segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O universo num grão de areia

É noite cheia de vazios de gente. A forte batida eletrônica ressoa com nosso batimento cardíaco, a luz intermitente mascara os rostos, os corpos suados se tocam como se não estivéssemos ali, é como um sonho... por não ser possível perceber vida além do corpo.

Encontro enfim quem vive e sente a batida forte com o coração. Dança com a alma. Um sorriso cândido de quem nada teme - está em fase de ganhar o mundo! Só não sabe como chegar em mim. Nosso olhar se esbarra, percebo o eletromagnetismo, o rítmo nada aleatório, a dança das equações para uma única resolução... Discretamente ensino o caminho pelo olhar de viés. A sintonia é imediata, os corpos se encaixam, exalamos desejo e inalamos prazer, o oxigênio radiante nos deixa cada vez mais ofegantes.

Salto, escapo, a vida me amedronta! Como de hábito, quero fugir, manter-me entre corpos, depois de tanto tempo de asfixia... Mas volta, empurro-me, algo me enlaça - o encanto no sorriso, no olhar, no pensamento, na fantasia.

E nesta, contida num grão de areia, percebo a imensidão da atmosfera que me embriaga e seduz. Sinto o calor e a maciez dos teus lábios, um arrepio eriça a penugem da minha nuca, um aconchego que me encharca... Voamos com a brisa e atingimos nosso espaço, transcendente, quietude que permite escutar o rítmo cardíaco, sussurros, gemidos, uma sinfonia! Em movimento pendular, harmônico, deslizamos nas nossas seivas até a explosão dos sentidos, na velocidade do prazer! Aí sim presenciamos o infinito, aquele que atingimos ao som de Bach. Tudo num instante. Nada mais que um instante...

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