Dia branco, como a noite de Dostoiévski. Nem sol, nem chuva.
Ou, quase sol, quase chuva, quase lua.
Estou no ponto em que a reta faz a curva.
Sensação de gravidade zero, em que a energia potencial é infinita.
Uma saudade que passou de doer, o tesão que transbordou, o músculo que estirou.
A única aparente apatia do branco-nada que mascara a angústia e a violência do embate de todas as cores, humores, paixões e potências de resultante... zero.
Estátua de maremoto
Círculo de Newton.
Aguardo a faísca.
Pascal: "Les hommes sont si nécessairement fous que ce serait être fou par un autre tour de folie de n’être pas fou’. (...) Il faut faire l’histoire de cet autre tour de folie, de cet autre tour par lequel les hommes, dans le geste de raison souveraine qui enferme leur voisin, communiquent et se reconnaissent à travers le langage sans merci de la nonfolie...”
domingo, 28 de novembro de 2010
L'autre tour de la folie
Alguns acham que estou louca. Dizem que não mais me reconhecem. Por educação, eufemismo, dizem "corajosa".
Quem será que inventou que loucura e coragem são semelhantes? Engraçado que tudo me leva a crer que são justamente os que se dizem "normais".
Portanto, quem se acha normal não se sente corajoso ou, não vive situações que dela necessitem no dia a dia. Talvez porque não se arrisque...
Entretanto, quando atuo conscientemente, como resultado de uma escolha deliberada, não sinto que me arrisco. Não tenho dúvidas. Tampouco me sinto corajosa. Trata-se do meu normal.
Parece que a experiência da loucura desenha o contorno do pensamento, da normalidade. Frente a isso, só nos resta excluí-la ou incluí-la:
Ao excluirmos a loucura, nada se acrescenta.
Ao incluí-la, experimentamos o risco. Cheios de medos. Repletos de coragem. E só aumentamos o contorno do pensamento, só inovamos à partir do momento em que aquilo deixa de ser sentido como loucura.
Esse raciocínio circular me mostra como a novidade à beira do abismo (loucura) é importante para mim. E como seria louca ao excluí-la - l'autre tour de la folie.
Quem será que inventou que loucura e coragem são semelhantes? Engraçado que tudo me leva a crer que são justamente os que se dizem "normais".
Portanto, quem se acha normal não se sente corajoso ou, não vive situações que dela necessitem no dia a dia. Talvez porque não se arrisque...
Entretanto, quando atuo conscientemente, como resultado de uma escolha deliberada, não sinto que me arrisco. Não tenho dúvidas. Tampouco me sinto corajosa. Trata-se do meu normal.
Parece que a experiência da loucura desenha o contorno do pensamento, da normalidade. Frente a isso, só nos resta excluí-la ou incluí-la:
Ao excluirmos a loucura, nada se acrescenta.
Ao incluí-la, experimentamos o risco. Cheios de medos. Repletos de coragem. E só aumentamos o contorno do pensamento, só inovamos à partir do momento em que aquilo deixa de ser sentido como loucura.
Esse raciocínio circular me mostra como a novidade à beira do abismo (loucura) é importante para mim. E como seria louca ao excluí-la - l'autre tour de la folie.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
puff
Acho que foi naquela manhã de Agosto. O despertador tocou na hora certa. Abri os olhos... mas onde diabos estava? Conhecia aquela cama, os quadros na parede, a ausência de luminária, a fronha do travesseiro... mas não parecia ser minha casa.
Será que o sonho tinha sido bom demais? Que contraste afinal era aquele?
Eu não me sentia no lugar certo.
Ele me procurava, eu até conhecia o caminho daquele corpo. Era-me familiar. Mas não parecia ser o meu caminho. Interajo pela força do hábito. Funciona. Em preto e branco.
Tomo o meu banho, faço o café, me arrumo para sair. E me despeço...
Não posso olhar nos seus olhos.
Procuro o que olhar e encontro o abismo...
Perdi meu chão.
Um sorriso forçado, um até mais tarde, e uma lágrima solitária no canto dos olhos.
Eu só quero fugir daquele lugar.
Sem chão
Sem cor
Sem sol
Rápido, muito rápido, para alçar vôo
e plainar pelos mastros no ar...
Será que o sonho tinha sido bom demais? Que contraste afinal era aquele?
Eu não me sentia no lugar certo.
Ele me procurava, eu até conhecia o caminho daquele corpo. Era-me familiar. Mas não parecia ser o meu caminho. Interajo pela força do hábito. Funciona. Em preto e branco.
Tomo o meu banho, faço o café, me arrumo para sair. E me despeço...
Não posso olhar nos seus olhos.
Procuro o que olhar e encontro o abismo...
Perdi meu chão.
Um sorriso forçado, um até mais tarde, e uma lágrima solitária no canto dos olhos.
Eu só quero fugir daquele lugar.
Sem chão
Sem cor
Sem sol
Rápido, muito rápido, para alçar vôo
e plainar pelos mastros no ar...
domingo, 14 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
De repente
Como viemos parar aqui?
Perdida numa noite suja, errante, arisca e arredia...
Destemida
Descrente
Atrás de tornados, maremotos,
qualquer força que me recordasse a vida,
e nela retornasse logo após
Longe de amarras
asfixia
ou inquietude
Já nem mais sabia da brisa!
E te encontro
Tens algo manso no olhar
que faz acreditar na leveza
Tão fácil...
Ao teu lado flutuamos à margem
da descrença e do cinismo
até aqui
até o fim raiar...
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