Pascal: "Les hommes sont si nécessairement fous que ce serait être fou par un autre tour de folie de n’être pas fou’. (...) Il faut faire l’histoire de cet autre tour de folie, de cet autre tour par lequel les hommes, dans le geste de raison souveraine qui enferme leur voisin, communiquent et se reconnaissent à travers le langage sans merci de la nonfolie...”
domingo, 28 de agosto de 2011
Cadê você?
O mundo gira louco
pouco sinto o tempo
O vento me atira para longe
e te esconde de mim
Meu grito mudo te chama
Acha que ouve mas não escuta
Procuro nosso tempo
Não encontro o lugar
Nele me procuro
Eu estava lá, sei que estava
Mas o vento me atira para longe
E a tempestade te esconde
Giro, louca,
pouco resta de mim
domingo, 21 de agosto de 2011
Trap
Já estamos cansados de ouvir que o amor acontece, aparece quando menos se espera, nos pega de surpresa, e tantos outros...
Por que será?
Quem está à procura, inevitavelmente lista uma série de características favoráveis e desfavoráveis. Ah, inteligente, sensível, motorizado, casa própria, emprego estável, sem vícios, que goste de crianças, poeta, que toca algum instrumento, companheiro de supermercado e de compras... Como qualquer coisa que procuramos:
- apartamento de 2 quartos, garagem, rua tranquila
- ou um caderninho de capa resistente, folhas destacáveis, levinho.
- guarda-chuva que só aparece quando chove...
Pode ser João, José, Mário (...?), edifício solar, cancun, riviera, caderninho marrom ou vermelho...
Tanto faz, contanto que tenha o maior número de características procuradas.
Qualquer desvio torna-se um defeito. Dá até medo de conhecer melhor...
Mas quando não estamos procurando, não há lista pré-formada. Há afinidades, claro. Mas é o encanto que nos abduz.
Cada surpresa aumenta a lista de características que nem sabíamos que estávamos procurando.
Qualquer desvio torna-se mais uma qualidade. Dá vontade de conhecer cada vez mais.
O olhar intencional, focado, objetivo, mais uma vez é o que nos cega e nos faz perder o que há de melhor.
Foi assim que fugi!
E foi na penumbra, terra de ninguém e do avesso que então me encontrou.
Por que será?
Quem está à procura, inevitavelmente lista uma série de características favoráveis e desfavoráveis. Ah, inteligente, sensível, motorizado, casa própria, emprego estável, sem vícios, que goste de crianças, poeta, que toca algum instrumento, companheiro de supermercado e de compras... Como qualquer coisa que procuramos:
- apartamento de 2 quartos, garagem, rua tranquila
- ou um caderninho de capa resistente, folhas destacáveis, levinho.
- guarda-chuva que só aparece quando chove...
Pode ser João, José, Mário (...?), edifício solar, cancun, riviera, caderninho marrom ou vermelho...
Tanto faz, contanto que tenha o maior número de características procuradas.
Qualquer desvio torna-se um defeito. Dá até medo de conhecer melhor...
Mas quando não estamos procurando, não há lista pré-formada. Há afinidades, claro. Mas é o encanto que nos abduz.
Cada surpresa aumenta a lista de características que nem sabíamos que estávamos procurando.
Qualquer desvio torna-se mais uma qualidade. Dá vontade de conhecer cada vez mais.
O olhar intencional, focado, objetivo, mais uma vez é o que nos cega e nos faz perder o que há de melhor.
Foi assim que fugi!
E foi na penumbra, terra de ninguém e do avesso que então me encontrou.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Ampulheta
Não há situação mais delicada do que informar ao paciente sobre uma doença grave. Ou, de um jeito genérico, conscientizar-se de que tudo que começa tem um fim.
Fases.
O tempo é implacável e nos lembra de que TUDO passa.
Por vezes, a reação é surpreendente. Meu avô vivia especulando sobre como seria seu fim: "como nunca fiquei doente, acho que sou muito fraquinho para aguentar uma gripe! Acho que qualquer resfriado me leva..." Até que ficou todo amarelinho e foi descoberto um câncer no pâncreas. Todos entraram em desespero, menos ele que me disse ao pé do ouvido: "Diga a eles que está tuuudo bem!" Relaxou. Já sabia, pelo menos, como iria. E ainda tinha uma vaga noção de quando terminaria.
