sexta-feira, 8 de abril de 2011

Caminhos da medicina

Hoje estava no hospital, conversando com um amigo radiologista. Como as coisas podem mudar em tão pouco tempo? Quando acabamos a graduação, a radiologia era uma das especialidades mais procuradas, profissão do futuro mesmo!

Pretensão achar que o futuro segue nossa tendência...

Foi chamado para trabalhar num grande serviço de diagnósticos laboratoriais e de imagem. Seu discurso quanto a exercer uma boa medicina foi imediatamente cortado: "Não estamos interessados em trabalhar com bons médicos. As pesquisas e os dados estatísticos mostram que 85% dos exames realizados, são normais. Portanto, mesmo se alguma alteração não for detectada, ainda acertamos em 85%. Você está aqui para cuidar desses 15% que não são normais".

Afinal, que conta é essa?

Que diabo de crença em dados estatísticos é esta que nos faz sossegar com uma porcentagem de 85% de acerto? De que isso vale se o resultado não corresponde à saúde ou doença do paciente?

Só com isso, a cabeça já dá nó.

Entretanto... Talvez o terreno movediço ainda esteja mais embaixo.

Como pode um exame auxiliar, supostamente solicitado quando o indivíduo está doente, estar normal na maioria das vezes?
Ou o paciente não está doente
Ou o exame não foi solicitado por um motivo justo.

E, por outro lado, como podem os médicos e os próprios pacientes exigirem tantos exames e neles confiarem mais do que aos próprios sinais e sintomas físicos? O viés não é só da informação ou da interpretação sobre a informação, mas do próprio modo como a informação foi obtida.

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Como se pode acreditar mais na explicação do fato do que no próprio fato?

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???

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