Meu objetivo era terceirizar e especializar o homem. Deste modo, selecionaria o melhor papo para papear, o melhor sexo para transar, o mais príncipe para romantizar, o melhor poeta para poetizar, o melhor cabra para lutar, o mais sociável para sair com os amigos, o mais azedo para azedar… e assim por diante. Quanto mais "especialidades" o cara tivesse, tanto melhor. Quem sabe se tornaria um fixo e daria menos trabalho no momento de requisitar a função. Mas meu problema é gostar de váaaarios ítens, e seria quase impossível encontrar uma versão masculina de mim mesma.
Briguei pacas com o psicólogo, e por um tempo deixamos de nos falar - acho que isso foi uma heresia com relação à psique humana.
Isso ficou na minha cabeça… Qual o mal nisso? Num mundo extremamente terceirizado e individualista, "coisificado", esta seria a chave para a modernidade nos relacionamentos humanos.
Posso dizer que não fui infeliz nesta empreitada. Afinal, meu crescimento e reinvenção sempre dependeram de mim mesma. Leituras, descobertas, ensinamentos, arte… bastavam!
E posso dizer também que, depois do serviço feito, eu tinha uma enorme vontade de que o cara sumisse da minha frente.
MAS… e sempre há um "mas"…
O outro lado da moeda, bem mais singelo e fácil, é aquele com quem não se faz nada.
Quando, sem planejar, sem necessitar, sem ter vontade determinada, ficamos com alguém com quem nada planejamos e nem sentimos falta de coisa nenhuma. E, se temos algo para fazer ou alguém para encontrar, dá até uma preguicinha pq está bom demais ficar sem fazer nada com ele.
O dia, a noite, o fim de semana, a semana, o mês, o ano passa.. e nos perguntamos: mas o que foi que fizemos mesmo? Precisamos parar para lembrar pq, qdo listamos, parece que nem foi nada.
Mas bem sabemos o valor deste nada: fácil, singelo, gostoso, tranquilo, sereno… aconchegante.
...e mais nada
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