Conheci outra senhora. Um século de vida! Lúcida de dar dó. Estava com um quadro agudo e necessitava de uma cirurgia com urgência. Pedimos uma avaliação clínica para nos certificar de que as condições clínicas permitiriam o procedimento. Os olhos dela brilharam: "Doutor, isso quer dizer que posso morrer durante a cirurgia? WOW!!!!!" Pronto. Tava decidido. Relaxou. Mas por pouco tempo - a cirurgia foi muito bem, ou seja, ela continuou viva e muito bem viva.
Mas na maioria das vezes, é bom demais viver! Quando colocam uma ampulheta ou uma contagem regressiva de soslaio, ou um "agente funerário" como do filminho abaixo, vem aquelas fases famoooosas (de tempo e identificação variável):
Negação
Raiva/ revolta
Negociação
Depressão
Aceitação
Acho que a confusão que se instaura no filme acima vem justamente do desespero frente à incerteza à flor da pele. Desespero/medo que permeia as fases supracitadas.
Entretanto...
Lembrar
1. O fim é certo.
2. Quando ou como acaba, é incerto.
3. Assim, a incerteza também é certa ou, inegável
4. Incerteza é incerteza.
Ou seja... pode-se ter uma doença grave e morrer atropelado no dia seguinte. Pode-se lamentar a distância do ente querido e, no dia seguinte, receber uma proposta de trabalho justamente para onde ele partiu.
Essa incerteza é a que nos pega. Mas, se for parar para pensar, é justamente ela que nos salva!
É só não meter os pés pelas mãos e antecipar o fim ou, a certeza.
Fases.
O tempo é implacável e nos lembra de que TUDO passa.
Por vezes, a reação é surpreendente. Meu avô vivia especulando sobre como seria seu fim: "como nunca fiquei doente, acho que sou muito fraquinho para aguentar uma gripe! Acho que qualquer resfriado me leva..." Até que ficou todo amarelinho e foi descoberto um câncer no pâncreas. Todos entraram em desespero, menos ele que me disse ao pé do ouvido: "Diga a eles que está tuuudo bem!" Relaxou. Já sabia, pelo menos, como iria. E ainda tinha uma vaga noção de quando terminaria.
Conheci outra senhora. Um século de vida! Lúcida de dar dó. Estava com um quadro agudo e necessitava de uma cirurgia com urgência. Pedimos uma avaliação clínica para nos certificar de que as condições clínicas permitiriam o procedimento. Os olhos dela brilharam: "Doutor, isso quer dizer que posso morrer durante a cirurgia? WOW!!!!!" Pronto. Tava decidido. Relaxou. Mas por pouco tempo - a cirurgia foi muito bem, ou seja, ela continuou viva e muito bem viva.
Mas na maioria das vezes, é bom demais viver! Quando colocam uma ampulheta ou uma contagem regressiva de soslaio, ou um "agente funerário" como do filminho abaixo, vem aquelas fases famoooosas (de tempo e identificação variável):
Negação
Raiva/ revolta
Negociação
Depressão
Aceitação
The Backwater Gospel from The Animation Workshop on Vimeo.
Acho que a confusão que se instaura no filme acima vem justamente do desespero frente à incerteza à flor da pele. Desespero/medo que permeia as fases supracitadas.
Entretanto...
Lembrar
1. O fim é certo.
2. Quando ou como acaba, é incerto.
3. Assim, a incerteza também é certa ou, inegável
4. Incerteza é incerteza.
Ou seja... pode-se ter uma doença grave e morrer atropelado no dia seguinte. Pode-se lamentar a distância do ente querido e, no dia seguinte, receber uma proposta de trabalho justamente para onde ele partiu.
Essa incerteza é a que nos pega. Mas, se for parar para pensar, é justamente ela que nos salva!
É só não meter os pés pelas mãos e antecipar o fim ou, a certeza.
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