sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Experiência parresiasta

                                                    
A parresia é dizer a verdade: singela, por ser generosa; modesta, por não se deixar seduzir pela lisonja; e no momento oportuno.

Desde pequeninos aprendemos a estar onde nos é devido estar: 
 - dia de semana na escola, 
 - fim de semana na casa dos avós 
Vez ou outra os pais combinam quando ir ou receber o amigo em casa. 

 Mudamos de escola, de ambiente, e tuuudo de novo para formar novos amigos. 
Vez ou outra, combinamos quando encontrar o amigo, que por vezes se perde no tempo, dados outros tantos lugares que acumulamos como necessários. 

 E, o processo de se formar amigos acaba sendo o mesmo: 
 - observamos os gostos 
 - aprofundamo-nos nessas aberturas 
 - afinamos as afinidades, os programas, as aventuras 
 - construimos memórias juntos, como um filme bem vivido 

 E a vida, cheia de necessidades e utilidades, vai se preenchendo... 
  a demanda vai aumentando 
    o tempo livre vai diminuindo 
      a lista de prioridades vai ficando cada vez mais complexa de se organizar (os segundos passam a ser fundamentais!)

   

 E eis que, de repente, uma notícia nos abala a ponto de chacoalhar toooooda essa lista bem organizada, elaborada como um castelo de cartas numa embarcação flutuante. Que diacho de lista de prioridades é esta que não estava o tempo para ver um grande amigo? 
(Bom, e quem disse que eu era uma grande amiga?)

 O que é essa tal amizade? 
 Demanda um esforço construtivo? 
 Encontros frequentes? 
 Precisa de motivo: aniversário, Natal, olho machucado...? 

 Depois de muitos encontros e alguns desencontros, percebo que talvez a amizade esteja nesta "philia" ou neste afeto despretencioso, que surge com algumas pessoas (que acabamos de conhecer ou que conhecemos no século passado), e que imediatamente nos traz de volta para casa. Complicado fica quando entramos na engrenagem da utilidade, no piloto automático da lista de prioridades que fizemos no século passado, e fechamos as portas para o maior dos Bens inesperados: a aventura que é uma grande amizade.

Valeu, meu caro! Valeu a sinceridade, a humildade, o papo, 
... a experiência parresiasta.

Que venham outras!!!