Pascal: "Les hommes sont si nécessairement fous que ce serait être fou par un autre tour de folie de n’être pas fou’. (...) Il faut faire l’histoire de cet autre tour de folie, de cet autre tour par lequel les hommes, dans le geste de raison souveraine qui enferme leur voisin, communiquent et se reconnaissent à travers le langage sans merci de la nonfolie...”
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
A linha
Giordano Bruno se auto-denominava um "delineador da natureza". Sim, é através da linha determinada entre a não forma e a forma que definimos o objeto.
A linha forma
Adoramos perceber esta definição. Viciamos. E transpomos para tudo, inclusive para nossas ações e relações.
Assim, estabelecemos os limites. A nossa linha de auto-preservação
- não acordo em cama alheia
- não escovo os dentes na casa dos outros
- não tomo café da manhã na mesa alheia
- não cuido de filho dos outros
- não me aproximo dos olhos dos outros a uma distância menor que a lâmpada de fenda
- não digo determinadas palavras nem sob torpor
- não pulo do abismo
- não pulo o muro
Mas eis que… por vezes… justamente ao estabelecer o contorno das nossas ações é que nos permitimos extravasar, escapar
E aquela linha extremamente bem delineada começa a embaçar, a esfumaçar, a se tornar um borrão
Mas e agora, José? Já nem sei mais até onde sou, onde começa a ser, o que é meu, o que não é… Uma mistura de eu-vc-nós, que encanta e assombra.
Aí…
Aí…
Vou buscar meus óculos láaaaaa no fundo da alma. Aqueles com as lentes da ternura e do bem-querer. do amparo, do aconchego, do acolhimento.
É nessa bagunça que defino o que nos faz bem:
- dormir juntinho
- cuidar dos queridos
- olho bem dentro dos teus olhos
- repetir e repetir e repetir sempre as mesmas palavras
- café ou não da manhã, mas sempre juntos
- um mergulho no abismo do desconhecido
E é isso aí. Se nos faz bem, tá mais que certo!!!
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