso, e não da verdade estática.

Novos conceitos

Nova verdade

Desigual

...

Perturba?

Talvez seja esta a intenção. A certeza da desigualdade. A certeza de que estamos falando de uma verdade que já se transformou, o tempo anda...

Deste modo, dá vontade de radicalizar para nos fiar nesta nova "certeza". Nada é aquilo que pensamos ser!

Respira fundo...

calma...

Talvez a solução seja acolher, sem ressalvas ou preconceitos, tudo o que chega

Metabolizar

E suspeitar!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Happy Valentine's Day



Em despedida: proibindo o pranto
A valediction: forbidding morning
John Donne
Trad. Augusto de Campos

Como esses santos homens que se apagam
    Sussurrando aos espíritos: “Que vão…”,
Enquanto alguns dos amigos amargos
    Dizem: “Ainda respira.” E outros: “Não.”


Nos dissolvamos sem fazer ruído.
    Sem tempestades de ais, sem rios de pranto,
Fora profanação nossa ao ouvido
    Dos leigos descerrar todo este encanto.

O terremoto traz terror e morte
    E o que ele faz expõe a toda a gente,
Mas a trepidação do firmamento,
    Embora ainda maior, é inocente.

O amor desses amantes sublunares
    (Cuja alma é só sentidos) não resiste
A ausência, que transforma em singulares
    Os elementos em que ele consiste.

Mas a nós (por uma afeição tão alta,
    Que nem sabemos do que seja feita,
Interassegurado o pensamento)
    Mãos, olhos, lábios não nos fazem falta.

As duas almas, que são uma só,
    Embora eu deva ir, não sofrerão
Um rompimento, mas uma expansão,
    Como ouro reduzido a aéreo pó.

Se são duas, o são similarmente
    Às duas duras pernas do compasso:
Tua alma é a perna fixa, em aparente
    Inércia, mas se move a cada passo

Da outra, e se no centro quieta jaz,
    Quando se distancia aquela, essa
Se inclina atentamente e vai-lhe atrás,
    E se endireita quando ela regressa.

Assim serás para mim que pareço
    Como a outra perna obliquamente andar.
Tua firmeza faz-me, circular,
    Encontrar meu final em meu começo.
 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

La saison des pluies



Te procurei tanto
Como quando se procura
Um sinal de fenda
Na muralha de vidro
Por onde se vê o tempo passar.

Brotam-se as flores do jardim,
Não sinto o aroma
Ou o canto dos pássaros
Ou o cheiro da relva molhada
Ou o barulho dos nossos pés
ao pisar sobre as folhas secas.
A aflição e a ansiedade
Por ver e não viver
Enquanto o tempo passa...

Quero entrar no jardim,
envolver-te com toda a força
dos meus membros, 
os cabelos fechando a cortina,
túnel iluminado pelo fogo no olhar. 
Enchermos-nos de prazer,
fechar o portal
E esconder a chave.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Imagem poética




Poesia = erótica verbal
Erotismo = poesia corporal
Octávio Paz

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

corre noite



Com um aperto no peito que chega a tirar o fôlego, levanto da cama e saio de casa. Rápido, muito rápido. Sinto tua presença na minha sombra que ganha vida com a velocidade dos meus passos.

Envolve minha pele e eriça a penugem na nuca. Posso escutar tua voz rouca ao pé do ouvido. Só percebo a luminosidade da lua tímida entre as nuvens carregadas e o teu semblante nos meus olhos.

Vc me persegue

nas ruas
entre a folhagem das árvores
sob as sombras
no vento entre minhas inspirações...

Pouco a pouco, adentra pelas vias aéreas. Chega aos alvéolos e vai ganhando minha circulação... Percebo dissipar e encravar nas vísceras, membranas, células...

Não te vejo
Não te toco
Mas sombreia meu sol
Teu cheiro obstrui a passagem do olfato
e veste meu corpo que não mais sente o frio...

Persigo meu pensamento, mas, como intruso, me perturba

Corro, muito muito rápido.

Desgovernada.

Desesperada...

Já nem sei mais se me afasto ou me aproximo de ti.