sexta-feira, 3 de junho de 2011

Fincar o presente

Stop all the clocks, cut off the telephone.
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.


Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message  He  is  Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.


He was my North, my South, my East and West
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.


The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.
W. H. Auden - Funeral Blues


O mundo acabando,
podem ficar tranquilos.
Acaba voltando
tudo aquilo.


Reconstruam tudo
segundo a planta dos meus versos.
Vento, eu disse como.
Nuvem, eu disse quando.
Sol, casa. rua,
reinos, ruínas, anos,
disse como éramos.


Amor, eu disse como.
E como era mesmo?
P. Leminski - Segundo Consta

A única certeza que temos é que todos morrem. Ninguém escapa. Será que é por isso que fica tão difícil pensar no fim?
É como uma sombra, assombra qualquer momento.
Não conseguimos ignorá-lo
Escondê-lo
Desviar...

Não há como justapor o presente existente e o futuro fim. Por que insistimos nisso?
O contraste entre o presente (vivo e intenso), e o fim, é abrupto. A dor, infundada e inevitável, é arrebatadora. Funeral Blues.


É preciso fincar o presente. Afinal, o passado perde a importância por conta do esquecimento e o preenchimento das lacunas com falsas suposições. E o futuro... jogamos com as probabilidades, e isso (nas ciências da vida) diverge muito do real, por maior e mais exata que seja a aproximação. Também perde a importância.

O medo, a raiva, a ansiedade, é que transformam passado e futuro em importância e conteúdo.

O fim está posto. Que saia das sombras e se localize em suas devidas coordenadas. Aquelas que chegam depois de tudo... no fim. Ponto que torna Tudo, passado.

E o passado - como era mesmo?

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