Dia desses, minha filha de 13 anos estava em crise. Não conseguia se acertar com nenhuma das meninas do grupo. Havíamos lido uma crônica juntas em que tiramos um ensinamento: para começar um papo decente, há que se encontrar um ponto em comum, qualquer que seja!
- O problema, mãe, é que não encontro nenhum ponto em comum com elas! Elas só falam de roupas, marcas, maquiagem… e eu não tenho o menor interesse nisso!!! Elas julgam as meninas pelo modo que combinam as roupas ou pela grife, e eu não consigo achar isso importante!!!
É…
Bem…
Seria muito fácil elogiar minha filha e ficar satisfeita com os valores que estamos conseguindo passar, e dizer:
- Elas realmente não valem nada! Amizade assim não vale a pena mesmo!
É…
Bem…
Mas talvez não seja por aí. É muito mais fácil caminhar com os semelhantes, mas a tolerância tbém é um aprendizado. A tolerância nos permite uma vida muito mais rica, por sempre encontrar coisas boas (semelhantes) no outro.
- Pô, mãe, mas aí vou ser uma falsa!!!
Esse é o risco mesmo, ser taxada de falsa. Eu me lembro no meu ano de caloura, que eu transitava por todas as tribos: patricinhas, mauricinhos, esportistas, nerds, japas, judeus, tudo mesmo. As pessoas são legais sim! E num belo dia, entrei numa puta crise pq um boato chegou aos meus ouvidos: "aquela… aquela anda com todo mundo!!!" Um discreto "falsa". Como se fosse sinônimo de autenticidade andar com determinadas pessoas e ser totalmente refratária às outras. Talvez por isso nunca tenha comemorado um aniversário - eu nunca soube como acomodar tanta gente diferente num mesmo ambiente…
Mas depois de tanto ouvir e insistir na tolerância, acabei encontrando nela uma arte. Sou o que sou, todos os diferentes me reconhecem como mesmo e outra. Individualidade respeitada por respeitar a diferença do outro, rir disso tudo, pq a essência mesmo é o que vale. A empatia das essências.
E isso vale muuuuuuuito a pena!!!!!