Costumava montar meu raciocínio por imagens
Metáforas
Gráficos
Esquemas
Agora, percebo que preciso da escrita. O pensamento se faz na escrita. Depois que leio, nem me reconheço!
O modo pelo qual as pessoas se expressam, reflete o modo pelo qual entendem e interpretam determinado fato ou tópico. E o que cada um capta para montar sua cadeia interpretativa, depende, por mais imparcial que seja, do afeto. Até filósofos da linguagem, como Frege, Russell, esquisitos de tão exatos, como percebe-se em "logicomix", escorregam no afeto em algum detalhe.
Como neste incidente da boate em santa maria. Todos doidinhos para responsabilizar a casa. Mas um incidente desses envolve mais
O recinto era próprio ou alugado?
A quem se destina o seguro?
O seguro abrange vidas, ou só o estabelecimento?
E o show pirotécnico? Estava no contrato? Responsabiliza-se quem idealizou a concepção do show?
Houve falha no sinalizador, tipo, foi mal fabricado a ponto de deixar escapar uma faísca?
Parece até uma heresia falar disso tudo, e da grana que o dono receberá do seguro, dado que ele foi o principal responsável pela morte de mais de 200 pessoas, a maioria entre 16 e 20 anos.
Mas são ítens que não deixam de existir. Escolhe-se carregar de afeto quaisquer destes ítens.
Bom, mas este redemoinho todo para quê?
Para tentar entender como é possível contar um fato de inúmeros modos. Tantos que por vezes desconfiamos que se trate realmente de um único fato. E isto posto, é a melhor chave para a tolerância e o entendimento. O que nos parece absurdo, pode ser perfeitamente lógico para o outro. Como Dr. Shultz de Django - sensacional!!!
Perdoar e ficar zen com a filhadaputagem de outro, não é legítimo SE esta chave não estiver posta.
Fica forçado.
Artificial.
Sem afeto.
Ilegítimo.
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