Resolvo enfrentar meu guarda-roupas...
soutien preto, branco, rosa, tomara que caia, frente única
calcinhas de algodão, lycra, fininhas, rendadas
No fundinho da gaveta,
um
....e s
..........p a
..
...........rt i
........l ho
....
............tanguinha
.............cinta-liga
...............meia
7/8
como fiquei tanto tempo sem olhar para ele? Reparo na transparência, nas rendas costuradas com esmero. Feito para seduzir a alma e esquentar o corpo.
Escorrego suas alças por meus braços, sinto o abraço das rendas que velam translucidamente minha tez macia que contrasta com o som tímido do tesão. Tanto tempo abafado...
Cuido dos ganchinhos, um--por--um
Mirando de olhos cerrados para o céu, aspiro a brisa infinita - putz, ela realmente não tem fim! - e o cabelo acaricia as costas. O arrepio gélido desce pela coluna vertebral, segue o trajeto dos ureteres e alcança o baixo ventre, agora quente! Ferve! E escorre úmido, muuuito úmido.
Enfim sem conter a seiva que esquenta e desce pelos membros inferiores, visto a meia 7/8 na ponta dos pés... puxo delicadamente a bordinha rendada de silicone, que desliza na contramão do caminho desenhado pela umidade. A cinta-liga agora é a mais complicada: já nem sei mais onde estou, onde encaixar, a luminosidade já não passa da penumbra.
Deste modo, não há mais como iluminar e seguir o que é certo. Ou quem está certo. Se é vc quem espero por tanto tanto tempo. Se não é ninguém. Se somos ponto de partida para uma nova aventura. Ou mais uma parada. E se foi ponto final?
Com a razão derretida, escorrendo pelas rendas, te recebo
desa
lmado.
Quanto mais vem, mais quero.
Muito mais.
Mais...