segunda-feira, 20 de julho de 2015

"Estamos em construção para melhor servir"

Como reaprender a navegar por mares em que quase me afoguei?
Como não cair naquele embate da rotina diária em que
1. alguma bobagem no outro invariavelmente acaba nos irritando: "não deixe o jornal espalhado pela casa!"
2. temos a necessidade inexplicável de ver tudo arrumadinho!! E estamos cansados de arrumar todos os dias - pô, como o cara não percebe?!?!
3. então pedimos, já com ódio pq o cara não percebeu: "será que vc poderia deixar o jornal arrumado depois de lê-lo?"
4. o cara percebe a irritação com que falamos, obedece forçado (mas PRA QUE arrumar o jornal se ela nem vai ler? Ou, qual a diferença de lê-lo na ordem?)
5. se arrumou forçado, sem entender o motivo para fazê-lo, óbvio que depois da 2 ou 3 vez, não mais o fará.
6. aí ela vai ficar com o ódio guardado Até voltar para o número 2
7. agora, ele, de saco cheio, faz que escuta mas nem está aí…

Bom, este é o início. As coisas se repentem de ambos os lados por causa do embate da rotina diária em que alguma bobagem no outro invariavelmente acaba nos irritando.
Dali a pouco, esta indisposição para escutar o outro se espalha por todos os cantos.

Um "aham!" para o que nem registrou
Um "eu sei!" sem saber
Um "tá." sem estar
… um silêncio tenso, repleto de informações e frustrações engolidas pelo travesseiro.

Aí vem a vontade de dormir… para tudo enfiar, cada vez mais, sob os lençóis. Aquilo fica tão "povoado" que não deixa mais espaço para o tesão e o calor gostoso do corpo amado.

E… sabe o que é mais interessante? Tudo, mas tudo, tem a ver com a primeiríssima rusga. Um é organizado e o outro não se importa com a bagunça. Um gosta de sair e o outro de ficar em casa. Um é agilizado e o outro deixa para depois. Um gosta de mandar e o outro faz que obedece.

Neste momento, a ausência não acentua estas diferenças e traz a saudade. Ou, o "cada um no seu canto" faz com que saibamos e respeitemos aquela casa que não é nossa, e esconde a mania do outro. E a saudade aumenta o fogo e abafa a intolerância.

Mas não dá para dizer que a ausência faz bem.



Queremos mais, sempre mais:
Mais perto!
Mais tempo!
Junto! Grudado!
No silêncio, na palavra, no céu estrelado, nos dias de chuva

O caminho…
Não sei!
Talvez seja a disposição para acolher a diferença que o outro traz na nossa vida. E tentar!
Arrumar junto, bagunçar junto, fazer junto, deixar para depois junto..
Perguntar para si mesmo, a cada embate:
- qual a consequência da bagunça?
- qual a consequência do atraso?
- qual a necessidade de sair? Ou de ficar em casa?

é só.. parar para pensar um pouquinho na real necessidade daquele empacamento, para quem vai respingar as consequencias, quem vai pagar por isso, e se isso realmente importa.

Serenidade..
Paciência..
Tolerância..
Acolhimento..
Ternura.

Tudo isso para manter a cama limpa,
Faminta
Sagrada

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