quarta-feira, 22 de junho de 2011

Um amor assim tão delicado


"Pois a mesma prova também nós utilizaremos a respeito do Amor, de que ele é delicado. Não é com efeito sobre a terra que ele anda, nem sobre cabeças, que não são lá tão moles, mas no que há de mais brando entre os seres é onde ele anda e resite. Nos costumes, nas almas de deuses e de homens ele fez sua morada, e ainda, não indistintamente em todas as almas, mas da que encontre com um costume rude ele se afasta, e na que o tenha delicado ele habita."

Platão, "O Banquete"

... e com delicadeza, aprendo a cuidá-lo

domingo, 12 de junho de 2011

Cheek to cheek



De onde veio, não sei
Para onde vou, muito menos

Enfim deixo-me levar...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Desvio, desvario, caminho sem volta

Agora corre nas minhas veias,
nas minh'ocas pensantes,
aquece minhas vísceras
e esvaio-me pelas pernas.

Como aquela peça do quebra-cabeças de cor e desenho diverso que encaixa direitinho ao meu lado, desliza que nem percebo, e compõe meu lar

Nos meus sonhos, são teus os (a)braços dos deuses
meu tempo mais vibrante é o teu
teu semblante, a mais nítida e constante imagem


E a tua ausência... nem imagino!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Fincar o presente

Stop all the clocks, cut off the telephone.
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.


Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message  He  is  Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.


He was my North, my South, my East and West
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.


The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.
W. H. Auden - Funeral Blues


O mundo acabando,
podem ficar tranquilos.
Acaba voltando
tudo aquilo.


Reconstruam tudo
segundo a planta dos meus versos.
Vento, eu disse como.
Nuvem, eu disse quando.
Sol, casa. rua,
reinos, ruínas, anos,
disse como éramos.


Amor, eu disse como.
E como era mesmo?
P. Leminski - Segundo Consta

A única certeza que temos é que todos morrem. Ninguém escapa. Será que é por isso que fica tão difícil pensar no fim?
É como uma sombra, assombra qualquer momento.
Não conseguimos ignorá-lo
Escondê-lo
Desviar...

Não há como justapor o presente existente e o futuro fim. Por que insistimos nisso?
O contraste entre o presente (vivo e intenso), e o fim, é abrupto. A dor, infundada e inevitável, é arrebatadora. Funeral Blues.


É preciso fincar o presente. Afinal, o passado perde a importância por conta do esquecimento e o preenchimento das lacunas com falsas suposições. E o futuro... jogamos com as probabilidades, e isso (nas ciências da vida) diverge muito do real, por maior e mais exata que seja a aproximação. Também perde a importância.

O medo, a raiva, a ansiedade, é que transformam passado e futuro em importância e conteúdo.

O fim está posto. Que saia das sombras e se localize em suas devidas coordenadas. Aquelas que chegam depois de tudo... no fim. Ponto que torna Tudo, passado.

E o passado - como era mesmo?